Me mudei para Palmas _Tocantins

Cheguei ao cemitério, me certifiquei que estou bem disfarçada, desci e fui em direção a campa da família, quando cheguei perto a cerimônia havia acabado e Caleb estava sozinho, de joelhos chorando, fiquei olhando e cheguei me mexer para ir até onde ele estava, mas vi Sophia chegando e Caleb levantou abraçou Sophia e assim ficaram, como você quer que eu acredite em você? Voltei para trás e segui meu caminho. Cheguei no apartamento, Suzy estava desesperada. _ Nossa, Léa, achei que tinha te acontecido alguma coisa, cheguei e você não estava. _ Fui ao cemitério e vi o Caleb, quase fui falar com ele, mas Sophia chegou e ficaram abraçados. Eu saí e vim embora, ele é muito descarado, levou a amante no meu enterro. _ Ela está o tempo todo envolta dele, mas eles não têm nada, eu tenho certeza disso, ainda acho que você deveria conversar com ele, você está tirando o direito dele ver o filho dele nascer. _ Para Suzy, eu vi os dois juntos, assim que a poeira abaixar eles vão viver juntos, agora não serei mais um empecilho, e meu filho é problema meu. _ Para onde você vai? _ Eu ainda não sei, mas assim que me estabelecer te aviso. _ Fica mais uns dias, quem sabe você muda de ideia. _ Não, minha amiga, o Douglas pode vir te visitar e me ver, vou embora e te agradeço por ter me ajudado. E desculpa ter te envolvido nesse problema. Nos abraçamos e despedimos, parti, cheguei na rodoviária e olhei no telão. Apareceu próximo ônibus a partir para Palmas, Tocantins, saindo daqui a 10 min. Fiquei olhando o letreiro e me decidi. Vou para Palmas, fui ao guichê, comprei a passagem e subi no ônibus, sentei e assim comecei minha nova vida. Sem saber como vou sobreviver, a vida já me deu vários tombos e me levantei. Esse só vai ser mais um. Coloquei a mão em meu ventre e agora não estou mais sozinha, tenho um ser crescendo dentro de mim e vai precisar que eu seja forte. Sentei ao lado de uma senhora simpática, Marcia Gael, que começou a conversar comigo. _ Menina, o que você vai fazer em Palmas? Resolvi contar uma meia verdade. _ Estou fugindo do meu marido, ele é muito agressivo.

_ Porque não denuncia ele para a polícia?

_ Ele é um homem influente, estou grávida, tenho medo dele tirar meu filho.

_ Entendo, sou professora, vou dar aula na escola municipal. _ Achei que a senhora era moradora de lá. _ Meu marido faleceu, eu perdi meu companheiro e não tive filhos, resolvi fugir das lembranças e achei que Palmas é longe o suficiente, comprei uma casa pela internet e estou indo recomeçar. _ Nossa, a senhora também está fugindo de certa forma. _ Sim, mas é muito difícil fugir das lembranças, elas nos acompanham.

_ Sei, fecho os olhos, ainda sinto meu marido ao meu lado.

_ Não me parece que você tem medo dele, e sim uma mágoa.

_ Não tenho medo por mim e sim pelo bebê que está crescendo em meu ventre. Conversamos a viagem inteira, contei para ela que estou grávida, quando o ônibus parou para comermos, fomos juntas. Dez horas de viagem foram suficientes para nos tornarmos amigas. Quando chegamos à rodoviária, Márcia me convidou para morar com ela. Márcia me disse:

_ Se seu marido é tão influente como você diz, acho que deveria mudar de nome.

_ Como vou fazer isso? Eu não sei nem por onde começar.

_ Sou sozinha, não tenho família e nem filhos. Vamos à polícia, damos parte da perda de seus documentos e assim conseguimos fazer novos.

_ Isso é um crime!

_ Você prefere arriscar que ele te encontre? De agora em diante, você é Helen Gael, filha de Márcia Gael, futura mãe de Lourenço Gael. O que você acha?

_ Helen Gael, eu gostei, mas e se meu filho for uma menina?

_ Vamos pensar nisso quando nascer, por enquanto temos que resolver seu nome.

**Um mês depois.

E como uma fênix, renasci em outro lugar, com outra vida e outra família, deixei Caleb e todo seu dinheiro e poder para trás, vou criar meu filho com dignidade e nunca vou contar quem é o pai dele, sou viúva e pronto. Mudei a cor dos meus cabelos, Marcia comprou lentes de contato castanhas e meus olhos azuis ficaram no esquecimento.