A vida na mansão de Rodrigo parecia uma dança delicada entre momentos de deslumbramento e sombras de desespero. Julha se esforçava para se adaptar ao novo mundo que a cercava, mas a cada dia que passava, a pressão aumentava. Rodrigo, embora encantador em suas aparições, se mostrava cada vez mais controlador e exigente, e a linha entre carinho e possessividade tornava-se cada vez mais tênue.
Certa noite, após um evento social em que Rodrigo a exibira como um troféu, Julha se sentia esgotada. As conversas ao redor dela eram superficiais, repletas de elogios à sua beleza, mas a emoção que antes lhe trazia alegria agora a deixava com um gosto amargo na boca. O que antes parecia um sonho tornava-se uma prisão. Ela se forçava a sorrir, a manter as aparências, mas a verdadeira Julha, aquela que sonhava com liberdade, estava se apagando.
Rodrigo, após o evento, estava visivelmente irritado. Ele havia recebido críticas sobre a forma como Julha se comportara durante a festa. Na verdade, ele estava descontando sua frustração em cima dela. Enquanto ele se preparava para dormir, Julha entrou no quarto, tentando encontrar um momento de conexão entre eles, mas a tensão no ar era palpável.
“Julha, você precisa entender que a maneira como você se apresenta reflete diretamente em mim”, disse Rodrigo, a voz cortante como uma lâmina. “Você não pode agir como se ainda fosse uma camponesa. Você é minha agora e deve se comportar como tal.”
Julha sentiu o coração disparar. As palavras dele a feriam, não apenas por serem cruéis, mas porque eram a verdade nua e crua sobre sua situação. “Eu estou tentando, Rodrigo. Eu só...”, ela começou a responder, mas a frustração em seu tom aumentou, e ele a interrompeu.
“Você não está tentando o suficiente!” Rodrigo gritou, o controle da situação escapando de suas mãos. Julha recuou, o medo se espalhando por seu corpo como um veneno. Ela nunca o vira tão furioso. As mãos dele se fecharam em punhos, e a atmosfera que antes era carregada de charme agora estava impregnada de uma ameaça palpável.
“Mas eu não sei como ser quem você quer que eu seja!” Julha exclamou, sua voz tremendo. A indignação começou a se misturar com o medo, e uma onda de adrenalina a impulsionou a se defender. “Eu não sou um objeto para ser moldado! Eu sou uma pessoa!”
Rodrigo a encarou, o olhar escuro e ameaçador. O silêncio que se seguiu era ensurdecedor, e Julha sabia que havia cruzado uma linha. O choque em seu olhar rapidamente se transformou em raiva. Ele se aproximou, e antes que ela pudesse reagir, suas mãos a agarraram com força pelos braços.
“Você não tem o direito de falar assim comigo”, ele rosnou, a voz baixa, mas cheia de fúria. Julha ficou paralisada, a dor física de seu aperto se misturando à dor emocional da traição que sentia. O homem que a havia trazido para aquele mundo de glamour agora a esmagava sob seu controle. As lágrimas começaram a escorregar por seu rosto, mas ela se esforçou para não deixá-las cair. Não queria dar a ele a satisfação de vê-la quebrar.
“Rodrigo, por favor, me solte”, pediu, sua voz quase um sussurro. A súplica, no entanto, não fez diferença. O olhar de Rodrigo era de um predador, e ela se sentia como a presa. A força dele era esmagadora, e a sensação de estar à mercê de sua ira era aterrorizante.
Em um movimento abrupto, Rodrigo a empurrou contra a parede, e Julha sentiu a dor se espalhar por seu corpo. O choque a atingiu como uma onda, e ela ficou em estado de paralisia, incapaz de reagir. O mundo à sua volta se desfez em um borrão, e a única coisa que restava era a realidade cruel de sua nova vida.
“Você precisa aprender a me respeitar”, Rodrigo disse, sua voz agora um sussurro ameaçador. “Se não, você vai se arrepender.” A brutalidade de suas palavras cortou ainda mais fundo do que a dor física. Julha sentiu-se despedaçada, como se tudo o que havia construído fosse um castelo de areia sendo levado pela maré.
Quando ele finalmente a soltou, Julha desabou no chão, as lágrimas escorrendo livremente agora. Ela não conseguia acreditar que a vida que uma vez sonhara havia se tornado um pesadelo. O primeiro ato de violência não era apenas um golpe; era uma marca indelével em sua alma. Era a primeira vez que ela entendia que sua nova vida estava longe de ser um conto de fadas.
Enquanto ela se sentava no chão, o medo e a dor a envolviam como um cobertor pesado. A solidão a abraçava, e a sensação de traição tornava-se quase insuportável. O homem que deveria protegê-la agora era seu algoz, e a realidade de sua situação se tornava cada vez mais clara. Julha não era mais a jovem sonhadora que acreditava em um futuro brilhante; ela era uma prisioneira em um mundo de glamour e violência.
A noite se arrastou, e enquanto as sombras cresciam ao seu redor, Julha se viu lutando contra a escuridão que se aproximava. As esperanças que antes brilhavam em seu coração agora pareciam distantes, e a luta pela sobrevivência se tornava uma batalha contra um inimigo que havia se infiltrado em sua vida sob a aparência de um salvador.
Julha sabia que precisava encontrar uma maneira de se defender, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. A mudança que havia ocorrido dentro dela era profunda, e a determinação de recuperar sua identidade começava a nascer, mesmo em meio à dor. O primeiro ato de violência havia sido um despertar, e, apesar do desespero, uma chama de resistência começava a brilhar em seu interior. Ela não permitiria que Rodrigo a destruísse; a luta estava apenas começando.
Continua...
✨ Obrigado por lerem até aqui,se puderem me dar uma curtida,eu irei agradeçer muito e qualquer erro só me falar que irei arrumar imediatamente, espero que gostem da história mais pra frente.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 40
Comments