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Renascido do Crepúsculo: Ascensão do Herói Perdido

Capítulo 1: O Crepúsculo de uma Vida Comum

Arthur Dias estava imerso em sua rotina habitual: o som das teclas do teclado era uma melodia monótona que ecoava no pequeno escritório onde ele trabalhava. Seu olhar fixo na tela refletia a vida que ele levava – metódica, previsível e, acima de tudo, sem emoção. Os códigos de programação fluíam pela tela como um rio sem fim, e cada linha que ele digitava era mais uma pedra no muro que o separava dos sonhos que ele nutria secretamente.

Naquele dia, como em todos os outros, ele tomou o mesmo café insosso, trocou as mesmas poucas palavras com os colegas de trabalho, e sentiu o mesmo vazio no peito ao perceber que seus dias se tornavam indistinguíveis. Ele sempre fora fascinado por histórias de fantasia – mundos onde heróis enfrentavam criaturas mitológicas, onde a magia fluía livremente e onde o destino era moldado pela coragem. Mas para Arthur, essas eram apenas histórias, escapismos que o ajudavam a suportar a banalidade de sua existência.

Enquanto voltava para casa ao fim do expediente, o céu começava a tingir-se de laranja, o crepúsculo pintando o horizonte com cores que pareciam refletir sua própria vida – algo belo, mas que estava desaparecendo rapidamente. Ele caminhava distraído, perdido em pensamentos sobre os mundos que habitavam sua mente, quando um grito agudo o trouxe de volta à realidade.

Do outro lado da rua, uma criança, não mais que sete anos, estava no meio da avenida, paralisada de medo enquanto um carro se aproximava em alta velocidade. Sem pensar, Arthur largou sua pasta e correu. O mundo ao seu redor pareceu desacelerar enquanto ele se lançava em direção à criança, sentindo o peso de cada segundo que passava.

Ele alcançou a criança no último momento, empurrando-a para fora do caminho do carro. Arthur sentiu o impacto em cheio, e o mundo explodiu em dor e escuridão.

**Quando Arthur abriu os olhos**, ele não estava mais na rua movimentada de São Paulo. Ao invés disso, encontrava-se em um vasto campo sob um céu eternamente crepuscular. O ar ao seu redor era denso, carregado com uma energia que ele nunca havia sentido antes. As cores do mundo ao seu redor eram mais vibrantes, como se tudo estivesse imerso em um brilho etéreo.

Confuso, ele se levantou lentamente, sentindo uma estranha leveza em seu corpo. Suas roupas comuns haviam sido substituídas por um manto simples, feito de um tecido que ele não reconhecia. Quando olhou para o próprio braço, percebeu que havia um símbolo brilhante gravado em sua pele, pulsando com uma luz suave e rítmica.

“Você finalmente chegou, Viajante”, uma voz feminina soou atrás dele, suave e melodiosa, mas carregada de uma autoridade que o fez se virar imediatamente.

Diante dele estava uma mulher de aparência etérea, envolta em vestes que pareciam feitas de pura luz. Seus olhos brilhavam com um misto de compaixão e poder. “Meu nome é Leira”, ela disse, sorrindo gentilmente. “Sou uma deusa menor de Etheria, e você, Arthur, foi escolhido para restaurar o equilíbrio deste mundo.”

Arthur deu um passo para trás, a mente girando em um turbilhão de incredulidade. “O que... o que é isso? Eu estava... na minha cidade. E agora... Onde estou? Como isso é possível?”

Leira manteve seu olhar sereno. “Este é Etheria, um mundo entre mundos, onde a magia e os sonhos se entrelaçam. Você foi trazido para cá porque a escuridão ameaça consumir este mundo, e apenas um Viajante pode impedir que isso aconteça. A marca em seu braço é o sinal de que você é o escolhido.”

Arthur sentiu o peso das palavras dela, mas elas pareciam tão distantes, tão irreais. Ele havia passado a vida sonhando com aventuras em mundos fantásticos, mas agora, de repente, se via no centro de uma.

