Ellie encarou mais uma vez seu reflexo na água. Os poucos traços de humanidade que ainda restavam em seu corpo pareciam distantes, quase irreais. Ela não reconhecia mais a mulher que era. Khaos havia transformado seu corpo para sobreviver naquele lugar, moldando-a para ser parte daquele ambiente sombrio — e talvez dele. Mas Ellie não estava pronta para se render. Por mais que o medo a consumisse, ela não deixaria que ele acreditasse nisso.
Ela respirou fundo, tentando reunir toda a coragem que lhe restava. Sem olhar diretamente para Khaos, falou, sua voz firme, mas tremendo nas entrelinhas:
— Não vai conseguir me manter aqui para sempre.
Khaos, que estava mais afastado, virou-se imediatamente para ela, arqueando uma sobrancelha em um gesto de surpresa e irritação contida. Ellie sentiu seu olhar pesar sobre ela, mas continuou, tentando manter a compostura:
— O que me impede de tentar fugir deste lugar?
Dessa vez, ela levantou os olhos e encontrou os dele. Era impossível não sentir medo; a intensidade de seu olhar era como uma tempestade prestes a desabar.
Khaos começou a se mover. Seus passos eram lentos, mas cada um parecia reverberar pelo pântano, como se o próprio chão temesse sua aproximação. Ele se moveu de maneira fluida, com uma graça predatória que fez Ellie sentir-se como uma presa cercada. Quando ele chegou perto o suficiente, abaixou-se na altura dela, seus olhos vermelhos brilhando em um misto de desafio e diversão sombria.
— Fugir? — Khaos murmurou, a voz grave e baixa, quase um sussurro. — Você acredita que pode escapar de mim, Ellie?
Ellie não respondeu de imediato, o coração disparado e as mãos trêmulas. Ele estendeu a mão, pegando seu pulso com uma firmeza que não machucava, mas também não permitia resistência. O toque era quase gentil, mas havia um aviso claro ali, como se ele estivesse lembrando-a de quem estava no controle.
— Eu admiro sua coragem... ou seria tolice? — Ele inclinou a cabeça ligeiramente, observando cada reação dela. — Acha que o pântano a deixaria ir? Acha que eu a deixaria ir?
Ellie desviou o olhar, fitando novamente seu reflexo na água. Lágrimas começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto enquanto sua nova realidade grotesca se misturava ao ambiente opressor ao seu redor.
Khaos soltou um riso baixo e sombrio, que mais parecia ecoar do próprio pântano. Ele soltou o pulso de Ellie, mas não se afastou.
Antes que Ellie pudesse reagir ou dizer qualquer coisa, Khaos começou a envolvê-la com seus tentáculos escuros e viscosos. Os apêndices, grossos e sinuosos, moviam-se com uma lentidão quase calculada, deslizando ao redor de seu corpo como serpentes que saboreavam o momento de capturar sua presa. Ellie sentiu o terror crescer dentro de si, seu coração martelando no peito, e fechou os olhos em uma tentativa inútil de se preparar para o que estava por vir.
O primeiro toque das ventosas contra sua pele foi uma mistura de frio e viscosidade, um contato que fez Ellie estremecer e prender a respiração. No entanto, o momento de hesitação logo foi substituído por um movimento brusco: os tentáculos apertaram-se ao seu redor, comprimindo-a e fixando as ventosas com uma força que arrancou dela um gemido abafado de dor.
— Você pertence a mim. — A voz grave e maliciosa de Khaos ressoou em seu ouvido, como o sussurro de um predador triunfante. — Nunca se esqueça disso. Você é minha prisioneira, e eu sou o seu carcereiro.
As palavras pareciam penetrar sua mente como veneno, cada sílaba carregada com uma certeza cruel: não havia escapatória. Ellie sentiu as ventosas se prendendo ainda mais firmemente, cada uma deixando marcas dolorosas em sua pele. A pressão era insuportável, sua carne latejava a cada ponto de contato. Mas o que doía ainda mais era a sensação de humilhação e impotência — a ideia de que Khaos não apenas a dominava fisicamente, mas também estava marcando sua alma, como se selasse seu destino com cada toque.
— Você nunca será livre, Ellie. — Khaos continuou, sua voz carregada de uma crueldade calculada, como se saboreasse cada palavra. — Esqueça a garota que você era. Aqui, você só tem uma escolha: me obedecer.
Ellie lutava para não chorar, mas a dor era esmagadora. Ela finalmente quebrou, sua voz saindo em um sussurro desesperado:
— Por favor, Mestre Khaos... está machucando...
O som de sua súplica pareceu agradá-lo. Ele inclinou-se para mais perto, seus olhos vermelhos fixos nos dela, buscando o reflexo do desespero em sua íris. Havia algo perversamente satisfeito em seu semblante, como se ver a dor de Ellie fosse um lembrete do poder absoluto que ele exercia sobre ela.
Lentamente, ele começou a soltá-la, mas não sem uma última demonstração de sua autoridade. Os tentáculos recuaram com uma lentidão torturante, e cada ventosa foi retirada deliberadamente, puxando sua pele de forma cruel. Ellie soltou um gemido longo de dor, a sensação era como se a carne estivesse sendo arrancada de forma intencional, deixando marcas ainda mais profundas.
Khaos a observou enquanto ela se encolhia, as lágrimas escorrendo por seu rosto pálido. Ele se afastou levemente, mas manteve o olhar fixo nela, o rosto sério, mas com um brilho de triunfo nos olhos.
— Lembre-se desta dor, Ellie. — Ele falou suavemente, mas a ameaça era clara. — Ela é um lembrete de quem está no controle aqui.
Ellie permaneceu imóvel, os olhos baixos, respirando com dificuldade. Embora a dor fosse insuportável, o que mais pesava era a sensação de que ela estava perdendo qualquer resquício de si mesma. Mesmo assim, em algum canto escondido de sua mente, uma pequena chama de resistência ainda queimava, determinada a não deixar que Khaos apagasse completamente sua vontade e sua humanidade.
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Atualizado até capítulo 128
Comments
Mellika Duarte
tomara que ela consiga fugir 💨
2025-04-23
0
Milena Barbosa
meu deus 😔
2025-03-24
1