Capítulo 3

P.o.v -Maria

Naquela noite, o cheiro forte da boate misturava-se com o gosto da bebida cara. Eu estava no canto VIP com Kevin, um dos meus casos, e minha amiga Taís, rindo e bebendo, como sempre. A luz pulsava com a música, fazendo tudo ao redor parecer uma cena surreal, borrada pelo álcool e pela excitação do momento. Eu me sentia no controle, como sempre.

Saímos para fumar lá fora. Eu e Taís empurramos a multidão com descaso. Esbarrei em alguém, mas não me importei. Estava mais preocupada em acender o cigarro e continuar a conversa. Quando finalmente respiramos o ar pesado da rua, acendi meu cigarro e soltei a fumaça com prazer.

De repente, ouvi o som de um carro parando perto de nós. Virei-me e vi Leon. Ele saiu do carro com aquele sorriso de sempre, cheio de confiança.

-E aí, gatas? - ele disse, como se fosse dono do mundo.

Eu sorri.

-E aí, Leon.

Ele quis que eu fosse com ele. Claro, ele sempre queria. Mas, naquela noite, eu estava com Kevin e Taís. Não estava no clima para me divertir com Leon.

-Tô acompanhada, mas valeu - respondi, com um meio sorriso, tentando encerrar a conversa.

Leon, no entanto, puxou-me para mais perto, insistente.

-Só um pouquinho... - disse ele, seu rosto perto demais do meu.

Ri, tentando me afastar, mas Taís percebeu a tensão e tentou me puxar de volta. Leon não deixou. Antes que eu percebesse, ele me pressionou contra o carro e tentou me beijar à força. Meu corpo reagiu por instinto, empurrando-o com força.

-Leon, você é tão iludido - disse, rindo com deboche.

Ele parou e me olhou com confusão.

-O quê?

Aquele olhar arrogante. Não aguentei. Peguei no pescoço dele, minhas unhas cravando-se em sua pele com força, e vi o medo em seus olhos por um breve momento.

Foi então que os capangas dele apareceram, armas apontadas. Eu ouvi a voz de Bruno atrás de mim, reconhecendo-a de imediato, mas não me virei.

-Vamos acabar com esse showzinho aqui, Leon - ele disse, aproximando-se.

O olhar de Leon mudou, mas ele ainda estava orgulhoso demais para recuar. Quando Bruno mostrou o distintivo, vi o dilema nos olhos de Leon.

-Sou primeiro tenente da polícia - Bruno disse, firme.

Soltei o pescoço de Leon e fui para perto de Taís.

-Ninguém está em guerra aqui - falei, minha voz fria e controlada.

Leon riu, mas foi uma risada amarga.

-Está no lugar errado, policial.

O soco veio rápido, atingindo Bruno em cheio no rosto. Júlia, a namorada dele, gritou. Bruno só sorriu, aquele sorriso debochado. Ele olhou para mim, e naquele olhar estava o pedido: "Faz alguma coisa."

Eu sorri, maliciosa.

-Leon... eu te desafio a bater mais nele.

Júlia ficou horrorizada.

-Você está louca?!

Eu sabia que estava. Mas também sabia que era a única que poderia controlar a situação. Leon me olhou, confuso. Antes que ele pudesse reagir, tirei uma presilha afiada do meu cabelo e a enfiei com toda a força na perna de Leon. Ele gritou, caindo no chão.

-Vadia!

Os capangas de Gustavo, meu pai, apareceram do nada, armados, apontando para os homens de Leon.

-Melhor se afastarem. Aqui é território da máfia do Gustavo - um deles disse.

Bruno deu alguns passos para trás, a tensão entre nós crescendo a cada segundo. Eu me aproximei dele, toquei seu rosto onde o soco havia deixado uma marca visível.

-O que foi, cachorrinho? - perguntei, um sorriso perigoso nos lábios.

Júlia me empurrou com força, tirando minha mão do rosto dele.

-Você é louca!

Leon, vendo que estava em desvantagem, fez sinal para seus homens. Ele foi embora, sendo ajudado por um deles, ainda segurando a perna ferida.

Bruno puxou Júlia para perto e murmurou algo no ouvido dela, tentando acalmá-la. Aquela intimidade me irritou profundamente. O ciúme queimou dentro de mim como uma chama descontrolada.

-Bruno, você vai se arrepender de suas escolhas - disse, sorrindo com a mesma maldade de sempre.

Bruno me olhou sério.

-Vamos embora, Júlia. Por hoje já deu.

Enquanto ele se afastava, senti o vazio crescer dentro de mim. As lágrimas começaram a cair, mas eu as limpei com raiva. Não deixaria ninguém me ver assim.

"Deveria ter deixado ele te matar..." - pensei, amargurada.

Taís tentou me consolar, mas eu a empurrei.

-Sai!!! Vai embora!!!! - gritei, sentindo cada parte de mim se despedaçar um pouco mais.

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