Cap. 15

Ao chegarem no corredor  Rafaela se virou para ir embora tentando evitar Nicolas.

_ Por que você está fugindo, Rafa? Ele perguntou fazendo Rafaela parar.

Ela respirou fundo, finalmente virando-se para encará-lo.

_Não estou fugindo, Nicolas. Só não vejo por que ficar aqui mais tempo do que o necessário.

Ele inclinou a cabeça, analisando-a como sempre fazia, com aquele olhar penetrante que a deixava inquieta.

_É isso que você acha? Que está tudo resolvido? Que o que aconteceu entre nós não significa mais nada?

Rafaela sentiu um nó na garganta, mas se obrigou a manter a postura.

_ O que aconteceu... já se passaram tantos anos. Não sei o que você esperava ouvir…

Ele deu um passo à frente, aproximando-se dela.

_Você realmente acredita nisso? Porque, para mim, tudo o que sinto agora só me prova que nada mudou.

Rafaela sentiu o coração disparar, mas antes que pudesse responder, a porta do elevador se abriu, e alguém desceu interrompendo a.conversa.

_ Desci no andar errado. Disse a pessoa voltando para o interior do elevador

_ Adeus, Nicolas. Foi bom rever você. Rafaela se despediu aproveitando a distração, deixando Nicolas completamente sem reação vendo ela entrar apressadamente no seu apartamento.

Rafaela fechou a porta do apartamento atrás de si com força, como se isso pudesse também fechar a confusão que Nicolas havia provocado em sua mente. Mas nada parecia funcionar. Sua respiração ainda estava rápida, e o coração continuava batendo descompassado.

A noite, quando Nicolas foi dormir, ele estava inquieto, passando horas se revirando na cama. A imagem de Rafaela não saía de sua mente: o olhar firme que ela lhe lançou quando estava indo embora, o tom decidido de sua voz ao dizer que talvez era melhor ele não começar a falar sobre o passado e até mesmo a forma como desviava o olhar quando tentava esconder algo. Ele conhecia Rafaela o suficiente para saber que ela ainda sentia algo. Podia negar com palavras, mas seu olhar contava outra história.

"Por que eu deixei ela ir assim?" Ele se perguntava, encarando o teto do quarto escuro. Cada vez que fechava os olhos, a lembrança dela tomava conta de seus pensamentos. Aquela Rafaela ainda era a garota que ele conheceu: determinada, cheia de energia, e com aquela luz única que parecia iluminar tudo ao redor.

No manhã seguinte, cansado de lutar contra os próprios pensamentos, Nicolas sentou-se na cama. O seu relógio marcava 6 h17 da manhã. Ele sabia que era loucura, que deveria esperar, e que talvez não fosse o momento certo. Mas ele ja6 tinha esperado demais, e o vazio que sentia desde que Rafaela deixou ele sozinho no corredor parecia impossível de suportar.

"Vou apenas esclarecer as coisas"... Pensou, mas sabia que não era só isso. Ele precisava vê-la, dizer tudo o que ficou para trás.

Sem pensar muito, vestiu uma jaqueta antes de ir em direcao ao apartamento dela. Ao abrir a porta, viu Rafaela dentro do elevador , vendo as portas se fecharem lentamente.

Nicolas ficou parado no corredor por alguns segundos, tentando processar o que havia acabado de acontecer. Ver Rafaela no elevador, tão cedo, claramente inquieta, só confirmava o que ele já suspeitava: ela estava tão afetada quanto ele por aquele reencontro.

Sem hesitar, ele apertou o botão do elevador novamente, mas o tempo parecia conspirar contra ele.

_Droga! Disse irritado ao perceber que o outro elevador estava subindo enquanto o de Rafaela descia. Ele decidiu correr pelas escadas, descendo os degraus dois a dois.

Quando chegou ao térreo, olhou ao redor, procurando por qualquer sinal dela, mas não a viu.

Rafaela assim como Nicolas passou a noite em claro . Tentando evitar um novo encontro ela decidiu sair. Não sabia exatamente para onde ir, mas seus passos a levaram direto para o apartamento de Ava.

