Cap 3

Prólogo

Mavis sempre acreditou que a vida no interior era o que ela precisava. As vastas paisagens verdes, o cheiro da terra molhada após a chuva e o calor acolhedor dos vizinhos pareciam suficientes para preencher sua alma. Mas, ao completar 29 anos, ela se sentia cada vez mais como uma ave engaiolada, ansiando por liberdade. Desde pequena, seus sonhos sempre ultrapassaram os limites das colinas que cercavam sua casa. Ela sonhava em viver em uma cidade grande, onde as luzes brilhantes das ruas e o murmúrio da multidão pudessem embalar suas aspirações.

Assim, após meses de ponderação, Mavis decidiu que era hora de deixar sua cidade natal para trás. Com uma pequena mala em mãos, ela se despediu de sua família e amigos, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo. O trem que a levava a Nova Aria, a metrópole que ela sempre idealizou, era rápido e cheio de gente, cada um com suas próprias histórias e esperanças. Ao olhar pela janela, Mavis observou a paisagem rural se transformar em arranha-céus e luzes de néon. Cada estação que passava era um lembrete de que ela estava se afastando de sua zona de conforto e se aproximando do desconhecido.

Chegando à cidade, Mavis sentiu-se sobrecarregada. As ruas estavam repletas de pessoas apressadas, e o barulho constante do trânsito parecia ensurdecedor. Mas havia uma energia palpável no ar que a fascinava. Ela se perdeu nas ruas, explorando cafés, lojas e mercados, absorvendo cada nova experiência como se fosse um capítulo de um livro que ela estava prestes a escrever.

Mavis logo se estabeleceu em um pequeno apartamento em um bairro movimentado. Era um espaço modesto, mas cheio de luz e vida, o lugar perfeito para começar sua nova jornada. Com um emprego em uma empresa de design que mal pagava as contas, ela estava determinada a se destacar e construir uma vida que sempre desejou. Entre as dificuldades, sua melhor amiga, Katrina Dorell, foi um pilar de apoio. Katrina era tudo o que Mavis não era: extrovertida, ousada e sempre pronta para a próxima festa. Elas se tornaram inseparáveis, com Katrina apresentando Mavis a um mundo de festas e novas amizades.

Em uma dessas noites, enquanto exploravam uma boate animada, Mavis cruzou o olhar com Ethan, um empresário enigmático que parecia estar em um mundo à parte. Seu cabelo loiro brilhava sob as luzes coloridas, e havia algo nele que chamou a atenção de Mavis de maneira inexplicável. Ele tinha um charme irresistível, mas também uma aura de mistério que despertou sua curiosidade. A conexão entre eles foi instantânea, mas ao mesmo tempo, ela se sentiu intimidada por sua presença.

A música pulsava forte, o som vibrando no chão e se espalhando pelo corpo de Mavis. Ela estava ali, no meio daquela boate, como uma estrangeira em um mundo que nunca havia sido seu. A luz fraca e as sombras criavam um cenário de confusão e euforia ao redor, mas nada daquilo a tocava. Para ela, o lugar era um labirinto de rostos desconhecidos e promessas vazias. O cheiro de perfume, o suor, o som da conversa abafada — tudo se misturava em uma nuvem de desinteresse.

Era a última coisa que ela imaginava fazer naquela noite. Nunca se sentira confortável em ambientes assim. Ela sempre soubera que tinha um destino diferente, um caminho mais claro, um objetivo a ser alcançado. E boates, luzes piscantes e conversas vazias não faziam parte disso. Mas, como sempre, sua melhor amiga a convenceu. “Vai ser divertido”, ela dissera, com aquele sorriso entusiasmado. E Mavis, como sempre, cedeu.

Mas naquela noite, algo mudaria. Algo que ela não podia prever, algo que ela jamais poderia imaginar.

E então, no meio da confusão, ele apareceu.

Ele não era como os outros. Ele estava ali, quieto, como uma presença distante, um homem que parecia não se importar com a multidão ao redor. Seus olhos meio escuros, profundos, observavam a cena com uma intensidade que fez Mavis parar por um instante. Ele parecia desconectado de tudo, mas de alguma forma, ela sentia que havia algo em seu olhar que a chamava.

E então, como se o destino tivesse decidido que aquele era o momento certo, ele se aproximou. Não era uma aproximação comum, nem uma troca de palavras clichê. Era algo diferente, como se o mundo ao redor deles tivesse desaparecido por um breve segundo.

Ela não sabia o que aquilo significava, nem sabia como aquilo a faria questionar tudo o que conhecia sobre si mesma. Mas, naquele momento, algo em seu interior, algo profundo, despertou. O passado e o futuro se entrelaçaram. O destino os uniu de forma que nenhum dos dois poderia compreender naquela noite.

A noite terminou, e ela se afastou dele, como se nada tivesse acontecido, mas dentro dela, algo havia mudado. E o mais estranho: ela sabia que ele nunca a lembraria. Ele nunca saberia o impacto que ela causara. E ela, por sua vez, não sabia se queria se lembrar de tudo o que aquele encontro representava.

Porém, o destino, como sempre, tinha seus próprios planos. E a história entre Mavis e Ethan estava apenas começando.

Fim do prólogo.

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