Irmãos.⬆️
O som do estalar das teclas do computador parecia acompanhar o ritmo frenético do coração de Laura. Ela estava trancada no quarto novamente, como sempre, tentando se concentrar no que poderia ser uma fuga, uma saída daquele lugar. Ela estava exausta, emocionalmente e fisicamente. Mas a luta interna que se desenrolava dentro dela agora parecia mais forte. Já não havia mais medo, só a vontade de não ser dominada por aquela dor.
No momento em que ela tentou se levantar para esticar as pernas, a porta do quarto se abriu abruptamente.
Levanta logo, vaca! Henrique gritou, seu rosto vermelho de raiva. Ele estava visivelmente irritado por algum motivo que Laura não sabia e, provavelmente, nem se importava.
Me deixa em paz, Henrique.
Laura murmurou, já sem forças para lidar com a raiva dele.
Mas Henrique não estava disposto a deixar as coisas passarem em branco. Ele avançou em direção a ela, empurrando-a com força para o canto da cama.
Eu já cansei de você se fazer de coitadinha. Vai ver agora como é que se sente! - Ele gritou, erguendo a mão como se fosse dar-lhe um tapa.
A visão de Henrique, um rapaz de 18 anos, alto e forte, vindo em sua direção fez o coração de Laura disparar. Mas ela não se encolheu. Pela primeira vez, ela não recuou. Sentiu uma energia diferente, uma força que surgia das profundezas da sua raiva acumulada.
Quando Henrique levantou a mão para bater, Laura não pensou. Ela simplesmente reagiu. Com um movimento rápido, ela empurrou o irmão com toda a força que conseguiu reunir. Ele tropeçou, os pés saindo do chão, e caiu de costas no chão duro.
A surpresa foi instantânea. Henrique ficou imóvel por um segundo, os olhos arregalados de incredulidade. Mas logo a dor tomou conta dele, e ele começou a gritar, xingando a irmã.
Filha da puta! Como você se atreve, vaca maldita?! Ele rolou no chão, se levantando rapidamente.
Mas antes que pudesse se recompor, correu em direção ao quarto de seu pai, o rosto contorcido de raiva e humilhação.
Laura ficou parada, ofegante, seu corpo tenso pela adrenalina. Ela não tinha se sentido tão viva em anos. A sensação de não se submeter, de não ser a vítima, a deixou temporariamente empoderada.
Mas a calma durou pouco. Henrique entrou na sala de estar, onde o pai estava assistindo TV, e logo disparou.
Pai! A Laura me empurrou! Ela me jogou no chão, me fez cair! A vagabunda me atacou! Ele gritou, com lágrimas de raiva nos olhos.
O pai de Laura levantou-se da cadeira com uma expressão feroz. O rosto que costumava ser apenas indiferente agora se transformava em um semblante de pura fúria. Ele se virou para o quarto de Laura, onde ela ainda estava em pé, sentindo os músculos tensos.
O QUE VOCÊ FEZ? - Ele berrou, já se
aproximando dela. Você machucou seu irmão, sua filha da puta! Vai pagar por isso!
Laura não teve tempo de se defender. O pai avançou sobre ela como um animal enfurecido, sua mão se levantando para um golpe que Laura sabia que seria mais do que doloroso. Mas, antes que ela pudesse se mover, a mão dele atingiu seu rosto com força, fazendo-a cair no chão.
A dor foi instantânea, uma explosão de sensações que a deixou sem ar por um momento. Mas o pior estava por vir. O pai de Laura, já fora de si, a levantou pelos cabelos e, com uma violência desmedida, a arremessou contra a parede.
Você é uma inútil! Nunca vai ser nada! Nunca vai ser melhor que sua merda de vida! Ele gritou, socando a barriga de Laura com toda a força.
Laura sentiu o mundo ao redor dela começar a girar. O impacto foi tão forte que ela não conseguiu se segurar. Sua visão ficou embaçada e ela lutava para não desmaiar.
Porém, o pai dela, aparentemente insensível ao que tinha feito, a observou com desdém, como se ela fosse nada mais do que um objeto quebrado.
Eu não vou levar essa inútil pro hospital, não. Não vale a pena. Vai ficar aqui e morrer de dor! - Ele grunhiu, olhando para ela como se já tivesse desistido dela.
Laura estava quase fora de si, o corpo pulsando de dor. Ela sentia que o chão estava distante, que ela estava se afundando em um abismo profundo. Mas a dor física não era a única que ela sentia; o peso emocional era ainda mais pesado. Ela não estava apenas sendo espancada. Ela estava sendo apagada, anulada, como se fosse nada.
Mas, para surpresa de Laura, o pai finalmente decidiu agir. Ele a pegou novamente pelos cabelos e, com uma raiva cega, a arrastou até o carro.
Vamos logo, inútil. Ele rosnou, mais irritado do que nunca. Não vou perder meu tempo com você, mas se você morrer aqui, vai ser problema meu. Então, vamos logo, antes que eu mude de ideia.
Laura mal conseguiu reagir, mas a leve esperança de que algo poderia ser diferente a impulsionou. O caminho até o hospital parecia um pesadelo em câmera lenta. Ela mal conseguia manter os olhos abertos, mas sabia que, em algum lugar dentro de si, havia algo que se recusava a desistir.
Ao chegar ao hospital, o pai de Laura foi forçado a aceitar a realidade: ela precisava de cuidados médicos, e ele não poderia ignorar os danos. Mesmo que o desprezo e a raiva ainda estivessem presentes, ele não teve escolha.
Dentro da sala de emergência, Laura sentiu a dor em seu corpo se intensificar ainda mais, mas ela não gritou. Não agora. Ela havia chegado até ali, não importava como.
O que ela não sabia era que, naquele momento, sua vida estava prestes a mudar de uma maneira que ela nunca imaginaria. Algo dentro dela estava quebrando, mas, ao mesmo tempo, ela estava começando a entender que talvez a dor fosse o ponto de virada. Talvez, no fim das contas, fosse esse o momento para ela começar a reconstruir tudo.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
Maria Das Graça da Costa
que pai maldito
2024-12-08
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