Depois de tocar a campainha algumas vezes, a porta se abriu lentamente, revelando uma Ava com o cabelo bagunçado e os olhos inchados de tanto dormir.

_Rafa? Ava estava surpresa com a chegada da amiga. _O que você tá fazendo aqui? São sete e pouca da manhã! Perguntou depois de olhar as horas.

_Me deixa entrar... Pediu Rafaela, passando pela amiga antes que ela pudesse protestar.

Ava fechou a porta e seguiu Rafaela até a sala, jogando-se no sofá.

_ Está bem, agora fala o que aconteceu, e é melhor valer a pena, porque eu ainda estava sonhando com o Chris Hemsworth quando você chegou... Oh homem...

Rafaela soltou um riso nervoso, mas logo balançou a cabeça.

_Eu vi o Nick...

Ava arregalou os olhos, o sono desaparecendo instantaneamente.

_O quê? Onde?

_No edifício onde eu moro... Lembra da Francesca? Ele é neto dela...

_Francesca? A sua vizinha? Ava piscou, incrédula. _Espera... como isso é possível?

_ Eu não sei.... Rafaela começou a andar de um lado para o outro. _Ontem eu levei flores para ela, e não imagina a surpresa que eu senti quando ele abriu a porta.

_ E ai, ele te reconheceu? O que ele disse.

_ Sim, ele me reconheceu... ele disse algumas coisas... que eu mudei, que nada mudou, que ainda sente algo... Contava Rafaela.

_E o que você disse?

_Para falar a verdade eu não me lembro bem o qje disse, Ava... Eu não sei o que ele espera de mim depois de tanto tempo.

Ava a observava atentamente, curiosa e preocupada ao mesmo tempo.

_E o que você está esperando, Rafa? Porque, honestamente, você não parece ter superado totalmente o que aconteceu.

_Eu não posso simplesmente reviver tudo isso... Não depois do tempo que me custou para seguir em frente... e só de trocar algumas palavras com o Nick, eu não dormir essa noite... e quando eu estava saindo de casa, eu o vi outra vez, acho que ele estava indo me procurar.

_ Mulher volta para casa, vocês precisam conversar...

_ Não, eu não sei se estou preparada... hoje eu vou passar o dia com você. Disse Rafaela abraçando uma almofada no sofá.

_ So me faltava essa! Disse Ava se sentando ao lado dela, mas nao forçaria Rafaela a falar com Nicolas, ela precisava de tempo.

Nicolas ficou na varanda do apartamento da avó por alguns minutos, na expectativa de ver Rafaela voltar, mas logo a sua expectativa lentamente se desfez. O tempo passou, e ficou claro que ela não voltaria tão cedo.

Sua mente trabalhava a mil, tentando encontrar uma forma de conversar com Rafaela sem deixá-la escapar novamente. A lembrança dela no corredor, tentando manter a pose firme, mas com o olhar repleto de emoções, fazia seu coração acelerar. Nicolas sabia que ela estava fugindo, mas agora seria diferente. Ele não deixaria aquela conversa inacabada.

Uma ideia começou a se formar em sua mente, uma estratégia que garantiria que Rafaela não tivesse para onde correr.

Francesca, sentada à mesa, observava o neto com curiosidade.

_Você tá muito pensativo, bambino. O que tá tramando?

Nicolas comecou a sorriu, aquele sorriso determinado que sempre aparecia quando ele tinha certeza de algo.

_Nada demais, vó. Só pensando em trabalho.

_ Mas você não disse que vai largar o trabalho?

_ Vou... mas tenho alguns compromissos antes... Nicolas aproveitou para pegar o celular e abrir o calendário de eventos da empresa onde trabalhava. Logo haveria um evento importante, e ele sabia exatamente quem queria contratar para cuidar dele. _ Rafaela... Ava... eventos...

Nicolas Digitou as palavras chaves no campo de buscas encontrando em segundos o site da empresa de evento de Rafaela e Ava. Com mais alguns cliques, ele conseguiu o número de contato. Salvou-o e colocou o celular sobre a mesa.

_Quero ver ela fugir de mim agora. Falava consigo mesmo, com um plano em mente.

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