— Não... não pode ser! — Ellie balbuciou, a voz trêmula de pânico. Sua respiração tornou-se mais pesada, cada vez mais curta, enquanto ela começava a se debater novamente. — Eu preciso voltar para casa, por favor... me deixe ir! — Ela implorava, tentando se levantar, mas logo percebeu que ainda estava nos braços da criatura.
Khaos manteve-a firme, mas sem machucá-la. Sua mão escamosa voltou a repousar sobre o peito de Ellie, pressionando-a suavemente para acalmá-la.
— Acalme-se, Ellie. — Sua voz era firme, mas quase um sussurro, carregada de uma calma hipnótica.
Ellie tentou resistir, mas a falta de ar crescente a obrigou a obedecer. Ela fechou os olhos por um momento, concentrando-se nas instruções implícitas na voz de Khaos. Lentamente, sua respiração se estabilizou, embora o medo ainda pairasse como um peso em seu peito.
Khaos observou-a atentamente antes de falar novamente, sua voz grave cortando o silêncio denso do pântano.
— Seu corpo já não é mais humano, Ellie. Tudo o que você é agora... veio de mim.
Ele acompanhou sua respiração com cuidado, e, quando percebeu que ela estava mais calma, ergueu-a gentilmente e a colocou sentada na margem do pântano. Ellie sentiu a umidade fria das pedras e a água negra tocar suas pernas, cobertas por escamas finas e brilhantes.
— Olhe para o reflexo. — Khaos murmurou, movendo-se levemente para que Ellie pudesse ver a superfície do pântano. — Veja como seu corpo combina com este lugar. É lindo... e veja como se parece comigo.
Ellie hesitou antes de encarar seu reflexo. Quando finalmente olhou, lágrimas silenciosas começaram a escorrer por seu rosto. A visão de si mesma era devastadora. As escamas cobriam não apenas suas pernas, mas também partes de seus braços. As membranas entre seus dedos brilhavam sob a luz difusa. Sua imagem parecia algo saído de um pesadelo.
— Por quê...? — Sua voz saiu em um sussurro frágil, repleta de dor e confusão. — O que você fez comigo?
Khaos inclinou-se lentamente, aproximando-se do ouvido de Ellie. Sua voz grave era quase uma carícia sombria, o calor de sua presença a fazendo estremecer.
— Eu fiz o que era necessário para que você sobrevivesse. — Ele pausou, deixando as palavras penetrarem como uma lâmina. — Você não seria capaz de viver aqui como era antes. Agora, você faz parte deste lugar... como eu.
Ellie manteve os olhos fixos no reflexo por um longo momento, tentando processar as palavras de Khaos. Lágrimas ainda escorriam, mas ela mal as notava. Sua mente foi puxada para memórias recentes, momentos que agora pareciam de outra vida.
O baile no reino de Édena. O salão iluminado por candelabros dourados. O pedido de casamento do rei Dylan, o som de sua própria recusa ecoando em sua mente. A fuga para a casa de Raquel, buscando refúgio... Então, veio a última lembrança clara: ela estava na banheira, imersa na água morna. E então tudo ficou turvo. Algo, ou alguém, a puxara para baixo, mergulhando-a em uma escuridão sufocante.
Ellie abriu os olhos de repente, um calafrio percorrendo seu corpo ao perceber que aquilo não era um pesadelo. Sua nova realidade era assustadoramente real.
— Por quê... eu? — Ellie murmurou, sua voz mal saindo, como um sussurro abafado pela confusão e pela dor que crescia em seu peito. Ela ergueu os olhos com dificuldade, encarando a silhueta sombria à sua frente. — Como... eu vim parar aqui?
A figura imponente inclinou levemente a cabeça, seus olhos vermelhos brilhando na penumbra. O cabelo preto e longo de Khaos caía como uma cortina, obscurecendo parte de seu rosto, mas Ellie sabia exatamente quem ele era. Os tentáculos azuis cintilantes com um brilho verde interno denunciavam sua identidade: o Monstro do Pântano, a lenda temida que vivia nas ilhas de Brumalga.
— Você foi prometida a mim, Ellie. — A voz de Khaos era grave, carregada de uma certeza fria. — Foi dada como parte de uma promessa.
Ellie sacudiu a cabeça em negação, lágrimas surgindo em seus olhos. O medo crescia em seu peito, misturado com incredulidade.
— Isso não pode ser verdade... — sua voz quebrou, quase engasgando com as palavras. — Eu estava prestes a me casar com outra pessoa.
Os olhos vermelhos de Khaos pareceram brilhar ainda mais intensamente, como se absorvessem a angústia dela. Ele não respondeu imediatamente, mas estendeu a mão lentamente, revelando algo pequeno na palma.
— Essa pedra não lhe parece familiar? — perguntou ele, sua voz carregada de uma malícia sutil.
Ellie olhou para o objeto, e seu coração afundou ao reconhecê-lo. Era a pedra perfumada que Raquel havia lhe dado, um presente que, até aquele momento, parecia inocente, um simples gesto de amizade. Mas agora, nas mãos de Khaos, a pedra adquiria um significado terrivelmente sombrio.
— Foi com essa pedra que dei a Raquel o poder de abrir um portal entre o meu mundo e o seu. — continuou Khaos, seus lábios se curvando em um sorriso sombrio. — E assim, Ellie, eu trouxe você para cá.
Ellie arregalou os olhos, incapaz de desviar o olhar da pedra. A revelação era como um golpe devastador, esmagando seu coração.
— Por quê...? — A voz dela saiu frágil, cada palavra carregada de uma dor quase insuportável. — Por que ela faria isso comigo?
Khaos inclinou-se ligeiramente, aproximando-se mais dela, sua presença imponente tornando o ar ao redor ainda mais opressivo.
— Porque você era um obstáculo, Ellie. — Sua voz carregava um tom de satisfação sombria, quase cruel. — Você tinha o que ela queria. Raquel sempre desejou ser a única ao lado do rei. Você não era uma amiga para ela... era apenas uma peça no caminho dela.
As palavras de Khaos foram como facas cortando fundo no coração de Ellie. Ela começou a soluçar, a dor e a traição transbordando em lágrimas silenciosas. Seu mundo inteiro estava desmoronando. A pessoa em quem confiava, a quem chamava de amiga, havia orquestrado sua queda, entregando-a a essa criatura.
Ellie sentiu um frio percorrer seu corpo, não apenas pela umidade do pântano, mas pela compreensão esmagadora de que estava completamente sozinha. Traída, transformada em algo que mal podia compreender, e agora, nas garras de Khaos, que reivindicava sua posse sobre ela.
— Você pertence a este lugar agora, Ellie. — A voz de Khaos era inescapável, cada palavra ecoando em sua mente como um lembrete cruel. — E pertence a mim. — O tom dele era carregado de sarcasmo, como se se divertisse ao ver o desespero crescer nos olhos dela.
Ellie fechou os olhos, desejando que tudo fosse apenas um pesadelo, mas no fundo sabia que era real. Um mundo sombrio e traiçoeiro se revelava diante dela, e ela era uma prisioneira dele.
— Você não tem escolha, Ellie. — Sua voz era calma, mas havia uma intensidade implacável. — Este é o seu destino agora.
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Atualizado até capítulo 128
Comments
Mellika Duarte
que horror
2025-04-23
0
Milena Barbosa
a confiança é uma mulher ingrata que te beija e te abraça te rouba e te mata. kkkk uaua tá ficando quente gostei /Whimper//Whimper//Whimper/
2025-03-18
2
New Biana2
eu gostei parece surreal
2025-03-15
2