“Eu... eu não sei o que fazer,” ele admitiu, sentindo-se menor do que nunca.

Leira aproximou-se e colocou uma mão em seu ombro. “Você não está sozinho, Arthur. Seu caminho será árduo, e você enfrentará muitos desafios, mas você encontrará aliados e descobrirá forças que nem imaginava possuir. Etheria precisa de você, assim como você precisa dela.”

O horizonte à frente parecia se estender para o infinito, uma vastidão cheia de possibilidades, perigos e segredos. E naquele momento, enquanto Arthur olhava para o desconhecido, ele percebeu que sua vida comum havia realmente chegado ao fim. Agora, ele era um Viajante, um herói relutante prestes a embarcar em uma jornada que mudaria tudo – incluindo ele mesmo.

**“Onde devo começar?”** Arthur perguntou, seu coração acelerando com uma mistura de medo e excitação.

Leira sorriu, e com um gesto, apontou para o norte, onde as sombras de uma floresta densa se erguiam. “Siga o caminho até as Colinas de Sombra. Lá, você encontrará o primeiro dos artefatos – as Cinzas do Vento. Sua jornada começa agora, Arthur. Que os antigos deuses guiem seus passos.”

E assim, com um último olhar para o céu crepuscular que o envolvia, Arthur deu seu primeiro passo em direção ao destino que o aguardava, sem saber que cada escolha que fizesse a partir daquele momento ecoaria por todo Etheria, e talvez até além.

Capítulo 2: Caminho das Sombras

Arthur sentia o chão úmido e macio sob suas botas enquanto avançava, os olhos fixos na floresta sombria que Leira apontara. À medida que se aproximava, o ar ficava mais denso, como se o próprio ambiente estivesse tentando dissuadi-lo de entrar. Cada passo o fazia sentir-se mais distante do mundo que conhecia e mais imerso na estranha realidade de Etheria.

A floresta era imensa e antiga, as árvores torcendo-se em formas grotescas, como se estivessem em eterna agonia. As folhas eram de um verde escuro, quase negro, e bloqueavam a maior parte da luz do céu crepuscular, deixando o ambiente envolto em penumbra. Havia um silêncio perturbador, quebrado apenas pelo som ocasional de galhos estalando ou de criaturas invisíveis movendo-se nas sombras.

Arthur segurava a parte superior do manto que vestia, tentando encontrar algum conforto em sua textura desconhecida. Ele ainda estava se acostumando com a leveza e o corte incomum da vestimenta, que parecia feita para oferecer proteção sem sacrificar mobilidade. Seu olhar caía constantemente na marca em seu braço, brilhando suavemente como uma lanterna fraca, uma lembrança constante de sua nova realidade.

Conforme avançava pela trilha sinuosa, Arthur refletia sobre o que havia deixado para trás. Sua vida monótona e sem propósito agora parecia distante, quase irreal. E embora sempre tivesse sonhado com aventuras como as que lia em livros, estar ali, naquele mundo estranho e perigoso, era uma experiência esmagadora. A sensação de ser um estranho em um lugar onde não compreendia as regras ou os perigos o deixava ansioso e nervoso.

O som de passos ecoando atrás dele o fez parar abruptamente. Seu coração acelerou e ele se virou rapidamente, os olhos vasculhando a escuridão em busca da fonte. Não viu nada, apenas as sombras das árvores dançando ao sabor de um vento que ele não sentia.

“Quem está aí?” sua voz soou trêmula, ecoando na floresta como um sussurro perdido.

Por um momento, o silêncio voltou, apenas para ser interrompido por um riso baixo e rouco, que parecia vir de todas as direções. Arthur sentiu um frio percorrer sua espinha.

“Não seja tão desconfiado, Viajante,” disse uma voz masculina e rouca, surgindo de entre as árvores. Um homem surgiu das sombras, alto e magro, com cabelos grisalhos caindo sobre os ombros e olhos brilhando com uma astúcia predatória. Ele vestia uma armadura leve, feita de couro e metal, e carregava uma espada curta na cintura.

