Ele se inclinou novamente, com o mesmo tom de voz calmo e envolvente, e sussurrou:
— Apenas aceite sua nova realidade, Ellie... será muito mais fácil para você. — Khaos deixou suas mãos se enroscarem nos cabelos dela com uma suavidade inquietante. — Aceite sua nova casa, seu novo corpo... e o seu mestre.
Um arrepio percorreu o corpo de Ellie. O toque de Khaos era delicado, mas suas palavras eram como lâminas, cortando profundamente suas esperanças. Ela não conseguia evitar as lágrimas que desciam silenciosamente pelo rosto, cada uma carregada de dor e desespero.
— Não se preocupe, Ellie — ele continuou, com uma voz venenosa e ao mesmo tempo sedutora. — Eu sei ser bom. — Ele deu uma pausa, como se quisesse saborear a reação dela antes de continuar. — Não estou dizendo que sou o irmão gemeo bonzinho, eu também sou cruel, mas só com quem merece. Sei ser bom com aqueles que são bons para mim.
Ele então segurou o rosto de Ellie com uma falsa ternura, aproximando-se tanto que seus rostos ficaram a poucos centímetros de distância, suas respirações se misturando. Ellie tremia, não apenas de medo, mas de desgosto. As lágrimas escorriam mais rápido, e seus lábios quase roçaram os de Khaos. O que ele estava sugerindo era claro, e o choque disso a atingiu em cheio.
— Você pode ser minha... e não necessariamente minha prisioneira. — A voz de Khaos foi um convite distorcido, carregado de intenções sombrias. Ele se afastou lentamente, deixando Ellie em choque, o corpo paralisado pela sugestão velada.
Khaos levantou-se, deixando sua sombra ameaçadora pairar sobre ela por um momento, antes de virar-se e caminhar para longe.
— Pense nisso, Ellie... — Ele disse por fim, antes de deixá-la sozinha, envolta em um turbilhão de pensamentos sombrios e conflitantes.
Ellie permaneceu imóvel, o silêncio do pântano a cercando. A luta interna entre sua vontade de resistir e o peso esmagador das palavras de Khaos era uma batalha feroz dentro de sua mente. Ela sabia que, de alguma forma, precisaria encontrar forças para escapar daquele pesadelo.
Ellie respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções que a consumia. O medo e o desespero se entrelaçavam com uma pequena faísca de esperança, mas ela sabia que, se quisesse sair daquela situação, precisaria ser astuta. Seus olhos vagaram em direção à água, onde seu reflexo parecia uma versão distorcida de quem ela costumava ser. A jovem forte e determinada ainda existia dentro dela, mas estava sufocada pelo peso da prisão e pelas palavras de Khaos.
Ela pensou desesperadamente em uma saída. "Será que havia alguma forma de escapar daquele lugar?" Ou talvez, se não pudesse fugir, ela poderia convencê-lo a libertá-la de outra maneira. A ideia de citar sua família passou por sua mente. Talvez ela pudesse apelar para um lado mais humano em Khaos — se é que ele tinha um.
Ellie ponderou falar sobre sua família com ele, lembrando-o de que eles deviam estar sentindo sua falta, assim como ela sentia a deles. "E se Khaos tivesse uma história a ser contada?" Se ela prometesse levar a verdade sobre ele ao mundo, talvez isso o fizesse reconsiderar mantê-la ali. Talvez pudesse haver um acordo que ambos pudessem aceitar, algo que não a condenasse a ser prisioneira... ou, pior ainda, a pretendente que ele desejava.
O pântano estava quieto, mas a dor das marcas deixadas pelos tentáculos de Khaos em seu corpo era um lembrete constante de que qualquer erro poderia ser fatal. "Ela precisava de tempo", tempo para pensar em como negociar com ele sem irritá-lo novamente. A última coisa que queria era desencadear sua fúria outra vez. Ellie suspirou profundamente, sentindo a ardência dos hematomas, e olhou para seu reflexo na água, como se tentasse aceitar o destino cruel que se desenhava à sua frente.
— Eu não pertenço a este lugar... — murmurou para si mesma, quase como uma prece silenciosa, sua voz baixa e carregada de dor. — Não pertenço a ele.
Mas, por mais que seu coração gritasse em protesto, a realidade era esmagadora. "Como sobreviver? Como negociar com um monstro?" Ellie sabia que, por ora, deveria ser cautelosa. Ainda que Khaos fosse uma criatura monstruosa, ele demonstrava ter sentimentos. E ela não podia arriscar irritá-lo novamente. Não agora.
Enquanto seus pensamentos corriam de forma desordenada, Khaos a observava de longe, seus olhos ardendo na escuridão do pântano, estudando cada movimento, cada expressão no rosto dela. Ele esperava sua decisão, mas sabia que a batalha dentro dela estava longe de ser vencida.
