O ar fresco da manhã penetrava nas copas das árvores, enquanto os primeiros raios de sol filtravam-se através das folhas, criando um espetáculo de luz e sombra no solo da floresta amazônica. Hakim estava determinado e focado, seus sentidos aguçados pela adrenalina da luta anterior. Agora, ele e os guerreiros do clã Nairóbi estavam prestes a embarcar na caçada que definiria seu destino e o de seu povo.
A Onça Negra, uma criatura lendária, era mais do que uma fera; era um símbolo de poder e resistência, e caçá-la significava trazer honra ao clã. Os guerreiros estavam reunidos em um círculo, cada um com expressões de coragem e determinação, mas também de apreensão. O líder xamânico havia convocado a caçada, e agora todos sabiam que a sobrevivência do clã dependia do sucesso da missão.
— Hoje, enfrentaremos não apenas uma besta, mas os desafios que a floresta nos impõe — começou Hakim, sua voz ecoando na clareira. — A Onça Negra não será fácil de derrotar, mas juntos, somos mais fortes.
Os olhares se voltaram para ele, e a energia coletiva do grupo cresceu. Era como se a própria floresta estivesse vibrando com a expectativa, as aves voando em círculos acima deles, enquanto os sons da vida selvagem preenchiam o ar. Hakim sentia a pressão nos ombros, mas também uma determinação renovada.
Com a decisão de que cada um deles desempenharia um papel crucial, o grupo se dividiu em pequenas equipes. Hakim ficou ao lado de Duncan e dois outros guerreiros, buscando uma abordagem estratégica. Eles sabiam que a Onça Negra era astuta e que enfrentar a criatura de forma direta poderia resultar em perdas desnecessárias.
— Precisamos usar o terreno a nosso favor — disse Duncan, examinando o mapa esboçado na areia com a ponta da lança. — Ela é rápida, mas podemos armá-la.
Hakim concordou, sentindo o peso da responsabilidade. Eles decidiram colocar armadilhas em pontos estratégicos da floresta, criando um labirinto de obstáculos que poderiam confundir a fera. À medida que se moviam, os sons da floresta se intensificavam, e Hakim não pôde deixar de sentir que algo estava observando-os, como se a própria Onça Negra estivesse ciente de sua presença.
As horas passaram e, enquanto a luz do sol se movia pelo céu, eles se aprofundaram na floresta. A vegetação era densa, os cheiros de terra e folhas molhadas envolviam Hakim como um manto. Ele podia sentir seu coração pulsar em sintonia com o ritmo da natureza ao seu redor. Mas, ao mesmo tempo, uma sensação inquietante o acompanhava, um aviso silencioso de que o verdadeiro desafio estava prestes a começar.
Finalmente, eles chegaram ao local onde haviam colocado as armadilhas. O som de galhos quebrando à distância atraiu sua atenção. Hakim sinalizou para o grupo parar. Um silêncio profundo tomou conta da floresta, como se até mesmo os pássaros tivessem parado para ouvir. E então, do fundo da vegetação, surgiu a Onça Negra.
A criatura era magnífica, seu pelo negro como a noite, seus olhos brilhando como duas brasas acesas na escuridão. Ela se movia com uma graça que desafiava a lógica, cada passo um espetáculo de poder e agilidade. Hakim sentiu a adrenalina correr em suas veias, o instinto de caçador despertando dentro dele.
— Agora! — ele ordenou, e os guerreiros se espalharam, cada um em busca de sua posição, prontos para executar o plano.
Duncan e Hakim, lado a lado, avançaram em direção à onça, enquanto os outros guerreiros se posicionavam em locais estratégicos, prontos para fechar o cerco. A Onça Negra, percebendo a movimentação, parou abruptamente, seus músculos tensos, pronta para atacar. Os olhos do animal fixaram-se em Hakim, e o jovem guerreiro sentiu uma conexão estranha, como se a besta estivesse avaliando-o.
Em um movimento ágil, Hakim lançou uma armadilha, uma rede feita de cipós e folhas que deveria prender a fera. Mas a Onça Negra, com uma rapidez surpreendente, desviou e atacou Duncan, que estava mais próximo. O golpe foi feroz, e Duncan caiu, sua espada escorregando de sua mão.
— Duncan! — Hakim gritou, a angústia cortando seu coração. Mas não havia tempo para hesitar. Ele precisava agir.
Com um impulso de determinação, Hakim correu na direção da fera, ignorando o medo que tentava paralisá-lo. Ele se lembrou das técnicas que tinha aprendido, da necessidade de controlar o medo e transformar essa energia em ação. A Onça Negra, percebendo seu movimento, virou-se rapidamente, mostrando suas garras afiadas e rugindo como um trovão na floresta.
Hakim desviou, rolando pelo chão coberto de folhas, levantando-se com agilidade. Ele estava preparado, e sua mente começou a formular um novo plano. Usando o ambiente, ele se escondeu atrás de uma árvore robusta, observando a Onça Negra. Enquanto a criatura se preparava para atacar novamente, Hakim utilizou uma das armadilhas que haviam preparado.
— Agora, vamos ver quem é mais astuto — murmurou para si mesmo, e com um movimento rápido, lançou um galho seco na direção oposta da Onça Negra. O barulho distraiu a fera, e Hakim viu sua chance.
A Onça Negra, confusa, voltou-se para o som, e Hakim aproveitou o momento. Ele avançou, sua lança erguida, mirando na parte mais vulnerável da criatura. O golpe foi preciso e cheio de intenção, e a Onça Negra rugiu de dor, seu corpo forte lutando para se desvencilhar da armadilha que o prendia.
Hakim sentiu uma onda de triunfo, mas também de respeito pela força do animal. Ele sabia que não era apenas uma caça; era uma batalha pela sobrevivência, e a Onça Negra merecia honra, mesmo sendo a adversária.
Com o ataque final, ele desferiu um golpe decisivo, a ponta de sua lança penetrando com firmeza. O rugido da Onça Negra ecoou pela floresta, mas na luta, Hakim também sentiu a perda. A natureza não é apenas uma inimiga, pensou ele, mas uma parte de nós. Cada criatura tem um papel, e aquele que caía ali não era apenas uma fera, mas um espírito forte da floresta.
A floresta pareceu silenciar novamente, e Hakim, ofegante, observou o corpo da Onça Negra, um símbolo de força e poder agora em silêncio. Ele havia conquistado a honra que seu clã tanto precisava, mas também sentia que um novo respeito pelas criaturas da floresta havia nascido dentro dele.
Os guerreiros começaram a se aproximar, e a vitória foi celebrada, mas no coração de Hakim, havia uma mistura de triunfos e reflexões. Ele sabia que aquela caçada era apenas o começo de uma jornada maior, um chamado para se tornar o líder que seu povo precisava.
Ao olhar para o céu, Hakim prometeu que honraria a memória da Onça Negra, não apenas como uma conquista, mas como um aprendizado sobre a vida, a morte e o que significa realmente liderar um clã.
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Atualizado até capítulo 63
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