O dia estava quente, sufocante. Laura estava na cozinha, lavando os pratos do almoço, quando ouviu o som de seu pai reclamando novamente na sala. Ele gritava com a mãe sobre uma conta atrasada, e Laura sabia que, como sempre, ele acabaria descontando a raiva nela.
LAURA! a voz dele ecoou pela casa, fazendo suas mãos tremerem.
Ela respirou fundo antes de responder.
Já vou...
Já vai uma ova! Ele apareceu na porta da cozinha, os olhos injetados de raiva. Por que essa pia ainda tá cheia? Tá esperando o quê, sua preguiçosa?
Laura sentiu o sangue ferver. Ela estava cansada, exausta de ser tratada como um lixo, como um saco de pancadas para toda a frustração dele.
Eu tô fazendo o meu melhor! ela respondeu, sua voz saindo mais alta do que pretendia.
O silêncio que se seguiu foi pesado. O pai dela a encarou, incrédulo.
O quê que você disse? Ele deu um passo em direção a ela, o rosto cada vez mais vermelho.
Laura sentiu o medo crescer, mas algo dentro dela não a deixou recuar dessa vez.
Eu disse que tô fazendo o meu melhor! Mas nunca é suficiente pra vocês! Vocês me tratam como se eu fosse um nada, mas eu não sou lixo!
Foi como se o tempo parasse por um segundo. A mãe e os irmãos, que estavam na sala, se aproximaram, atraídos pelos gritos. O pai de Laura estreitou os olhos, e em um movimento rápido, agarrou-a pelos cabelos.
Quer gritar comigo, sua vagabunda? Quer bancar a valentona agora? ele rugiu, arrastando-a pela cozinha.
Me solta! Laura tentou se libertar, mas ele era muito mais forte.
Ele a puxou pelo corredor, passando pela mãe e os irmãos, que apenas observavam, sem fazer nada.
Tá achando que pode bater de frente comigo? Eu vou te ensinar a respeitar!
Ao chegar no quarto de Laura, ele a jogou no chão com força. Laura caiu de joelhos, o couro cabeludo ardendo onde ele a tinha segurado.
Você vai ficar aqui trancada. Dois dias. Sem comida, sem água. Pra aprender a não abrir essa boca suja pra mim!
Laura tentou levantar, mas ele já estava saindo, trancando a porta atrás de si.
E se eu ouvir um pio vindo daqui, vai ser muito pior!
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Laura ficou no chão, tremendo, enquanto ouvia os passos dele se afastando. Lágrimas silenciosas escorreram pelo seu rosto. Não era apenas a dor física. Era a humilhação, a sensação de impotência.
Mas, no fundo, algo começava a mudar. Pela primeira vez, Laura sentiu que não podia mais continuar assim.
"Eu não vou viver assim pra sempre", ela pensou, apertando os punhos com força. "Ele não vai me quebrar. Nunca mais."
Enquanto o dia passava lentamente, Laura começou a planejar. Ela não sabia como ainda, mas estava decidida a encontrar uma maneira de sair daquela casa. De se libertar daquela prisão.
O desejo de escapar crescia como uma chama dentro dela, queimando mais forte a cada segundo. E dessa vez, ela não deixaria que ninguém apagasse sua luz.
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Atualizado até capítulo 50
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