Capítulo 5

Confronto na Linha de Frente

À medida que Jeimes se posicionava na trincheira, o barulho ensurdecedor da guerra enchia o ar. A tensão era palpável, e ele sabia que a qualquer momento a batalha poderia explodir. O comandante havia preparado os homens para o que estava por vir, mas nada poderia realmente prepará-los para o horror que enfrentariam.

Jeimes olhou para seus companheiros, os rostos cansados e marcados pelo medo, mas também pela determinação. Ele pensou em Amélia, na última conversa que tiveram, no beijo que trocara com ela. Esse pensamento o fortaleceu, alimentando sua esperança em meio ao caos.

Após um dia desgastante, Jeimes finalmente teve um momento de tranquilidade. Sentado em um canto isolado da trincheira, ele puxou um pedaço de papel e começou a escrever para Amélia.

Querida Amélia,

Espero que ao receber esta carta, você esteja em segurança e cercada de amor. A guerra aqui é feroz, mas em meio a tudo isso, seu rosto e suas palavras são meu refúgio. O som dos tiros e das explosões é constante, mas pensar em você me dá força para seguir em frente.

Eu sinto sua falta de uma maneira que palavras não podem expressar. Você me ensinou a ver a luz, mesmo nos momentos mais sombrios. A luta que enfrento aqui é imensa, e cada dia é um desafio, mas eu prometo que lutarei por nós e pelo futuro que sonho ao seu lado.

Por favor, continue orando por mim e por todos aqui. Sua fé é meu norte. Em breve, espero poder voltar e fazer com que a guerra fique apenas como uma lembrança distante.

Com amor,

Jeimes

Querido Jeimes,

Ao receber sua carta, meu coração se encheu de emoção. Saber que você está enfrentando desafios tão grandes me faz admirar ainda mais a sua coragem. Sinto sua falta a cada dia, e a lembrança do seu sorriso é o que me dá forças para continuar aqui, ajudando aqueles que precisam.

Eu rezo por você e por todos os soldados que estão na linha de frente. Você é um lutador, não apenas por sua vida, mas por tudo que acredita. A guerra pode ser cruel, mas sua fé e determinação são luzes que brilham mesmo nas horas mais sombrias.

Lembre-se de que você não está sozinho. Cada dia que passa, você está mais perto de voltar para casa, e eu estarei aqui, esperando por você. Enquanto isso, continue forte. Sua vida e suas escolhas têm um significado profundo, e mesmo que o caminho seja difícil, tenha certeza de que estou orando por você a cada instante.

Com todo meu carinho,

Amélia

Enquanto as balas zuniam ao redor e o cheiro de pólvora preenchia o ar, Jeimes se abaixou na trincheira, o coração acelerado e a mente em turbulência. Ele se lembrava da última carta que enviara a Amélia, repleta de esperanças e promessas. Mas agora, cercado pela realidade brutal da guerra, ele se questionava se conseguiria cumprir aquelas promessas.

Jeimes (pensando): “Deus, o que eu estou fazendo aqui? Amélia precisa de mim, e eu estou aqui, longe dela, lutando uma batalha que não sei se faz sentido. Será que sou realmente um lutador? Ou sou apenas um homem fugindo das expectativas?”

Ele respirou fundo, lembrando-se do sorriso de Amélia, de como suas palavras o aqueciam nos momentos mais difíceis. “Eu prometi que voltaria para ela. Eu preciso ser forte, não apenas por mim, mas por ela.”

Nesse momento de introspecção, ele sentiu uma onda de determinação. Ele não lutava apenas por si mesmo, mas por todos aqueles que amava, especialmente Amélia. Ele se levantou, decidido a enfrentar a batalha com bravura, mesmo que a incerteza o acompanhava.

Carta de Amélia

Após alguns dias, quando a batalha se acalmou um pouco, Jeimes recebeu uma nova carta de Amélia. Com as mãos trêmulas, ele a abriu, ansioso por suas palavras.

Querido Jeimes,

Estou escrevendo esta carta com o coração pesado, mas ao mesmo tempo cheio de esperança. A guerra continua a ser uma sombra constante em nossas vidas, mas a luz da sua presença, mesmo que distante, ilumina meus dias. Sinto sua falta de uma forma que é difícil de explicar. É como se uma parte de mim estivesse faltando.