Ellie se apoiou na beirada onde estava sentada, sentindo sua mão afundar na lama quente e pegajosa. Um arrepio de repulsa percorreu seu corpo, e ela imediatamente retirou a mão, tentando limpá-la na água do pântano. No entanto, ao fazer isso, sentiu outra onda de aversão ao toque da água turva. Seu olhar caiu sobre sua vestimenta, ou o que restava dela. Um fino e quase transparente pedaço de pano mal cobria seu corpo. Ela começou a sentir uma intensa vergonha ao perceber o quão exposta estava, especialmente sob os olhos atentos de Khaos.
Ela abaixou a cabeça, tentando não atrair ainda mais a atenção dele, mas foi então que notou algo estranho. Seus seios estavam cobertos por uma substância viscosa, uma gosma verde-acinzentada e pegajosa que parecia estar grudada em sua pele. Horrorizada, Ellie tocou com a ponta dos dedos, sentindo uma náusea crescente ao perceber o quanto aquela substância era nojenta e invasiva. Ela tentou lavar aquilo na água, mas, em vez de sair, parecia que a gosma se espalhava ainda mais.
— O que é isso? — murmurou para si mesma, começando a esfregar sua pele freneticamente, com desespero nos olhos. Ela esfregava e esfregava, mas a gosma não diminuía, parecia multiplicar-se a cada toque.
Khaos, a alguns metros de distância, observava a cena com um misto de divertimento e interesse sombrio. O sorriso em seu rosto era uma mistura de malícia e satisfação, enquanto ele via Ellie lutar contra o que, para ele, era apenas o começo de sua transformação. Seus olhos brilharam com crueldade quando percebeu que ela ainda não tinha aceitado sua nova condição.
— Está lutando contra sua própria natureza, Ellie? — Khaos murmurou baixo para si mesmo, com um tom de ironia.
No auge de seu desespero, o fino tecido que cobria os seios de Ellie deslizou de seu corpo, caindo silenciosamente na água. Ela imediatamente cobriu o peito com as mãos, o rosto ficando vermelho de vergonha. Os olhos de Khaos brilharam com um interesse predatório, mas ele se manteve à distância, gostando de assistir cada reação dela.
— Ah, tão frágil, tão humana ainda... — ele sussurrou. Sua voz carregava um tom quase sedutor, mas impregnado de maldade.
Ellie, envergonhada e desesperada, viu o pequeno pedaço de tecido flutuar em direção ao meio do pântano. Sem pensar, ela se esticou, tentando agarrá-lo, forçando seu corpo além do limite. Em um segundo de desequilíbrio, ela caiu com um baque na água.
A água quente a envolveu imediatamente. O contato com a agua do pântano ativou algo dentro dela. Sentindo uma pressão crescente em suas pernas, Ellie abriu os olhos, apenas para ver uma transformação assustadora acontecer. Onde antes estavam suas pernas, agora havia uma cauda escamosa e cintilante, nas cores verde e azul. Cada detalhe brilhava de maneira hipnotizante à luz do sol fraca que adentrava aquele local, mas para Ellie, era o pesadelo definitivo.
Seus olhos se arregalaram de puro choque.
— Não... não pode ser... — Ellie tentou murmurar, mas sua voz saiu fraca, mal passando de um sussurro. Seus olhos arregalados de horror foram lentamente se fechando enquanto a consciência a deixava. O choque era grande demais para suportar. Seu corpo flutuou na água, agora transformado, com uma leveza quase etérea. A cauda escamosa de sereia brilhou sob a luz pálida, os reflexos verdes e azuis ondulando suavemente na superfície do pântano, como se fosse parte natural daquele ambiente sombrio.
Khaos, com um sorriso sombrio, observava a cena. Seus passos eram lentos e calculados enquanto se aproximava da borda do pântano, os olhos fixos no corpo inerte de Ellie. Sua expressão era de puro triunfo, como se estivesse assistindo a uma obra-prima finalmente concluída. Ele sabia que a mente dela havia atingido o limite. O peso da transformação e a revelação de sua nova natureza eram demais para ela compreender de imediato.
Suspirando, Khaos parou e observou o corpo desmaiado. Ele não apenas via a vitória de ter transformado Ellie, mas também reconhecia que a verdadeira batalha começava agora. Fazer com que ela entendesse, aceitasse e, eventualmente, abraçasse sua nova realidade seria um desafio. O choque inicial passaria, mas a negação, ele sabia, viria logo depois.
— As sereias são reais, minha querida... — disse ele, sua voz soando como um eco grave, carregada de crueldade e satisfação. Ele se abaixou lentamente, observando de perto o rosto sereno de Ellie, os fios de cabelo úmidos grudando em sua pele pálida. — ...e agora, você é uma delas.
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Atualizado até capítulo 128
Comments
Mellika Duarte
é sério que agora que ela não pode fugir
2025-04-23
0
Edilaine Marques
nossa u a sereia....
2025-02-19
0
Milena Barbosa
😳😳😳😳
2025-03-24
0