Capítulo 12 - Não deviamos ter deixado acontecer

Ao nascer do sol, James continuava na praia, de frente para a pousada, ansioso e preocupado, à espera de sinais de Win e Sun, que até ao momento não tinham voltado.

Dean e Jessi juntaram-se a ele, quando de repente os viram ao fundo, a chegar. James correu ao encontro deles, seguido de Dean e Jessi e quando os alcançou, imediatamente abraçou Sun, com os olhos cheios de um misto de preocupação e alivio:

" - Sun!!! Imaginas o quanto estavamos preocupados contigo? Quase morri de susto! Onde é que estiveram?"

" - Calma James... Ainda não morri. Win encontrou um sitio para nos abrigarmos, está tudo bem." - Respondeu Sun, com cara amarrada.

" - Obrigado por o manteres a salvo, Win..." - James virava-se agora para Win.

"- Não fiz nada."- A cara de Win não estava melhor que a de Sun.

James, Dean e Jessi podiam dizer, só de olhar para eles, que algo não estava bem.

Quando Jessi se preparava para perguntar, Jake saiu a correr da pousada, furioso, em direção a Win, agarrou-lhe a camisa pelos colarinhos. Win nem se mexeu e manteve a cabeça baixa e os olhos fixos no chão. Parecia ter lágrimas a formarem-se nos olhos, mas Jake apenas gritava:

"- O que é que lhe fizeste? Tens ideia do que se passa? Como é que podes desaparecer com ele assim? És algum idiota?!"

Win não se mexeu e não falou. Dean, Jessi e James correram para afastar Jake dele, que tentava agora livrar-se de todos os braços que o prendiam para avançar de novo em Win. Sun agarrou num braço de Jake e gritou:

"- Podes parar com isso Jake? JÁ!! Anda, vem comigo!"

Jake ainda lutou para se livrar deles, que continuavam a segurá-lo, mas ao perceberem que ele estava a acalmar,  deixaram-no para ele seguir Sun, para dentro da pousada...

Dean aparoximou-se de Win e perguntou:

"- Mas que raio se passa contigo? Nem sequer respondeste... Não retaliaste... Isso não parece teu."

" - Estás bem Win? Desculpa-me por este comportamento de Jake. Acho que estamos todos nervosos devido à preocupação com Sun." - intromete-se James.

"- Está tudo bem... Eu entendo. Desculpem-me." - responde Win sem olhar para Dean.

"- Mano, por favor... Diz-me o que se passa?" - Volta Dean a questionar, com um ar aflito.

"- Nada... Devo estar apenas cansado. Voçês dois dão conta da pousada por hoje? Precisava tirar umas horas, para poder descansar..." - Pede Win, sem tirar os olhos da areia.

"- Claro! Isso nem se pergunta... mas, de certeza que não precisas de nada? Eu posso ir contigo até casa, levar-te algo para comer talvez..." - questiona Jessi.

" - Não. Está tudo bem. Só preciso mesmo de um tempo. Obrigado." - E sai, a caminho de casa.

Já no salão, Dean, Jessi, James e todos da equipa de segurança, menos Jake que continuava no quarto de Sun, estavam sentados na mesa, tomando o pequeno almoço.

" - Tenho a certeza que alguma coisa aconteceu. Win não é assim... Normalmente, se alguém se atirasse nele como Jake fez, não ia ficar em bom estado. Não percebo esta atitude." - Dean continua intrigado.

" - Estás a dizer que preferias que Win tivesse nocauteado Jake?" - pergunta Jessi de sobrolho franzido.

"- Claro que não... Não é isso que quero dizer, mas, Jessi...Tu sabes o que eu estou a dizer.. Também conheces o Win..."

" - Eu sei... Mas não vale a pena pensares nisso agora. Quando ele estiver pronto, ele vai falar connosco..."

Dean assentiu com a cabeça  e James começou:

"- Também tenho a certeza que se passa algo. Sun estava estranho também... Mas, agora não nos resta mesmo nada, a não ser esperar que eles falem... Vamos dar-lhes um tempo..."

Jun e Mike entreolham-se, comunicando apenas com o olhar, o que imaginavam ter acontecido...

Já em casa, Win limitou-se a sentar-se no sofá, olhando para o vazio.

Sua avó, que estava lá fora e não tinha dado pela sua chegada, entrou, sentou-se ao seu lado e falou, com a voz doce e calma do costume:

" O que se passa, filho? Estavam todos muito preocupados na pensão. Mas eu sabia que tu estarias bem, embora agora não me pareças... O que se passou?"

Win nunca chorava.... Nem quando os pais dele morreram ele chorou, mas ali, naquele momento, ele começou a chorar desesperadamente, nos braços da avó...

" Oh, meu querido!"- Disse ela, enquanto o abraçava forte e o deixava deitar para fora, tudo o que estava guardado no seu coração, agora ferido.

Depois de um longo tempo, Win conseguiu finalmente controlar de novo as emoções que deixou que vencessem naquele momento e olhava para a sua avó, que esperava pacientemente que ele lhe dissesse o que se passava, com um olhar preocupado no rosto.

" - Sei que ontem saiste com Sun, para lhe mostrar a ilha brilhante... Quando vi a chuva começar a cair, sabia que não voltarias, mas... Isso não é motivo para ficares assim, desta maneira. Algo se passou, não foi filho? Eu sei, e sinto que desde que estes hóspedes chegaram que tu estás diferente... Andas nervoso, ansioso, mal dormes ou comes... O que se passa?"

Win limpa as últimas lágrimas que teimam em cair, funga e responde:

" - 'Vó, se eu tivesse a resposta a essas perguntas... Eu próprio as faço a mim mesmo... Eu não faço ideia do que se passa comigo..."

" Meu amor... Por favor... Diz-me que não se passou o que eu acho que se passou... Por favor, diz-me que é mentira..."

A avó de Win sempre soubera que Win amava pessoas e não géneros, e sempre o apoiara em tudo na vida, por isso Win estava confuso do porquê do tom de desespero na voz dela, diante aquela possibilidade, mas ele nunca conseguia  mentir a sua avó...

" - Não posso 'vó.... Não posso dizer-te que não se passou... Porque foi exatamente isso que estás a pensar, que aconteceu..."

A avó dele tinha agora terror nos olhos, desespero.... medo...

" - Não...Não... Meu querido... Por favor, peço-te por tudo nesta vida... Podes amar qualquer pessoa neste mundo, menos Sun... Por favor... Promete-me que isso acabou naquela gruta, onde começou... Isso tem que parar já!!" - A voz era de súplica...

Win agarrou as mão dela, tentando acalmá-la:

" - 'Vó, o que se passa? Porque é que estás a dizer isso??" - Win estava muito confuso.

" - Por favor meu querido... Não me faças perguntas. Promete-me apenas que vais acabar com isso..."

" - Vó...."

Ela interrompe:

" - Promete-me apenas, Win!"

" - Vó, não preciso prometer-te nada. Ele já deixou bem claro que não existe nada entre nós. Para ele, foi apenas uma noite. Mas podes explicar-me o porquê dessa tua aflição?"

" - Ótimo! Ainda bem que é assim, é o melhor. Sinto muito que estejas a sofrer, mas é melhor assim... E, apenas não me faças perguntas... Vou ver se Dean precisa de algo na pensão, tenta descansar..."

A avó saiu, quase a correr, não lhe dando espaço para mais nenhuma pergunta, e Win ficou parado no mesmo sitio, completamente perdido, sem entender aquela reação da avó.

Porque é que ela não queria que ele se envolvesse com Sun? O que era aquele pânico que ele viu no olhar dela?

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