Renascido do Crepúsculo: Ascensão do Herói Perdido
Arthur Dias estava imerso em sua rotina habitual: o som das teclas do teclado era uma melodia monótona que ecoava no pequeno escritório onde ele trabalhava. Seu olhar fixo na tela refletia a vida que ele levava – metódica, previsível e, acima de tudo, sem emoção. Os códigos de programação fluíam pela tela como um rio sem fim, e cada linha que ele digitava era mais uma pedra no muro que o separava dos sonhos que ele nutria secretamente.
Naquele dia, como em todos os outros, ele tomou o mesmo café insosso, trocou as mesmas poucas palavras com os colegas de trabalho, e sentiu o mesmo vazio no peito ao perceber que seus dias se tornavam indistinguíveis. Ele sempre fora fascinado por histórias de fantasia – mundos onde heróis enfrentavam criaturas mitológicas, onde a magia fluía livremente e onde o destino era moldado pela coragem. Mas para Arthur, essas eram apenas histórias, escapismos que o ajudavam a suportar a banalidade de sua existência.
Enquanto voltava para casa ao fim do expediente, o céu começava a tingir-se de laranja, o crepúsculo pintando o horizonte com cores que pareciam refletir sua própria vida – algo belo, mas que estava desaparecendo rapidamente. Ele caminhava distraído, perdido em pensamentos sobre os mundos que habitavam sua mente, quando um grito agudo o trouxe de volta à realidade.
Do outro lado da rua, uma criança, não mais que sete anos, estava no meio da avenida, paralisada de medo enquanto um carro se aproximava em alta velocidade. Sem pensar, Arthur largou sua pasta e correu. O mundo ao seu redor pareceu desacelerar enquanto ele se lançava em direção à criança, sentindo o peso de cada segundo que passava.
Ele alcançou a criança no último momento, empurrando-a para fora do caminho do carro. Arthur sentiu o impacto em cheio, e o mundo explodiu em dor e escuridão.
**Quando Arthur abriu os olhos**, ele não estava mais na rua movimentada de São Paulo. Ao invés disso, encontrava-se em um vasto campo sob um céu eternamente crepuscular. O ar ao seu redor era denso, carregado com uma energia que ele nunca havia sentido antes. As cores do mundo ao seu redor eram mais vibrantes, como se tudo estivesse imerso em um brilho etéreo.
Confuso, ele se levantou lentamente, sentindo uma estranha leveza em seu corpo. Suas roupas comuns haviam sido substituídas por um manto simples, feito de um tecido que ele não reconhecia. Quando olhou para o próprio braço, percebeu que havia um símbolo brilhante gravado em sua pele, pulsando com uma luz suave e rítmica.
“Você finalmente chegou, Viajante”, uma voz feminina soou atrás dele, suave e melodiosa, mas carregada de uma autoridade que o fez se virar imediatamente.
Diante dele estava uma mulher de aparência etérea, envolta em vestes que pareciam feitas de pura luz. Seus olhos brilhavam com um misto de compaixão e poder. “Meu nome é Leira”, ela disse, sorrindo gentilmente. “Sou uma deusa menor de Etheria, e você, Arthur, foi escolhido para restaurar o equilíbrio deste mundo.”
Arthur deu um passo para trás, a mente girando em um turbilhão de incredulidade. “O que... o que é isso? Eu estava... na minha cidade. E agora... Onde estou? Como isso é possível?”
Leira manteve seu olhar sereno. “Este é Etheria, um mundo entre mundos, onde a magia e os sonhos se entrelaçam. Você foi trazido para cá porque a escuridão ameaça consumir este mundo, e apenas um Viajante pode impedir que isso aconteça. A marca em seu braço é o sinal de que você é o escolhido.”
Arthur sentiu o peso das palavras dela, mas elas pareciam tão distantes, tão irreais. Ele havia passado a vida sonhando com aventuras em mundos fantásticos, mas agora, de repente, se via no centro de uma.
“Eu... eu não sei o que fazer,” ele admitiu, sentindo-se menor do que nunca.
Leira aproximou-se e colocou uma mão em seu ombro. “Você não está sozinho, Arthur. Seu caminho será árduo, e você enfrentará muitos desafios, mas você encontrará aliados e descobrirá forças que nem imaginava possuir. Etheria precisa de você, assim como você precisa dela.”
O horizonte à frente parecia se estender para o infinito, uma vastidão cheia de possibilidades, perigos e segredos. E naquele momento, enquanto Arthur olhava para o desconhecido, ele percebeu que sua vida comum havia realmente chegado ao fim. Agora, ele era um Viajante, um herói relutante prestes a embarcar em uma jornada que mudaria tudo – incluindo ele mesmo.
**“Onde devo começar?”** Arthur perguntou, seu coração acelerando com uma mistura de medo e excitação.
Leira sorriu, e com um gesto, apontou para o norte, onde as sombras de uma floresta densa se erguiam. “Siga o caminho até as Colinas de Sombra. Lá, você encontrará o primeiro dos artefatos – as Cinzas do Vento. Sua jornada começa agora, Arthur. Que os antigos deuses guiem seus passos.”
E assim, com um último olhar para o céu crepuscular que o envolvia, Arthur deu seu primeiro passo em direção ao destino que o aguardava, sem saber que cada escolha que fizesse a partir daquele momento ecoaria por todo Etheria, e talvez até além.
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Atualizado até capítulo 57
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