O Encontro com Rodrigo.

Quando Julha atravessou os portões da mansão de Rodrigo, uma mistura de sentimentos a envolveu. A vastidão do lugar era impressionante, com jardins bem cuidados e flores exalando fragrâncias que ela nunca havia sentido antes. A beleza do ambiente contrastava drasticamente com a vida simples que deixara para trás. O sol se filtrava através das folhas das árvores, criando um espetáculo de luz e sombra, mas nada disso conseguia aquecer o frio que se instalara em seu coração.

Rodrigo a aguardava na entrada, um homem de estatura imponente, com cabelos escuros e olhos penetrantes que pareciam ler sua alma. O sorriso que ele lhe oferecia era encantador, mas havia algo em seu olhar que a fazia sentir uma inquietante sensação de desconfiança. Ele se aproximou, estendendo a mão como se fosse o anfitrião mais gentil do mundo, mas Julha hesitou por um instante, sentindo-se como uma estranha em um mundo que não era o seu.

“Bem-vinda, Julha. Eu estava ansioso para conhecê-la”, disse Rodrigo, sua voz suave como seda. Julha percebeu que seu nome soava doce em seus lábios, mas o tom era carregado de uma expectativa que a deixava nervosa. Ela apertou a mão dele, sentindo o toque firme e controlado, e um arrepio percorreu sua espinha. A primeira impressão de Rodrigo era a de um homem carismático, mas a aura que o cercava era densa, quase opressiva.

À medida que ele a guiava pela mansão, Julha observava os detalhes extravagantes que a cercavam: quadros de artistas renomados adornando as paredes, móveis luxuosos e um brilho que parecia emanar de cada canto. Mas, por trás da beleza, havia uma sensação de isolamento que a deixava inquieta. Era como se, apesar de toda a opulência, o lar de Rodrigo fosse uma prisão dourada.

“Você deve estar cansada depois da viagem. Vamos lhe mostrar seu novo quarto”, ele disse, levando-a por um corredor longo e decorado. Julha mal tinha tempo para absorver a grandiosidade do lugar, pois sua mente estava repleta de perguntas e inseguranças. O que aconteceria a seguir? Como seria sua vida sob o teto daquele homem que parecia tão perfeito, mas que ela já começava a temer?

Quando chegaram ao quarto, Julha ficou sem palavras. A luz suave entrava pela janela, iluminando um espaço adornado com móveis elegantes e uma cama grande, coberta com lençóis de seda. Havia uma mesa com flores frescas e um armário repleto de roupas que pareciam feitas sob medida. Era um sonho que se tornava realidade, mas, ao mesmo tempo, um pesadelo a se desenrolar.

“Espero que você se sinta em casa”, disse Rodrigo, observando sua reação com um olhar que parecia calcular cada emoção que ela demonstrava. “Se precisar de algo, não hesite em me chamar.” Havia uma cortesia na maneira como ele falava, mas Julha não conseguia ignorar a frieza em seu tom. Algo dentro dela a alertava para ficar alerta.

“Obrigada”, respondeu Julha, tentando esconder o turbilhão de emoções que a consumia. Ela se sentou na beira da cama, sentindo a maciez dos lençóis sob suas mãos, mas a sensação de conforto logo foi substituída pela lembrança de sua antiga vida. A saudade da simplicidade e do calor de sua família a envolveu, e as lágrimas ameaçaram brotar novamente.

Rodrigo percebendo sua tristeza, aproximou-se. “Julha, você não precisa se preocupar. Aqui você terá tudo o que deseja. Eu cuidarei de você”, disse ele, com um sorriso que, embora encantador, parecia esconder algo mais. “Mas é importante que você se adapte às novas regras. Esta é a sua nova vida.”

O tom de Rodrigo mudara, e Julha sentiu um frio na barriga. O que ele queria dizer com “regras”? A palavra soava como uma advertência, e a imagem de sua antiga liberdade começou a se dissipar. Ela percebeu que, embora Rodrigo se apresentasse como um salvador, havia uma sombra em sua presença, uma promessa de controle que a fazia sentir-se ainda mais acuada.

As horas passaram, e enquanto Julha tentava se acomodar em sua nova realidade, Rodrigo a visitava frequentemente, sempre com um sorriso e um olhar perspicaz. Ele a elogiava, mas suas palavras pareciam uma armadilha, e cada elogio a deixava mais confusa. A beleza que ela via nele era acompanhada por uma sensação de ameaça, como se ele a estivesse observando em busca de fraquezas.

Certa noite, enquanto Rodrigo a convidava para jantar, Julha notou um brilho diferente em seus olhos. Ele a observava com uma intensidade que a fazia sentir-se exposta, como se estivesse sendo analisada em cada movimento. Durante a refeição, ele fez perguntas sobre sua vida anterior, mas sempre com um toque de curiosidade que a fez sentir-se como um objeto em exibição.

“Você tem um espírito forte, Julha. Isso me atrai”, ele comentou, inclinando-se para mais perto. A forma como ele a avaliava a deixava inquieta. “Mas a vida aqui pode ser uma mudança difícil. Espero que você se adapte rapidamente.”

Julha sorriu nervosamente, tentando esconder o desconforto que sentia. “Farei o meu melhor”, respondeu, mas a ideia de se adaptar a um novo mundo sob os olhos de Rodrigo a deixava apreensiva. Cada momento ao lado dele era uma dança delicada entre a atração e a repulsa, uma batalha interna que a deixava sem saber em quem confiar.

Enquanto a noite avançava, Julha começou a perceber que a vida que antes parecia um sonho agora se tornava um emaranhado de emoções contraditórias. Rodrigo era, sem dúvida, encantador, mas havia uma escuridão em sua essência que ela não conseguia ignorar. O que ele realmente queria dela? E qual seria o preço de sua liberdade? Essas perguntas a assombravam, enquanto a sombra da incerteza se instalava em seu coração, ameaçando consumir os últimos resquícios de esperança que ela ainda guardava.

Com o passar dos dias, a presença de Rodrigo se tornava cada vez mais intensa, e Julha se via presa em um jogo que não compreendia completamente. A beleza e o charme que a haviam impressionado inicialmente agora se revelavam como uma armadura que ocultava a verdadeira natureza do homem que a havia comprado. E enquanto ela tentava encontrar seu lugar naquela mansão, a sensação de que suas asas estavam sendo cortadas se tornava insuportável.

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Comments

Noidinha lima

Noidinha lima

mais não foi ele mesmo que foi buscar ela na casa dos irmãos.

2024-11-25

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