Então gente espero que gostem de verdade ansiosa para mais capítulos beijocas da autora.
Alice começa a mergulhar mais profundamente nos segredos da câmera, e a figura nas fotos se torna um enigma cada vez mais inquietante.
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Alice acordou com o som distante do alarme, o eco contínuo que parecia ondular no ar enquanto ela lentamente voltava à consciência. O quarto ainda estava escuro, a luz da manhã apenas começando a se infiltrar pelas frestas da persiana. Ela estendeu a mão para o celular na mesa de cabeceira, desligando o som irritante com um suspiro de frustração.
Ela não tinha dormido bem. O eco das fotos que revelara na noite anterior pairava sobre seus pensamentos, como uma sombra inquieta que não conseguia afastar. A imagem daquela figura indistinta, sempre à distância, parecia gravada em sua mente. Quem ou o que aquilo era?
Levantou-se, sentindo-se um pouco exausta, e caminhou até o banheiro. Lavou o rosto com água fria, tentando afastar a sensação persistente de que algo estava errado. Quando se olhou no espelho, viu seus próprios olhos cansados encarando-a de volta. “Você está ficando paranoica, Alice”, murmurou para si mesma.
Depois de se vestir e pegar sua câmera – a velha câmera ainda estava sobre a mesa, onde a deixara na noite anterior –, Alice saiu de casa e caminhou até o estúdio de fotografia. Era uma manhã fria, com o ar carregado de neblina vinda do mar, o que lhe conferia uma qualidade fantasmagórica. As ruas ainda estavam quietas, com poucas pessoas se aventurando ao ar livre tão cedo.
Chegando ao estúdio, ela desbloqueou a porta e entrou no pequeno espaço acolhedor. O cheiro de produtos químicos de revelação misturava-se com o aroma do café que mantinha em uma cafeteira antiga no canto. Era seu pequeno santuário, onde ela podia se perder entre imagens e momentos congelados no tempo. Mas naquela manhã, o santuário parecia perturbadoramente opressor.
Alice ligou as luzes, iluminando as paredes decoradas com algumas de suas fotos favoritas – instantâneos da praia ao pôr do sol, retratos de famílias felizes, fotos artísticas de árvores antigas retorcidas pelo vento. Tudo o que costumava confortá-la agora parecia distante.
Ela se sentou na mesa e pegou novamente a câmera antiga. As bordas de metal frio contra a palma de sua mão pareciam mais pesadas do que no dia anterior. “O que você está escondendo?” perguntou em voz baixa, como se a câmera pudesse responder.
Sem hesitar mais, decidiu que precisava descobrir o que estava acontecendo. O primeiro passo seria tirar mais fotos, mas desta vez com mais cuidado. Ela queria testar a câmera em diferentes lugares, sob diferentes condições de luz. Se fosse um defeito mecânico, ela descobriria.
Naquela tarde, Alice foi até o centro da cidade. O sol finalmente atravessara a neblina, criando uma atmosfera quase etérea. As ruas estavam mais movimentadas agora, com lojas abrindo suas portas e as pessoas seguindo com suas rotinas diárias. Alice começou a tirar fotos ao acaso – vitrines de lojas, crianças brincando no parque, pássaros empoleirados em fios elétricos. Cada clique da câmera parecia carregar um peso invisível, como se cada foto estivesse prendendo um fragmento de algo que ela não podia ver.
Quando terminou de fotografar, Alice voltou ao estúdio. Entrou no laboratório escuro e começou o processo de revelação com as mãos firmes, mas a mente agitada. À medida que as imagens emergiam na solução, ela sentiu um arrepio subir pela coluna.
Lá estava novamente.
A figura.
Desta vez, era mais próxima. Em algumas das fotos, a silhueta estava no canto, quase fora de vista. Mas em outras, estava no meio da multidão. Apenas uma sombra indistinta, como um vulto à espreita entre os transeuntes, invisível para todos, exceto para a câmera.
Alice sentiu o coração acelerar. Ela sabia que não tinha visto ninguém ao tirar aquelas fotos. Não havia uma única pessoa que se encaixasse naquela figura indistinta. Era como se algo – ou alguém – estivesse sendo capturado pela câmera, mas apenas nas fotos. Algo que estava lá, mas que ela não podia ver a olho nu.
Decidida a não entrar em pânico, Alice guardou as fotos em uma caixa no fundo do armário do estúdio e fechou a porta. Não queria pensar naquilo agora. Talvez houvesse uma explicação lógica. Uma falha técnica, uma imperfeição no filme, qualquer coisa que não envolvesse fantasmas ou presenças sobrenaturais.
Mas, à medida que a noite caía e Alice voltava para casa, a inquietação crescia. Ela não conseguia afastar a sensação de que estava sendo observada. Várias vezes, ao atravessar as ruas agora desertas de Porto Azul, olhou por cima do ombro, esperando ver a silhueta que aparecia nas fotos. Mas não havia ninguém.
Em casa, Alice tentou se distrair. Preparou um jantar simples e ligou a televisão, mas não conseguia se concentrar. Seus pensamentos voltavam incessantemente à câmera e às imagens perturbadoras que ela revelava. Cada vez mais, a sensação de que estava lidando com algo muito além de sua compreensão se intensificava.
À meia-noite, Alice desistiu de lutar contra seus pensamentos. Ela precisava de respostas. Precisava entender o que estava acontecendo. E sabia que havia apenas uma pessoa na cidade que poderia ter uma ideia sobre o que estava acontecendo – a senhora da loja de antiguidades.
No dia seguinte, Alice voltou à loja “Relíquias e Recordações”. O lugar parecia ainda mais sombrio do que antes, com o cheiro de incenso pesado no ar e a penumbra lançando sombras estranhas nas prateleiras. A velha mulher estava no balcão, exatamente no mesmo lugar onde Alice a tinha encontrado pela primeira vez.
“Você voltou”, disse a senhora com um sorriso enigmático, como se já esperasse por Alice. “Eu sabia que você voltaria.”
Alice se aproximou do balcão, segurando a câmera nas mãos. “Preciso de respostas”, disse ela, sem rodeios. “O que está acontecendo com essa câmera? Quem ou o que é aquela figura nas fotos?”
A senhora estreitou os olhos e inclinou-se para frente, como se estivesse prestes a contar um segredo há muito guardado. “Essa câmera... ela não é comum, minha querida. Ela pertence a um tempo distante, a uma pessoa que sabia ver além do que os olhos podem captar. Mas, cuidado... nem tudo o que se vê deve ser revelado. Algumas verdades são melhor deixadas nas sombras.”
Alice franziu a testa. “Mas por que eu? O que eu tenho a ver com isso?”
A mulher sorriu de maneira quase triste. “Você tem mais a ver com essa história do que imagina. Mas lembre-se: as sombras estão sempre à espreita. Quanto mais você se aproxima delas, mais difícil é escapar.”
Alice saiu da loja com mais perguntas do que respostas, sentindo o peso da câmera em suas mãos como se fosse um fardo. As palavras da velha ressoavam em sua mente enquanto ela caminhava pela cidade. Havia algo muito maior em jogo, algo que ela mal começava a compreender.
Mas uma coisa era certa: ela não poderia simplesmente ignorar o que estava acontecendo. Seja o que for que a câmera estivesse tentando revelar, Alice sabia que não teria paz até descobrir a verdade.
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Então estão gostando espero que sim o que será que vai acontecer nos próximos capítulos?
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Atualizado até capítulo 30
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