Passei um bom tempo fazendo a massagem em Maya, e, para minha própria surpresa, não reclamei por isso. Pelo contrário, o toque de sua pele macia sob minhas mãos me chamava de uma forma quase irresistível. Cada movimento, cada suspiro suave que ela soltava, era como um convite. Eu estava me controlando, ou pelo menos tentando. Era sua primeira noite em minha casa, e já me sentia à beira de perder o controle, como um lobo que encontra uma presa indefesa, uma doce ovelha.
"Que diabos está acontecendo comigo?" pensei, tentando afastar a sensação que crescia dentro de mim. Olhei para ela, encolhida de dor e desconforto, os olhos grandes e inocentes, como se esperasse que eu resolvesse todos os seus problemas. Mas havia algo mais. A vulnerabilidade dela mexia comigo de um jeito que eu não estava preparado para enfrentar.
Eu me levantei bruscamente, me afastando da cama. Precisava de espaço, de distância para recuperar o controle sobre meus próprios pensamentos.
— Durma. —Ordenei de forma seca, ajustando a postura e tentando endurecer a voz para esconder qualquer traço do que realmente estava se passando em minha cabeça.
Enquanto saía do quarto, senti uma inquietação me consumir. Cada fibra do meu ser parecia atraída por aquela garota, e isso me irritava profundamente. Ela não era para mim. Eu não devia me sentir assim, não agora. Passei a mão pelos cabelos, frustrado, tentando afastar a ideia do que poderia ter acontecido se eu tivesse cedido por completo àquela vontade.
Caminhei pelo corredor da mansão, cada passo ecoando pesado, como se minha própria mente estivesse me condenando.
Droga, isso era só o começo, e eu já estava perdendo o controle.
[...]
Cheguei ao bordel, e os gritos de Tiffany e Adam já ecoavam no saguão, provocando uma onda de irritação imediata. Meus passos ressoaram pesados enquanto avançava pelo corredor, até que pude ouvir a discussão mais claramente.
— Você acha mesmo que eu quero ver essa tua bunda branca? Me poupe, gata! — gritou Adam, a voz carregada de sarcasmo, com seu sotaque brasileiro.
— Você abriu a porta quando yo estaba haciendo la chuca! ¡Aberración! — replicou Tiffany, misturando os idiomas como sempre fazia quando estava furiosa. Isso, por algum motivo, sempre me arrancava um riso, mas naquele momento só me deixou mais irritado.
— Que porra está acontecendo aqui?! — exclamei, furioso, ao finalmente entrar na sala.
Tiffany, com sua expressão dramática, se virou para mim com os olhos marejados.
— ¡Papá! Adam não está se comportando bien! — choramingou, tentando parecer a vítima.
— Eu?! Sua vagabunda! Mulher como tu é suja! — Adam retrucou, pondo as mãos na cintura, o que só acentuava a tensão ridícula entre eles.
Adam, com seu jeito extravagante e provocador, sempre encontrava motivo para brigar com Tiffany. Ele era homossexual e tinha uma língua afiada, o que fazia a convivência deles uma verdadeira bomba-relógio.
Eu respirei fundo, tentando manter a calma, mas minha paciência estava por um fio.
— Eu não quero mais nenhuma palavra sendo dita! Silêncio! — gritei, fazendo os dois se encolherem. — Tiffany, senta! Adam também! Mas que porra vocês têm na cabeça? Porque estão brigando?!
Os dois se sentaram, cada um com sua expressão de desdém e ofensa, mas ficaram quietos, pelo menos por enquanto. Eu sabia que isso não ia durar, mas pelo menos poderia tentar entender qual era o motivo dessa briga ridícula dessa vez.
— Adam, o que caralhos você fez dessa vez, seu merdinha?! — disse, massageando as têmporas em um esforço frustrado de manter a calma.
— Eu só abri a porta sem querer. Não sabia que a bruxa do setenta e um estava limpando o cu. — Adam disse, com uma expressão de falsa inocência.
— ADAM! — gritei, a raiva já subindo ao limite.
— Desculpe, senhor. Eu juro que não sabia que ela estava no banheiro — ele respondeu, mudando rapidamente a postura ao perceber que eu não estava brincando.
Eu me virei para Tiffany, que ainda estava se lamentando, exagerando em cada movimento.
— Tiffany, por que esse escândalo todo, porra?! Já te disse mil vezes pra trancar a porra da porta quando estiver se trocando ou se preparando. Temos milhares de clientes passando por aqui todos os dias, e vocês dois fazendo essa algazarra?! Quer que eu arranque a sua língua?!
Ela se encolheu instantaneamente, a expressão assustada misturada com seu habitual tom dramático.
— No, Papá... — murmurou, quase num sussurro.