As noites no abrigo são longas e cheias de desafios. Cada soldado que chega traz consigo uma história, e cada um me lembra de você. Estou tentando ser forte, mas há momentos em que a dor é tão intensa que eu só consigo me perguntar como você está.

Na verdade, tenho me perguntado se você está pensando em mim. Eu espero que sim. Quero que saiba que, enquanto você enfrenta seus próprios demônios, eu estou aqui, orando e torcendo por você todos os dias. Sua coragem me inspira a continuar, mesmo quando tudo parece sombrio.

Lembre-se de que você não está sozinho. Estou aqui, e estarei sempre aqui, esperando por você.

Com todo o meu amor,

Amélia

Resposta de Jeimes

Querida Amélia,

Receber sua carta foi como um raio de sol em um dia nublado. Suas palavras tocaram meu coração de uma maneira que eu não consigo descrever. Saber que você está pensando em mim, orando por mim, me dá força para enfrentar cada novo dia nesta guerra insana.

Eu também sinto sua falta, mais do que consigo expressar. A batalha é difícil, e há momentos em que a dúvida e o medo tentam me dominar. Mas, sempre que penso em você, lembro-me do motivo pelo qual estou lutando. Não é apenas por minha própria liberdade, mas por um futuro em que possamos estar juntos, longe deste horror.

As noites aqui são longas e frias, e a escuridão muitas vezes parece insuportável. Mas ao fechar os olhos, consigo imaginar seu sorriso, e isso me traz paz. Você é minha luz em meio a essa escuridão, e suas palavras me relembram que ainda existe esperança.

Estou fazendo o meu melhor para ser o homem que você merece. Cada tiro que ouço, cada momento de incerteza, só me faz querer voltar para você ainda mais. Eu prometo que voltarei. Prometo lutar, não apenas contra os inimigos que temos à nossa frente, mas também contra as sombras que tentam me afastar de você.

Por favor, cuide-se e continue sendo a força que você é. Estarei aqui, contando os dias até que possamos nos reunir novamente. Que Deus continue a nos guiar e proteger.

Com todo o meu amor e fé,

Jeimes

Jeimes se abaixou na trincheira, sentindo a lama úmida em suas mãos enquanto o cheiro acre de pólvora queimava suas narinas. O som dos tiros à distância se misturava com o zumbido constante das bombas explodindo ao longe, e a terra sob seus pés tremia como se estivesse viva, protestando contra a destruição.

Ele olhou ao redor, vendo seus companheiros de batalha, homens exaustos, sujos e de olhos vazios, sentados nas trincheiras como sombras do que já foram. Alguns murmuravam orações, outros simplesmente olhavam fixamente para o horizonte, esperando o próximo ataque. A linha de frente não perdoava. Ali, o medo era constante, e a morte parecia espreitar a cada curva da terra devastada.

Jeimes apertou seu fuzil com força, sentindo o peso não só da arma, mas da responsabilidade que carregava. Como atirador, ele sabia que sua mira tinha o poder de proteger seus amigos, mas também tirava vidas. Ele não era mais apenas o filho do pastor, o homem que fugira do destino traçado por seu pai. Aqui, ele era uma peça em um jogo brutal que ele mal conseguia compreender.

“Deus, o que estou fazendo aqui?

O som de uma explosão próxima o fez encolher os ombros, mas, ao fechar os olhos por um breve instante, ele conseguiu ver o sorriso de Amélia, seu rosto iluminado pelas tardes que passaram juntos no acampamento da Cruz Vermelha. Era esse sorriso que o mantinha lutando, mesmo quando tudo parecia perdido. Ele prometera voltar para ela. Prometera ser o homem que ela merecia.

Mas, cercado por lama, sangue e morte, Jeimes não podia evitar a dúvida. “Será que sou forte o bastante?”

Ao abrir os olhos novamente, o cenário desolador da linha de frente estava diante dele, tão cruel quanto antes. E, no meio de toda aquela destruição, ele se ergueu, decidido. Mesmo que a guerra o devorasse por dentro, o amor por Amélia e a promessa de um futuro o mantinham de pé.

