Cap 4

...A Grande decisão ...

—• Greenwich

Era um daqueles dias calmos e ensolarados na cidade pequena. Eu estava sentada na varanda de casa, olhando para o campo que se estendia até o horizonte. O vento soprava leve, e tudo parecia tão imutável, tão seguro. Mas eu sabia que algo dentro de mim estava mudando, que eu queria mais do que o sossego que aquele lugar me proporcionava.

Foi então que ouvi o toque da campainha, e lá estava Katrina, minha melhor amiga, com um sorriso travesso no rosto.

Katrina•Pronta pra viver uma aventura, Mavis? — perguntou ela, sem rodeios.

Eu sorri, mas desviei o olhar, sentindo o peso da decisão que eu ainda não havia tomado. Katrina percebeu meu silêncio e se sentou ao meu lado, olhando fixamente para mim.

Katrina • O que foi? Você não vai deixar o medo te impedir, vai? Eu conheço você. E eu sei que seu lugar é além daqui, explorando o mundo, encontrando novas oportunidades.

Suspirei, sentindo um misto de medo e expectativa.

Mavis• Eu sei… Mas falar é uma coisa. Fazer é outra completamente diferente. — Olhei para ela, buscando alguma confirmação. — E se eu estiver errada, Katrina? E se essa mudança só acabar me trazendo problemas?

Ela balançou a cabeça, com o olhar determinado que só ela sabia ter.

Katrina• A vida não é feita só de certezas, Mavis. Mas uma coisa eu sei: você não quer passar o resto da vida se perguntando o que poderia ter sido. Se não tentar agora, talvez nunca saiba do que é capaz.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, ambas refletindo sobre o que aquele passo significava. Eu sabia que, por mais difícil que fosse, eu queria dar esse salto. A cidade pequena tinha sido meu lar, mas eu precisava descobrir o que mais havia por aí.

Naquela noite, fui conversar com meus pais. Sentei-me com eles na sala, nervosa, mas determinada.

Mavis• Mãe, pai… eu decidi. Vou para a cidade grande. — Disse, com a voz trêmula, mas convicta.

Meu pai franziu a testa, mas não parecia surpreso. Minha mãe respirou fundo e colocou a mão sobre a minha.

Luiz — Você tem certeza, filha? — perguntou, com o olhar preocupado.

Mavis — Tenho. Não é que eu queira deixar vocês ou a nossa vida aqui… É que eu sinto que preciso disso. Preciso descobrir o que sou capaz de fazer.

Eles se entreolharam e, depois de um momento, meu pai assentiu.

Luiz— Se é o que você quer, estamos aqui para te apoiar. Só queremos que seja feliz, onde quer que vá.

Aquelas palavras me deram uma tranquilidade que eu não sabia que precisava. Sorri, sentindo uma mistura de alívio e emoção.

Naquele momento, eu soube que minha vida estava prestes a mudar completamente, e mesmo que o medo estivesse presente, a sensação de liberdade e a promessa de um novo começo superavam qualquer receio.

Depois de conversar com meus pais e tomar a decisão, eu senti uma urgência de caminhar pela cidade, absorver tudo o que esse lugar significava para mim. Coloquei um casaco leve e saí, sentindo o ar fresco da tarde.

Cada rua e esquina guardava uma lembrança. Passei pela padaria do Sr. Milton, onde eu comprava pão toda manhã antes de ir para a escola. Ele estava na porta, limpando as mãos no avental, e acenou para mim com um sorriso simpático.

Milton • Boa tarde, Mavis! Como vai a garota que sonha com o mundo? — Ele sempre dizia isso, com aquele tom gentil que parecia um carinho na alma.

Sorri e acenei de volta, sentindo o calor daquela rotina que logo deixaria para trás.

Continuei andando e cheguei ao pequeno parque onde costumava passar as tardes com Katrina. As árvores eram tão familiares, como velhas amigas que me acompanharam ao longo dos anos. Sentei-me em um banco e observei as crianças brincando, as famílias conversando e os cachorros correndo livres pela grama. Era uma cena tão simples, mas tão acolhedora.

Foi aí que ouvi passos leves se aproximando. Olhei para o lado e vi Katrina se aproximando, com as mãos nos bolsos e um sorriso no rosto.

Katrina•Tinha certeza de que ia te encontrar aqui — disse ela, sentando-se ao meu lado. — Você é péssima em despedidas, mas precisa disso, não é?

Assenti, sem precisar de palavras. Ela me conhecia como ninguém, sabia como eu amava aquele lugar, mas que, ao mesmo tempo, eu ansiava por algo mais. Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas apreciando o momento.

Mavis• Esse lugar tem tanta história — sussurrei, sentindo as lembranças fluírem. — Mas agora é como se estivesse me dizendo que está na hora de partir.

Katrina me deu um tapinha no ombro e sorriu.

— Ele sempre estará aqui quando você voltar, Mavis. E eu também. Agora é só o começo da sua jornada. Vá descobrir o que está lá fora e, quando precisar, volta pra contar tudo. Eu quero saber cada detalhe.

Ficamos ali, até o sol começar a se pôr e o céu se encher de cores quentes, como uma despedida silenciosa. Sabia que não era um adeus definitivo, mas uma parte de mim também entendia que essa cidade e esses momentos nunca mais seriam exatamente os mesmos.

Naquele fim de tarde, me despedi da cidade pela primeira vez, sentindo que, a partir daquele dia, eu carregaria um pedaço dela comigo, não importa para onde fosse.

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