Sombras e Ecos

Sombras e Ecos

capítulo 1: Sombras do passado

Sou nova nisso não me julgem e não reparem nos erros rs espero que gostem beijocas da autora

Alice correu os dedos pelo contorno do pequeno caderno de couro em seu colo, suas unhas curtas raspando a superfície gasta pelo tempo. O sol da tarde filtrava-se pelas janelas da cafeteria, criando sombras douradas que dançavam no chão de azulejos. Ela estava ali havia mais de uma hora, observando as pessoas passarem pela janela, mas sua mente vagava em outra direção.

Em uma cidade pequena como Porto Azul, onde todo mundo conhecia todo mundo, o dia a dia podia parecer uma rotina interminável. Alice, de 28 anos, fotógrafa amadora com um talento nato para capturar a essência dos momentos, sentia-se presa a essa repetição sufocante. O trabalho no estúdio de fotografia da cidade, que ela inicialmente aceitou como uma forma de ganhar experiência, agora parecia mais uma prisão do que uma vocação.

Mas havia algo mais que a incomodava. Uma sensação persistente de que algo estava faltando. Um vazio que ela não conseguia preencher com as fotografias do pôr do sol à beira-mar ou dos casais felizes em suas sessões de noivado.

Alice suspirou e empurrou a cadeira para trás, levantando-se e colocando o caderno de volta em sua bolsa. "Preciso de algo novo", pensou, quase como se estivesse tentando convencer a si mesma. Ela deu uma olhada rápida no relógio e decidiu dar uma volta pelo centro da cidade antes de ir para casa.

Enquanto caminhava pelas ruas estreitas de paralelepípedos, o som distante das ondas batendo contra as rochas preenchia o ar. Porto Azul era uma cidade costeira que sobrevivia principalmente do turismo de verão e das pequenas empresas locais. No inverno, porém, o lugar se tornava quase um fantasma de si mesmo. A brisa do mar, que normalmente trazia frescor, agora trazia uma melancolia que Alice sentia no fundo dos ossos.

Ela não sabia exatamente o que estava procurando. Talvez apenas um pouco de inspiração, algo diferente, algo que a tirasse desse torpor. Foi então que seus olhos se detiveram em uma pequena loja, com uma vitrine quase escondida por heras. A placa acima da porta, escrita à mão, dizia “Relíquias e Recordações”.

Alice já tinha passado por aquela loja antes, mas nunca tinha entrado. Era o tipo de lugar que parecia empoeirado e esquecido, cheio de bugigangas que acumulavam pó, esperando por alguém que lhes desse algum valor. Mas naquele momento, algo a atraiu para dentro. Talvez fosse o reflexo suave da luz do fim de tarde, ou apenas uma súbita curiosidade que brotou em seu peito.

Ela empurrou a porta e o sino acima dela tilintou. O interior da loja era exatamente como ela imaginava: estreito, abafado, e carregado de uma aura de nostalgia. As prateleiras estavam abarrotadas de livros antigos, estátuas desgastadas e fotografias amareladas pelo tempo.

“Posso ajudar?” uma voz rouca a surpreendeu.

Alice olhou para trás e viu uma senhora idosa atrás do balcão, os olhos pequenos e brilhantes observando-a com uma curiosidade que parecia rivalizar com a sua própria.

“Estou só dando uma olhada”, respondeu Alice com um sorriso educado. Ela caminhou lentamente pelo corredor estreito, sentindo-se quase como se estivesse invadindo um lugar sagrado. Seu olhar se deteve em uma estante no canto da sala, cheia de câmeras antigas, daquelas que usavam filme. Uma em particular chamou sua atenção.

Era uma câmera de corpo preto, com detalhes de bronze já um tanto desbotados. Alice se aproximou e passou os dedos pelo metal frio, como se estivesse tentando sentir a história que aquela câmera carregava. Ela era diferente das outras câmeras da estante. Havia algo de especial nela, algo que parecia vibrar no ar ao seu redor.

“Essa aí é única”, disse a velha, de repente ao lado dela. “Pertenceu a uma mulher que costumava ser uma fotógrafa talentosa. Dizem que essa câmera guarda segredos.”

Alice arqueou uma sobrancelha. “Segredos? Que tipo de segredos?”

A senhora deu um sorriso enigmático, os olhos faiscando por trás dos óculos grossos. “Segredos que você só vai descobrir se usá-la.”

Alice não era supersticiosa, mas algo naquela câmera a fascinava. Ela a pegou com cuidado, sentindo o peso dela em suas mãos. “Quanto custa?”

A velha mulher fez um gesto despreocupado com a mão. “Para você, meu bem, apenas o preço que você acha justo. Talvez seja a pessoa certa para descobrir o que essa câmera realmente pode fazer.”

Alice hesitou por um momento, mas acabou entregando à senhora uma quantia em dinheiro que tinha na carteira. Quando saiu da loja, a câmera embrulhada em papel pardo, uma estranha sensação de expectativa tomou conta dela. Era como se ela tivesse dado o primeiro passo em uma direção desconhecida, mas inevitável.

De volta ao seu apartamento, Alice desembrulhou a câmera e a colocou sobre a mesa. Ficou olhando para ela por um longo tempo, sem saber por onde começar. Algo naquela câmera a deixava desconfortável, como se ela estivesse sendo observada.

Decidiu que a melhor maneira de testar a câmera seria usá-la. No dia seguinte, com a luz suave da manhã filtrando-se pela janela do estúdio, Alice levou a câmera para um parque local. Era um lugar que ela conhecia bem, um local onde frequentemente tirava fotos de famílias e crianças brincando. Mas dessa vez, ela estava sozinha.

Com cuidado, Alice enquadrou uma árvore antiga no visor e apertou o obturador. O som do clique ecoou no ar, mais alto do que o esperado, quase como se o tempo tivesse parado por um momento.

Alice olhou ao redor, o parque estava vazio. Um arrepio percorreu sua espinha, mas ela sacudiu a sensação. Guardou a câmera e foi embora, planejando revelar as fotos mais tarde.

Naquela noite, Alice desenvolveu o filme no pequeno laboratório escuro que montara em casa. Quando as fotos começaram a emergir, ela parou, o coração batendo mais rápido no peito.

As imagens eram claras, precisas, capturando o parque exatamente como ela esperava. Exceto por uma coisa.

No fundo de cada foto, à distância, havia uma figura. Uma sombra indistinta, como uma presença que ela não havia notado antes. Ela olhou mais de perto, mas a figura era vaga, quase como um borrão, mas estava lá em todas as fotos.

Alice franziu o cenho. Será que era um defeito da câmera? Ou será que...

Ela balançou a cabeça. Era só uma coincidência, decidiu. Amanhã, tiraria mais fotos e resolveria esse mistério. Mas, no fundo de sua mente, uma inquietação já começava a crescer.

 

Quer que eu continue o desenvolvimento dessa trama? Continue lendo o que acontecerá nos próximos capítulos. Introdução à protagonista (Alice), uma jovem fotógrafa em uma cidade pequena. Ela vive uma vida tranquila, mas sente que algo está faltando.Alice encontra uma velha câmera fotográfica em um mercado de pulgas e decide comprá-la.Primeiros flashes de mistério. Alice tira fotos com a câmera e descobre algo incomum: as fotos revelam cenas de eventos futuros.interesse amoroso (Lucas), um jornalista investigativo que retorna à cidade natal.Alice começa a ficar obcecada pela câmera. Ela evita Lucas, temendo que ele descubra seu segredoLucas investiga um caso de desaparecimento, e Alice vê pistas sobre o caso em suas fotos misteriosas.

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