— Vá pro salão junto com os outros. Eu vou passar a lista de pagamentos. E Adam — virei-me para ele com firmeza —, preciso falar com você.
Tiffany hesitou por um momento, como se quisesse se segurar ali. Talvez esperando algum gesto de afeto.
— Anda, caralho! — Disse, deixando um tapa estalado em sua bunda. Ela soltou um sorriso malicioso antes de finalmente sair, como se estivesse esperando exatamente por isso. Sempre fazendo joguinhos, provocando de forma que só ela sabia.
Quando a porta se fechou, voltei meu olhar para Adam, que ainda estava parado, sem saber se devia se explicar ou esperar outra bronca.
— Qual o seu problema, porra?! — tentei me acalmar, sentindo a pressão subir. — Adam, o que caralhos está acontecendo?
— Eu... — ele hesitou, parecendo finalmente à beira de soltar o que o incomodava. — Eu estou com inveja! — gritou, seus olhos se enchendo de lágrimas.
— Inveja de quê, porra?
— Delas! — ele disse, apontando dramaticamente para a porta. — Elas têm cabelos bonitos, grandes peitos, e eu não tenho nada! Eu queria pôr silicone, e você disse que não! Mas eu quero! — sua voz estava cheia de frustração, quase como uma criança em um surto de raiva.
Eu franzi a testa, ainda tentando entender.
— Porra, eu perguntei se você tinha certeza sobre essa merda! Eu não vou jogar minha grana no lixo.
— Mão de vaca! — ele choramingou, os braços cruzados de maneira dramática. — Você é milionário e age como um pobre! Eu tenho certeza do que quero! Eu quero silicone! E uma lace! Já viu drag sem cabelo pra bater?!
Eu passei a mão pelo rosto, tentando manter a calma diante daquele caos. “Drag?” O que diabos seria isso? Suspirei pesado, me preparando mentalmente para o que estava por vir.
— Se você quer essa porra, então eu vou te dar — disse, fixando o olhar nele — mas com uma condição.
— Aaaah, qual?! — ele gritou de alegria, praticamente pulando no meu colo, animado como uma criança no Natal.
— Se fizer outro barraco ou brigar com os outros aqui dentro, eu arranco essa merda na faca — disse firme, mantendo um olhar ameaçador.
Adam sorriu de orelha a orelha, os olhos brilhando de felicidade.
— Eu prometo, paizinho! — ele disse, enchendo meu rosto de beijos exagerados.
— Para com essa porra... — resmunguei, já sentindo meu corpo reagir à proximidade irritante e afetuosa dele. Meu pau me traindo mais uma vez, ficando duro por um simples afeto.
— Eu prometo não brigar mais — disse ele, pulando de alegria enquanto corria em direção à porta. — Vou arrasar na batida de lace! — Ele saiu da sala com uma animação que quase me fez rir.
Eu balancei a cabeça, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer.
O que diabos seria "Batida de lace" ?
Sempre fico confuso com toda essa merda. Pronomes, gêneros, homossexualismo… para mim, tanto faz. Não ligo para essa merda, desde que façam o que precisam fazer.
Saí da sala, indo direto para o salão. O ambiente estava repleto de diversas garotas de programa, stripers e dançarinas, também havia cantoras, todas sentadas nas cadeiras e poltronas, esperando pela lista de pagamentos. O som de murmúrios cessou assim que me viram entrar.
— Bom dia a todos — comecei, a voz firme como de costume. — Vamos à lista de pagamentos e abatimentos. Como toda semana, todos passarão pela vistoria médica. Fará todos os exames como sempre, porque eu quero garantir que a saúde de vocês esteja em dia. E se eu encontrar qualquer vestígio de drogas no sangue de vocês, eu juro que mato. — Fiz uma pausa, deixando a ameaça pairar no ar antes de continuar. — Enfim, todas as mulheres com útero vão para a sala doze. As sem útero, para a sala onze. Receberão o pagamento em cédulas. Também quero avisar que essa semana ficarei fora. Meu irmão, Maximus, estará no comando durante esses dias. Ele chega de viagem hoje à tarde.
Enquanto falava, percebi algumas reações de nervosismo e curiosidade sobre o novo comando temporário. Ninguém ousava interromper, no entanto.
— E por último — acrescentei — aqueles que precisarem repor suas "peças", como silicone, unhas ou outros caprichos, assinem na lista. Analisarei todos os pedidos com cuidado. — Finalizei, observando os olhares ansiosos que percorriam a sala.
O silêncio reinava por alguns segundos antes de começar a movimentação. Tiffany, ainda com o riso malicioso nos lábios, foi a primeira a se levantar, seguida pelas outras. Ela sempre me deixava com tesão, mas dessa vez... Não senti nada.
Desde a hora que falei com Maya, meus sintomas não se tornaram presentes.
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Atualizado até capítulo 39
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