Arthur deu um passo para trás, instintivamente se colocando em posição defensiva. “Quem é você?” ele perguntou, tentando esconder o medo em sua voz.

O homem sorriu, exibindo dentes brancos e afiados demais para serem normais. “Meu nome é Eldrin,” ele respondeu, fazendo uma leve reverência, “e você, Arthur, é o Viajante de que todos estão falando. Que sorte a minha encontrá-lo tão cedo em sua jornada.”

Arthur franziu a testa, confuso. “Como você sabe meu nome? E o que quer de mim?”

Eldrin riu novamente, desta vez com um tom quase amigável. “Este mundo tem seus meios de espalhar notícias rapidamente. Quanto ao que eu quero... digamos que estou interessado em ver se a lenda do Viajante é verdadeira. Muitos chegaram antes de você, mas nenhum sobreviveu tempo suficiente para fazer a diferença.”

Arthur sentiu um nó se formar em seu estômago. “Você vai me matar?” ele perguntou, a voz saindo mais baixa do que pretendia.

Eldrin ergueu uma sobrancelha, claramente divertindo-se com a situação. “Matar você? Não, ainda não. A menos que, é claro, você prove ser um fracasso como os outros.”

O olhar de Eldrin tornou-se mais sério, seus olhos fixos nos de Arthur. “Você foi escolhido para salvar Etheria, mas salvar o que, exatamente? Este mundo está em ruínas, e há poucos que ainda acreditam em heróis ou salvadores. A pergunta, Viajante, é: você acredita em si mesmo?”

Arthur sentiu o peso das palavras de Eldrin. Ele não tinha certeza se acreditava, não realmente. Tudo parecia surreal, como um sonho do qual ele poderia acordar a qualquer momento. Mas o olhar penetrante de Eldrin, cheio de expectativas, o desafiava a encontrar uma resposta.

“Eu... Eu não sei,” Arthur admitiu, desviando o olhar para o chão. “Mas estou disposto a tentar.”

Eldrin observou-o por mais um momento antes de acenar com a cabeça, como se tivesse tomado uma decisão. “Bom o suficiente,” ele disse, aproximando-se de Arthur. “Eu vou guiá-lo até as Colinas de Sombra. Lá, enfrentaremos o primeiro teste, e então veremos do que você é realmente feito.”

Arthur ainda estava confuso e inseguro, mas havia algo em Eldrin, uma força silenciosa e uma experiência inegável, que o fez confiar nele, pelo menos por enquanto. Talvez fosse apenas porque ele precisava de alguém para guiar seus passos, alguém que soubesse o que estava fazendo. E Eldrin parecia exatamente essa pessoa.

“Vamos, Viajante,” Eldrin disse, virando-se e começando a caminhar pela trilha escura. “O caminho não será fácil, mas é o único que você pode seguir agora.”

Arthur respirou fundo, tentando acalmar os nervos, e seguiu o estranho guerreiro nas profundezas da floresta. A cada passo, sentia-se afundando mais no mistério de Etheria, sem saber o que o aguardava, mas consciente de que não havia volta. A jornada havia começado, e com ela, a transformação de um homem comum em algo muito maior do que ele jamais poderia imaginar.

A floresta fechava-se ao redor deles, como se o mundo estivesse conspirando para testar o Viajante e seu guia. E em algum lugar, nas sombras adiante, aguardavam as Colinas de Sombra – e o primeiro grande desafio de Arthur.

Provações na Escuridão

A floresta parecia se fechar ainda mais à medida que Arthur e Eldrin avançavam, os galhos retorcidos das árvores entrelaçando-se acima deles, bloqueando quase toda a luz do crepúsculo. O ar ficava mais frio e pesado, carregado com um cheiro de terra úmida e algo que Arthur não conseguia identificar, mas que lhe dava uma sensação de inquietação crescente.

