Capítulo 4

P.o.v -Bruno

Algumas semanas depois daquele incidente com Leon, eu estava sentado na delegacia, trabalhando com o Breno. O silêncio da sala só era interrompido pelo som dos papéis e teclados, até que não aguentei mais guardar o que estava me incomodando.

-Acredita que aquele filho da puta do Leon me bateu? - soltei, sem olhar pra ele.

Breno arregalou os olhos, visivelmente espantado.

-Ué... por que ele te bateu? - perguntou, sem entender.

Suspirei e expliquei com certo desgosto.

-Porque fui me meter entre ele e a Maria. Ele tava tentando pegar a Maria à força.

Breno soltou uma risada irônica.

-Eita... e você foi dar uma de herói, salvando a princesa? — Ele achava que era piada.

Olhei sério pra ele, sem nenhum traço de humor no meu rosto.

-Nunca mais. Por mim, ela morre.

Breno apenas murmurou algo, sem se aprofundar mais no assunto. Ele sabia que eu falava sério.

Nesse momento, um policial entrou na sala, quebrando o clima.

-Bruno, tem uma moça te chamando lá fora - ele disse.

-Qual o nome dela? - perguntei, me levantando e ajeitando a camisa.

-Ela não falou.

Breno não perdeu a chance de tirar sarro.

-Iiii, Bruno... já de encontrinhos com gatinhas?

Revirei os olhos.

-Eu não, já sou comprometido - falei, com um tom seco, e saí da sala.

Chegando lá fora, avistei Maria encostada na minha moto, esperando com um sorriso nos lábios. Suspirei ao vê-la. A última coisa que eu queria naquele momento era lidar com as provocações dela.

-O que você veio fazer aqui? - perguntei, já me preparando mentalmente para mais uma das suas cenas.

Ela abriu um potinho de brigadeiros e me mostrou, com aquele sorriso que misturava doçura e malícia.

-Trouxe pra você.

Olhei desconfiado para o pote.

-Quem fez?

Ela deu de ombros, como se a resposta fosse óbvia demais.

-Eu não sei... eu comprei.

Peguei o pote sem muito entusiasmo.

-Vou comer depois do meu intervalo.

Maria sorriu e deu mais um passo em minha direção.

-Tá bem... Trouxe como pedido de desculpas.

Franzi a testa.

-Desculpa pelo quê?

-Esquece... - ela disse, mordendo os lábios e se aproximando mais.

Eu sentia o calor dela, e aquilo sempre me deixava desconfortável. Maria tinha esse poder de me desestabilizar, de um jeito que eu não gostava. Ela sempre estava tão próxima, mas ao mesmo tempo parecia que estava me testando.

-Você sempre tão sério... acho sexy.

Eu não sabia se ria ou se afastava. Olhei pra ela, sentindo uma confusão dentro de mim. Por que ela fazia isso? O que ela via em mim?

-O que você tanto vê em mim? - perguntei, finalmente.

Ela sorriu e encostou nossos corpos.

-Como assim? - provocou, agora pegando em meu ombro.

-Parece que ao mesmo tempo você gosta de mim e me odeia - falei, confuso com esse jogo dela.

-Claro que não te odeio... - ela murmurou, pegando minha nuca e me puxando para mais perto. -Eu sei que você quer, só está com medo...

Antes que pudesse responder ou reagir, Breno apareceu na cena, totalmente espantado.

-Meu Deus! - ele disse, chocado.

Me afastei de Maria, tentando disfarçar.

-Não é o que parece - tentei explicar, mas sabia que soava ridículo.

Maria apenas olhou pra Breno com um sorriso malicioso.

-Vo... vo... vocês se conhecem?! - ele gaguejou, surpreso.

Suspirei.

-Sim, conheço ela desde que ela tinha 14 anos.

Breno parecia mais confuso ainda.

-Mas... você disse que ela nem sabia da nossa existência...