Inimigos a espreita

Enquanto Jeimes mantinha a vigília, o silêncio pesado da madrugada foi interrompido por uma leve movimentação à distância. Seus olhos, acostumados à escuridão, captaram algo. Levantou o binóculo, sentindo o coração acelerar. Ao focar, ele viu quatro silhuetas se movendo furtivamente entre os destroços e árvores devastadas.

Sem perder tempo, Jeimes agarrou o fuzil e, com a mira ajustada, confirmou que se tratavam de soldados inimigos, avançando em direção à sua posição. A tensão no ar ficou palpável, e ele sabia que cada segundo era precioso.

Jeimes sinalizou para os poucos soldados que estavam por perto, e todos se prepararam em silêncio. Seu corpo estava tenso, mas seus movimentos eram calculados. As mãos seguravam firmemente a arma, e sua respiração, agora mais controlada, era o único som que ele ouvia além do leve vento e do farfalhar das árvores.

Ele calculou a distância. Eles estavam se aproximando perigosamente da linha. Um passo em falso poderia revelar a posição de sua unidade. Jeimes sabia que não havia espaço para erros. O dedo hesitou sobre o gatilho, enquanto sua mente avaliava todas as opções.

Ele pensou em Amélia, nas cartas que trocavam. A imagem dela lhe trouxe um breve conforto, mas logo a realidade o puxou de volta. Ele não estava apenas lutando por sua própria vida; estava lutando para proteger seus companheiros e aquele futuro com ela que ele tanto desejava.

Finalmente, o momento chegou. Jeimes prendeu a respiração e, com um disparo calculado, fez com que o primeiro inimigo parasse de avançar. Os outros três imediatamente se abaixaram, mas Jeimes estava preparado. Em um rápido movimento, ele reajustou a mira, neutralizando a segunda ameaça antes que pudessem reagir.

A tensão no ar aumentava a cada segundo, mas Jeimes estava focado. Sabia que não podia vacilar. Os dois últimos soldados tentaram se reorganizar, mas com precisão e uma calma treinada, Jeimes impediu que chegassem mais perto.

O confronto durou apenas alguns minutos, mas parecia uma eternidade. O som dos disparos ecoava em seus ouvidos, e a noite, que antes parecia calma, agora estava carregada de uma energia nervosa. Jeimes abaixou o fuzil, respirando fundo, enquanto o silêncio voltava a dominar o campo.

Seu corpo estava rígido, e a adrenalina corria solta, mas ele sabia que, naquele instante, havia feito o que era necessário. Ele não era apenas um soldado naquele momento; era um homem lutando não apenas contra um inimigo visível, mas contra as incertezas e a brutalidade da guerra.

Seus companheiros o olharam com gratidão silenciosa, cientes de que aquela vigília havia evitado algo muito pior. Mas para Jeimes, a batalha interna continuava. Ele se perguntava quantas vezes mais precisaria enfrentar aquela escuridão antes de encontrar um verdadeiro descanso.

AMELIA:

Amélia estava exausta. O peso da guerra já não era apenas físico, mas emocional. Seus pés estavam doloridos de tanto correr de um lado para o outro, cuidando dos feridos que chegavam em ondas, mas o cansaço mental era muito mais difícil de suportar. As horas sem dormir, os gritos de dor, as despedidas entre os soldados e suas cartas finais eram marcas profundas em sua alma.

Amélia (pensando): “Quanto mais? Quantos mais teremos que perder para essa guerra?”.

Ela parou por um momento, olhando para as macas alinhadas no abrigo, cada uma ocupada por um homem que havia visto horrores. A dor em seus rostos era como um espelho do sofrimento que ela própria sentia. Mais uma vez, ela se lembrou de Jeimes, de como ele também estava lá fora, arriscando a vida a cada segundo.

Amélia limpou o suor da testa e passou as mãos pelo rosto, lutando contra o impulso de ceder à desesperança.

Ela sussurrou para si mesma, quase em uma oração: “Deus, eu não aguento mais perder essas vidas. Por favor, dê-me força para continuar. Que isso tenha um propósito. Que Jeimes e todos esses homens tenham uma chance de voltar para casa.”