Eldrin seguia à frente, movendo-se com a facilidade de alguém que conhecia bem o terreno, embora suas expressões permanecessem impenetráveis. Arthur, por outro lado, sentia-se cada vez mais desconfortável. Cada ruído, cada sombra parecia espreitar, como se a própria floresta estivesse viva, observando-os.

"Como você conheceu Etheria?" Arthur perguntou, tentando quebrar o silêncio sufocante.

Eldrin parou por um instante, virando a cabeça levemente para Arthur. "Há muito tempo, eu era como você," ele disse, sua voz baixa e distante. "Um forasteiro em um mundo estranho, tentando encontrar meu caminho. Mas Etheria tem uma maneira de moldar os homens, de testar suas almas."

Arthur notou um tom de amargura nas palavras de Eldrin, mas antes que pudesse perguntar mais, Eldrin retomou a caminhada, encerrando a conversa.

Após o que pareceu horas de marcha, os dois chegaram a uma clareira. No centro, havia uma grande pedra coberta por musgo, cercada por símbolos antigos gravados no chão. Eldrin parou e apontou para a pedra.

"Aqui é onde começamos," disse ele, os olhos brilhando de expectativa.

Arthur franziu a testa, olhando ao redor. "O que é isso? Um tipo de ritual?"

"Algo assim," Eldrin respondeu, dando um passo para o lado e permitindo que Arthur se aproximasse da pedra. "Esta é uma pedra de ligação. Em Etheria, muitos lugares são protegidos por barreiras mágicas. Apenas aqueles que passam por um teste podem avançar."

Arthur olhou para a pedra e depois para Eldrin, um sentimento de apreensão crescendo em seu peito. "Que tipo de teste?"

Eldrin sorriu de forma enigmática. "Um teste da alma. O que você verá dependerá de suas próprias fraquezas, de seus próprios medos. Para acessar as Colinas de Sombra, você deve enfrentar algo de dentro de você."

Arthur engoliu em seco, a mão tremendo levemente ao estendê-la em direção à pedra. Havia algo na superfície que o atraía, como se estivesse destinado a tocá-la. Assim que seus dedos fizeram contato, ele sentiu uma energia percorrer seu corpo, e o mundo ao seu redor começou a se distorcer.

De repente, ele estava em outro lugar. A floresta havia desaparecido, substituída por um campo familiar – o campo de futebol onde ele costumava jogar quando era criança. Ele estava lá, em pé no centro do campo, mas tudo estava coberto por uma névoa espessa.

"Isso não é real," Arthur murmurou para si mesmo, tentando manter a calma. "É apenas um teste."

Mas então ele ouviu vozes na névoa, vozes familiares que ele não ouvia há anos. A primeira voz era de seu pai, um homem austero que sempre exigiu muito de Arthur. A voz estava cheia de decepção, ressoando no ar como um julgamento silencioso.

"Você sempre foi fraco, Arthur. Nunca fez nada certo. Sempre falhou."

Arthur sentiu um aperto no peito, as palavras cortando fundo, trazendo à tona memórias dolorosas de sua infância, onde ele lutava para corresponder às expectativas impossíveis de seu pai. Antes que pudesse responder, outra voz se juntou à primeira, mais suave, mas igualmente carregada de dor – a voz de sua mãe.

"Por que você nunca tentou mais? Por que nunca fez algo de verdade com sua vida?"

Arthur olhou ao redor, desesperado para encontrar uma saída da névoa que agora parecia engolfá-lo. Mas as vozes continuavam, sussurrando suas falhas, seus medos mais profundos, seus arrependimentos. A névoa parecia apertar ao redor dele, sufocando-o, enquanto ele caía de joelhos.

"Eu... eu tentei," Arthur balbuciou, as lágrimas escorrendo por seu rosto. "Eu fiz o meu melhor..."

Mas as vozes não se calaram. Elas continuaram, implacáveis, e Arthur sentiu como se fosse desmoronar sob o peso de sua própria culpa e vergonha.