Maria aproveitou a deixa, colocando o braço ao redor do meu pescoço.

-É porque ele é ciumento... não quer que nenhum homem saiba sobre mim.

Ela ria, mas eu só queria sair dali.

-Ela não sabia da sua existência, Breno - disse, tentando encerrar o assunto.

-Mas agora eu sei - Maria riu de novo. -Podemos marcar de sair qualquer dia desses.

Eu sabia que ela estava só provocando, mas tinha que dizer algo.

-Não podemos sair muito, eu trabalho demais.

Ela não perdeu tempo.

-Não falei com você, e sim com ele. - E sorriu, jogando mais lenha na fogueira.

Olhei sério pra ela, depois ri debochado.

-Vish, desse aí você não vai arrumar nada. Ele morre de medo de você.

Breno ficou visivelmente desconcertado.

-Cala a boca! - ele resmungou, sem jeito.

Maria riu.

-Ué... por quê?

Decidi provocar mais um pouco.

-Ele não sabe lidar com pessoas fortes como você. Tem nojo de sangue... passou sete dias sem comer carne depois que viu a peneira.

Maria riu, confusa.

-Peneira?

-Aquele ficante seu que você matou.

Ela revirou os olhos, mas deu uma risadinha.

é...eu vou nessa..... acho que estão me chamando lá dentro - Breno não aguentou mais a pressão e saiu correndo, visivelmente desconfortável. Ri da reação dele, depois olhei para Maria, tentando encerrar aquilo.

-E você já pode ir.

Ela fez beicinho.

-Affs, eu não ganho nenhum beijo?

-Por que eu te daria um beijo?

Ela me encarou, desafiadora.

-Ué... por que você daria um beijo em uma mulher?

Respondi com a primeira coisa que veio à cabeça.

-Eu beijo alguém por vários motivos. Talvez porque eu gosto mais... na hora do sexo.

Maria revirou os olhos e, antes que eu pudesse reagir, me puxou pela gola da camisa e me beijou. Retribuí, sem muita escolha. E, enquanto aquilo acontecia, um pensamento me atravessou: "Por que o beijo dessa doida é gostoso?"

Nos encostamos mais, e o beijo foi ficando intenso. Senti suas mãos na minha nuca, e acabei correspondendo, pegando em sua cintura com uma mão e com a outra em seu rosto, mesmo sabendo que deveria parar.

Quando finalmente nos separamos, ela mordeu meus lábios e riu.

-Nada mal... - ela disse, com aquele sorriso que sempre me deixava desconfortável. -Então eu te deixo excitado.

Tentei disfarçar, mas já era tarde.

-Isso normalmente acontece comigo. Não é nada demais - menti, tentando não parecer afetado.

Ela riu mais ainda e se afastou.

-Ok... vou indo. Gostei do beijo. A gente se vê.

E saiu, como se nada tivesse acontecido. Suspirei fundo, voltei pra sala e me sentei.

Breno estava lá, me olhando com um sorriso maroto.

-Iiii...

-O que foi? — perguntei, confuso.

-Sua boca tá suja de batom. Pelo visto, vocês se beijaram, né?

Limpei o batom com um lenço, irritado.

-Ela me beijou à força... e eu não recusei.

Breno riu.

-Pelo visto ela gosta de você, né?

Suspirei.

-Acredito que sim... mas é muito estranho isso.

-Por quê?

-Ela é mais nova que eu... e tem meio que um amor possessivo por mim.

Breno balançou a cabeça, preocupado.

-Você sabe que, se machucar a filha do Gustavo, ele te mata, né?

-Eu não vou machucar ela... não estou ficando doido.

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Comments

Miguel Santos

Miguel Santos

ele tá traído a julia

2024-12-09

1

Emmy Yibo

Emmy Yibo

Chocada! Bruno seu safado seu trouxa burro está caindo nas garras dessa psicopata.

2024-11-03

1

Ver todos

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