Corações Aprisionados,A História de Julha: Da Pobreza à Prisão Emocional
Na pequena vila de São Pedro, Julha acordava todos os dias com o sol nascendo por trás das montanhas, sua luz dourada filtrando-se pelas frestas da casa simples que dividia com seus irmãos. O cheiro do pão assando na lareira era um consolo em meio à dureza da vida que levavam. A pobreza era uma constante em sua existência, moldando seus dias com a falta de recursos e o peso das responsabilidades. Julha, com seu cabelo loiro e brilhante e sua beleza delicada, sempre sonhara com um futuro diferente, um mundo onde a escassez não fosse uma sombra permanente.
Ela trabalhava arduamente para ajudar a sustentar a família, cuidando da casa e dos irmãos mais novos enquanto eles saíam para colher o que conseguiam nas lavouras. Julha tinha apenas 18 anos, mas a vida a havia ensinado a ser forte e resiliente. Ela mantinha seus sonhos guardados em um canto do coração, esperando que um dia pudesse escapar daquela realidade opressora. Contudo, o que ela não podia imaginar era que sua vida estava prestes a mudar de forma drástica e desesperadora.
Em um dia ensolarado, enquanto ajudava a preparar o almoço, Julha ouviu vozes elevadas vindo da sala. Seus irmãos, sempre inquietos e insatisfeitos, estavam discutindo. Ela se aproximou, apenas para ouvir suas palavras cortantes e traiçoeiras. "Se a gente vender a Julha, vamos conseguir o dinheiro que precisamos para mudar de vida!", disse um deles, a ganância brilhando em seus olhos. Julha parou no limiar da porta, o coração disparando em seu peito. Ela não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
Os irmãos, cegos pela ambição, não viam a dor que causariam. Para eles, Julha era apenas um fardo, uma boca a mais para alimentar em tempos difíceis. O peso de suas palavras sufocou Julha, e uma onda de desespero a envolveu. "Eles não podem estar falando sério", pensou, enquanto suas mãos tremiam. Ela se afastou, buscando um lugar para respirar. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas ela as enxugou rapidamente, determinada a não mostrar fraqueza.
Naquela noite, o clima na casa era tenso. Julha tentou ignorar os olhares furtivos dos irmãos, mas a sensação de traição a consumia. Durante o jantar, as palavras de seus irmãos ecoavam em sua mente, como um mantra cruel. Quando finalmente se retirou para seu quarto, ela se sentou na cama, sentindo o coração pesado. O que estava prestes a acontecer era algo que ela nunca poderia imaginar. A ideia de ser vendida como um objeto, sem valor além de sua aparência, a deixava profundamente angustiada.
No dia seguinte, a realidade se apresentou de forma brutal. Rodrigo, um homem que todos na vila conheciam por sua riqueza e seu caráter duvidoso, chegou à porta da casa. Ele era charmoso, mas havia algo na maneira como olhava para Julha que a fazia sentir um frio na espinha. Seus irmãos, com a excitação de quem acabara de ganhar na loteria, estavam ansiosos para fechar o negócio. "Finalmente, vamos nos livrar dessa vida miserável", disseram, sem se importar com o que estava prestes a acontecer.
Julha foi chamada até a sala, e ao entrar, sentiu o olhar avaliador de Rodrigo sobre ela. Aquela sensação de ser um objeto à venda a envolveu, e a indignação a fez querer gritar. Mas as palavras não saíam. Rodrigo sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos, e fez um comentário sobre sua beleza. "Ela é perfeita", disse, como se estivesse falando de uma mercadoria. Naquele instante, Julha percebeu que sua vida estava prestes a mudar para sempre, mas a escolha não era dela.
O momento em que seus irmãos aceitaram o dinheiro em troca dela foi um dos mais dolorosos de sua vida. Ela ficou paralisada, enquanto um deles lhe entregava um pequeno pacote, como se estivesse fazendo um favor. "Isso é para você começar sua nova vida", ele disse, uma ironia amarga em suas palavras. Julha sentiu um nó na garganta, um misto de revolta e tristeza. O que era uma nova vida para eles se tornaria uma prisão para ela.
Quando Rodrigo a levou embora, suas pernas pareciam pesadas, como se cada passo a afastasse mais de sua antiga vida. O sol brilhava intensamente, mas Julha sentia um frio glacial na alma. A visão de sua casa se afastando, cada vez mais distante, fez seu coração apertar. As risadas de seus irmãos ecoavam em sua mente, agora distantes, como uma memória que ela não poderia mais recuperar.
Ao chegar à mansão de Rodrigo, Julha se sentiu como uma estranha em um mundo completamente diferente. As paredes eram adornadas com riqueza e ostentação, mas a beleza daquele lugar não poderia apagar a tristeza que envolvia seu coração. As palavras de seus irmãos ainda ressoavam em sua mente, e a incerteza sobre o que estava por vir a consumia. O que deveria ser um novo começo se tornava um pesadelo. O sacrifício que eles fizeram a deixava com um sentimento de traição profunda, e a única coisa que restava era o desejo de encontrar uma maneira de recuperar sua vida, de se libertar das correntes que agora a prendiam.
Assim, Julha se viu diante de um futuro incerto, onde a luta pela sobrevivência começava, mas a esperança de um dia recuperar sua liberdade ainda ardia em seu coração. Ela não sabia o que o destino lhe reservava, mas uma coisa era certa: ela não se deixaria abater tão facilmente.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Jucelia Oliveira
colocar fotos deles fica mais interessante
2024-11-23
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