No entanto, uma faísca de determinação começou a surgir dentro dele. Lembrou-se das palavras de Leira, da promessa que havia feito a si mesmo de tentar, de fazer algo que realmente importasse. E então, ele levantou a cabeça.

"Eu sei que falhei no passado," ele gritou para a névoa, sua voz ganhando força. "Mas não vou falhar agora. Este é o meu caminho, minha jornada, e eu farei o que for necessário para salvar Etheria."

De repente, a névoa começou a dissipar-se, e as vozes foram ficando cada vez mais distantes, até desaparecerem completamente. Arthur ficou de pé, ainda tremendo, mas com uma nova determinação brilhando em seus olhos. Ele olhou ao redor, e o campo de futebol desapareceu, revelando novamente a clareira da floresta, com Eldrin esperando por ele.

O guerreiro olhou para Arthur, avaliando-o cuidadosamente. "Você passou," disse Eldrin, com um tom de aprovação em sua voz. "Nem todos conseguem."

Arthur assentiu, ainda recuperando o fôlego. "Foi... foi mais difícil do que eu imaginava."

Eldrin colocou uma mão no ombro de Arthur, um gesto surpreendentemente amigável. "Você está mais forte agora, Viajante. A partir daqui, as coisas só ficarão mais difíceis, mas lembre-se: a força para vencer seus maiores desafios sempre estará dentro de você."

Com essas palavras, Eldrin começou a caminhar novamente, agora em direção às Colinas de Sombra, visíveis à distância. Arthur olhou para elas, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação. O primeiro desafio estava superado, mas muitos mais aguardavam. E enquanto seguia Eldrin, ele sabia que não podia mais olhar para trás. Sua jornada apenas começara.

Capítulo 3: As Colinas de Sombra

As Colinas de Sombra erguiam-se à frente como gigantes adormecidos, cobertas por uma neblina espessa e azulada que parecia vibrar com uma energia sombria. Eldrin e Arthur caminharam em silêncio, ambos absorvidos por seus próprios pensamentos enquanto se aproximavam do próximo desafio. O caminho até as colinas era íngreme e sinuoso, e cada passo parecia puxá-los mais fundo nas sombras que dominavam a paisagem.

Arthur sentia uma opressão crescente em seu peito, como se as próprias colinas estivessem tentando esmagar sua determinação. A marca em seu braço, que antes brilhava com uma luz suave, agora pulsava com uma intensidade inquietante, como se estivesse reagindo ao ambiente ao redor.

“Você está pronto para o que vem a seguir?” Eldrin perguntou, sem olhar para Arthur, sua voz baixa e carregada de gravidade.

Arthur hesitou por um momento antes de responder. “Eu não sei o que me espera, mas estou pronto para tentar. Não tenho outra escolha, não é?”

Eldrin deu um leve sorriso, ainda sem desviar o olhar da trilha à frente. “Sabia que você diria isso. As Colinas de Sombra são conhecidas por testar não apenas a força física, mas a força da vontade. Não é qualquer um que sobrevive às provações que aguardam lá dentro.”

Arthur sentiu um frio na espinha, mas ao mesmo tempo, uma faísca de desafio acendeu-se em seu coração. Ele não sabia o que encontraria nas colinas, mas já enfrentara seus próprios medos no teste anterior e sobrevivera. Isso lhe dava uma confiança frágil, mas necessária.

Enquanto avançavam, as árvores começaram a diminuir, dando lugar a rochas escarpadas e terrenos acidentados. O vento soprava mais forte, carregando consigo sussurros quase inaudíveis, como se vozes antigas tentassem comunicar algo. Arthur podia jurar que, em certos momentos, reconhecia palavras em meio ao vento, mas elas desapareciam tão rapidamente quanto surgiam.

Finalmente, chegaram à base das colinas. Eldrin parou e virou-se para Arthur, seus olhos sérios. “A partir daqui, o caminho se torna ainda mais perigoso. Precisamos subir até o cume da colina central, onde dizem que as Cinzas do Vento estão escondidas. O que quer que aconteça, mantenha-se focado no objetivo.”

