Os dias que se seguiram à vitória sobre a Onça Negra foram marcados por uma calma tensa, como o silêncio que precede uma tempestade. Hakim havia se preparado para o ritual de passagem, um evento que não apenas marcaria sua ascensão como novo líder, mas também reuniria toda a tribo Nairóbi em uma celebração de renascimento e esperança. No entanto, uma sensação de inquietude pairava sobre ele, como se a floresta estivesse sussurrando segredos que ele ainda não conseguia entender.
Hakim estava sentado em sua cabana, observando os padrões de luz que dançavam nas paredes de madeira enquanto o vento assobiava suavemente através das folhas. A atmosfera estava carregada de energia, e ele sentiu que algo importante estava prestes a acontecer. Enquanto olhava para o espaço vazio ao seu redor, as lembranças de sua infância o invadiram — as histórias contadas à sombra das árvores, as lições aprendidas com sua avó, e a reverência que sempre sentira pela floresta.
Flashback: O ensinamento da avó
Ele se lembrava de um dia ensolarado, anos atrás, quando sua avó o levara até o centro da floresta. As cores vivas das flores e o canto dos pássaros criavam um ambiente mágico. Ela, com uma sabedoria que parecia vir de outra era, apontou para uma árvore antiga.
— Esta árvore, meu querido, é mais do que apenas madeira e folhas. Ela guarda as memórias de nossa gente. Nunca se esqueça de respeitar a natureza e aprender com ela. Cada folha tem uma história, e cada vento traz um aviso — dissera ela, com os olhos brilhando.
Aquelas palavras reverberaram na mente de Hakim enquanto ele refletia sobre seu papel como líder. Ele se perguntava se estava preparado para ouvir e interpretar os ecos da floresta, como sua avó sempre o ensinara. Com um suspiro profundo, ele se levantou e decidiu que precisava se conectar com a natureza antes do ritual.
O chamado da tempestade
Enquanto caminhava, a atmosfera ao seu redor começou a mudar. O céu, antes claro, foi gradualmente coberto por nuvens escuras, e o vento começou a soprar com mais força, como se a própria floresta estivesse chamando por ele. Os pássaros deixaram de cantar, e o silêncio que se instalou era ensurdecedor. Hakim sentiu uma pressão crescente em seu peito, como se uma tempestade estivesse se formando não apenas no céu, mas também dentro dele.
Ele seguiu em direção ao coração da floresta, onde a árvore antiga de sua avó ainda estava de pé, majestosa e imponente. Ao se aproximar, o vento aumentou, e ele pôde sentir a energia da natureza vibrando ao seu redor. Com a chuva começando a cair, ele fechou os olhos e respirou profundamente, tentando se concentrar.
— O que você quer me mostrar? — sussurrou, sentindo a umidade da terra sob seus pés e a força do vento em seu rosto.
Nesse instante, as folhas ao seu redor começaram a dançar de maneira frenética, e Hakim percebeu que não era apenas o vento; era algo mais profundo. Era como se a floresta estivesse viva, pulsando com informações e avisos que ele precisava decifrar. As imagens da Onça Negra e de outras criaturas dançavam em sua mente, misturando-se com memórias e visões de um futuro incerto.
A visão
Então, ele teve uma visão. A floresta estava em perigo. Seres sombrios, semelhantes a sombras, estavam invadindo seu lar, ameaçando o equilíbrio que ele tanto valorizava. Ele viu as pessoas de seu clã, desesperadas e lutando para proteger o que restava de sua terra. Hakim sentiu um arrepio ao perceber que sua jornada como líder não seria apenas sobre honras e tradições, mas uma luta pela sobrevivência.
Com essa revelação, o relâmpago iluminou o céu, e Hakim sentiu um chamado profundo dentro de seu ser. Ele sabia que precisava agir, não apenas como um guerreiro, mas como um líder sábio que buscava proteger seu povo. O tempo estava se esgotando, e a tempestade não era apenas climática — era um aviso de que o que estava por vir seria uma verdadeira prova de seu caráter.
Retornando ao clã
Hakim abriu os olhos, determinado. Ele não poderia ignorar o que viu. Com o coração acelerado, voltou rapidamente para a aldeia, sua mente fervilhando com planos e estratégias. O ritual de passagem poderia esperar; o clã precisava de liderança e proteção imediatas. Ele deveria reunir os guerreiros e preparar todos para a luta que se aproximava.
Ao chegar à clareira onde o ritual estava programado para acontecer, ele encontrou os membros do clã já se reunindo, ansiosos pela cerimônia. A atmosfera estava carregada de expectativa e esperança, mas Hakim sabia que a verdadeira batalha começaria em breve.
— Pessoal! — ele gritou, capturando a atenção de todos. — Precisamos falar! A floresta nos chamou e nos trouxe um aviso. Há um perigo se aproximando, e devemos nos unir para protegê-la e a nós mesmos!
As expressões nos rostos dos guerreiros mudaram de entusiasmo para preocupação. O murmúrio cresceu, e os olhos de Duncan se encontraram com os de Hakim, cheios de questionamentos.
— O que você viu? — perguntou Duncan, seu tom sério refletindo a gravidade da situação.
— Vi sombras ameaçando nossa casa. Precisamos nos preparar. A luta está prestes a começar, e não podemos nos dar ao luxo de subestimar o que está por vir — respondeu Hakim, sua voz firme.
Os guerreiros começaram a murmurar entre si, a ansiedade crescendo. Hakim sabia que aquele era o momento em que deveria assumir sua posição de líder, não apenas por direito, mas por necessidade.
— Juntos, somos mais fortes! — continuou ele. — Vamos nos reunir, armar estratégias e proteger nossa floresta e nosso povo. O ritual pode esperar, pois a verdadeira honra está em defender o que amamos.
Enquanto as nuvens escuras se aglomeravam sobre eles, os guerreiros do clã Nairóbi começaram a se unir, preparados para enfrentar o desconhecido. A tempestade que se aproximava não era apenas um fenômeno natural; era um reflexo da luta que eles teriam que enfrentar juntos. Hakim sentiu um misto de medo e determinação, sabendo que a verdadeira batalha pela sobrevivência estava prestes a começar.
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Atualizado até capítulo 63
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