Apesar de tudo, havia algo que a mantinha em pé: a certeza de que, enquanto ela pudesse fazer algo, mesmo que pequeno, salvar uma vida, aliviar uma dor, seu trabalho não seria em vão.

Numa tarde cansativa, Amélia estava organizando os medicamentos quando, de repente, sentiu-se fraca e precisou se sentar. Uma colega enfermeira, que estava próxima, rapidamente segurou seu braço.

Enfermeira: “Amélia, você precisa descansar. Está trabalhando demais.”

Amélia, com a voz trêmula: “Eu... eu não posso. Eles precisam de mim.”

Enfermeira: “Se você se esgotar até o limite, não vai conseguir ajudar ninguém. Amanhã chegarão mais voluntárias. Vou falar com o médico responsável para que te dê um dia de descanso. Vá para casa, ficar com sua avó. Ela deve estar morrendo de saudades.”

Amélia ia recusar, sentindo que sua responsabilidade era maior que seu cansaço. Mas a enfermeira, com um tom mais firme, continuou:

Enfermeira: “Eu sei que está ficando por causa do seu soldado, e entendo. Mas eu tenho certeza de que, se ele visse o estado em que você está agora, não aprovaria. Ele quer que você se cuide também.”

As palavras da colega tocaram Amélia profundamente. Ela sabia que precisava de forças para continuar ajudando, mas também sabia que Jeimes, se soubesse, não ficaria feliz vendo-a tão exausta.

Antes de partir para sua cidade natal, Amélia sentou-se com um papel em mãos, o coração pesado, mas sabendo que precisava enviar uma última mensagem para Jeimes antes de sua breve partida. Com as mãos um pouco trêmulas, ela começou a escrever.

Querido Jeimes,

Espero que esta carta o encontre bem, ou o melhor que pode estar em tempos como este. A guerra continua a levar mais do que deveríamos suportar, e meu coração pesa com cada soldado que perdemos. A exaustão tomou conta de mim, e o médico sugeriu que eu descansasse por um tempo. Estou voltando para casa, para ficar com minha avó por alguns dias.

Apenas o pensamento de você me faz seguir em frente. Fico imaginando como está, se está seguro, e rezando para que Deus te guarde e te traga de volta são e salvo. Não há um dia sequer em que não penso em você, no homem forte e corajoso que conheci aqui, e em como sinto sua falta.

Eu sei que, mesmo que estejamos longe, o que nos une é mais forte que a distância. Quando eu voltar, quero estar renovada, pronta para enfrentar o que vier, por você e por todos os outros que precisam de mim.

Fique bem, meu soldado. Estou orando por você todos os dias.

Com todo o meu amor e esperança,

Amélia

Ela fechou a carta com cuidado, e antes de enviá-la, segurou o papel por um momento, sussurrando uma oração silenciosa. Depois, enviou a carta com a esperança de que suas palavras chegassem a Jeimes antes de sua partida.

Quando Amélia recebeu a carta de Jeimes, estava na varanda da casa de sua avó, aproveitando a tranquilidade do campo. O som dos pássaros ao redor contrastava com as lembranças da guerra que ainda martelavam em sua mente. Ao abrir a carta, um calor invadiu seu coração. As palavras de Jeimes, apesar de simples, tinham o poder de lhe trazer conforto em meio a tanta incerteza.

Querida Amélia,

Espero que esteja se cuidando. Sua carta chegou até mim e, quando li, fiquei muito preocupado. Sinto que o médico tomou a decisão certa ao lhe dar uns dias de descanso. Aproveite esses dias com sua avó e recupere as forças, tanto físicas quanto emocionais. Você é tão forte, e eu sei o quanto precisa de um tempo para se recompor.

Por aqui, as coisas continuam difíceis, mas suas palavras sempre me dão força. Saber que está bem, mesmo à distância, me conforta. Descanse bastante, minha querida, e saiba que estarei aqui te esperando. Meu sol em meio à escuridão.

Com todo o meu carinho,

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Comments

Fatima Rubio

Fatima Rubio

gostei❤️

2024-10-20

0

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