Arthur assentiu, sentindo seu coração acelerar. O caminho à frente era íngreme e traiçoeiro, com pedras soltas e fendas que pareciam se abrir no solo sem aviso. Mas ele não tinha tempo para hesitar. Com uma última respiração profunda, começou a subida.

Cada passo era um desafio. A gravidade parecia puxá-lo para baixo com mais força do que o normal, e a neblina tornava difícil enxergar além de alguns metros à frente. O vento aumentava de intensidade à medida que subiam, agora uivando ao redor deles como uma criatura viva, tentando empurrá-los para fora da trilha.

Enquanto Arthur avançava, ele começou a sentir uma presença estranha ao seu redor, como se fosse observado. Olhando para trás, ele viu que Eldrin estava logo atrás dele, mas havia algo diferente no guerreiro. Seus olhos estavam fixos em algo mais adiante, e seu rosto, normalmente impenetrável, mostrava uma expressão de preocupação genuína.

“Cuidado com as ilusões,” Eldrin alertou, sua voz quase abafada pelo vento. “Essas colinas jogam com sua mente. O que você vê pode não ser real, mas o perigo é sempre verdadeiro.”

Arthur tentou focar-se na trilha, mas logo notou que as sombras ao seu redor pareciam se mover. De relance, ele via figuras vagando na neblina – formas humanóides indistintas, que se materializavam e desapareciam como espectros. Ele sabia que eram ilusões, mas a sensação de ser seguido, de ser cercado, era impossível de ignorar.

A certa altura, o caminho estreitou-se, levando-os a uma passagem entre duas grandes rochas. A neblina era tão densa ali que Arthur mal podia ver seus próprios pés. Mas ele continuou, sentindo a proximidade do cume.

De repente, uma figura surgiu na névoa, bloqueando seu caminho. Era um homem alto, vestindo uma armadura pesada, com um elmo que escondia suas feições. Arthur parou abruptamente, tentando discernir se era uma ilusão ou uma ameaça real.

“Quem é você?” Arthur chamou, tentando não deixar sua voz trêmula.

A figura não respondeu, apenas levantou sua espada, a lâmina brilhando com uma luz sinistra. Arthur instintivamente recuou, preparando-se para se defender, mas antes que pudesse reagir, Eldrin apareceu ao seu lado.

“É apenas uma sombra,” Eldrin disse, sua voz calma. “Mas as sombras aqui podem ferir tanto quanto qualquer outra coisa. Se prepare para lutar.”

Arthur mal teve tempo de processar as palavras antes que a figura avançasse, a espada cortando o ar em sua direção. Ele desviou por pouco, sentindo o frio do aço passar perto demais. Instintivamente, ele rolou para o lado e levantou-se, procurando por algo que pudesse usar como arma.

Eldrin, por outro lado, enfrentou a sombra de frente, sua própria espada cintilando enquanto ele bloqueava o próximo golpe. As lâminas se chocaram com um som metálico, e faíscas voaram no ar. Eldrin era rápido, seus movimentos precisos e implacáveis, e logo a sombra começou a recuar sob sua pressão.

Arthur, ainda sem arma, olhou em volta desesperadamente. Seus olhos pousaram em uma rocha afiada, quase como uma adaga improvisada, e ele a pegou. Enquanto Eldrin mantinha a sombra ocupada, Arthur aproveitou a oportunidade e atacou pelas costas, cravando a pedra na figura sombria.

Um grito gutural ecoou pela colina enquanto a sombra se dissolvia em fumaça, desaparecendo na neblina. Arthur ofegava, o coração disparado, mas sentiu um alívio ao ver que a ameaça havia passado. Eldrin baixou a espada e olhou para Arthur, dando-lhe um breve aceno de aprovação.

“Bom trabalho,” disse Eldrin, sua voz voltando ao tom habitual. “Mas isso foi apenas o começo. O cume está logo à frente.”

Arthur assentiu, ainda sentindo a adrenalina correr por seu corpo. Eles continuaram a subida, agora com um senso de urgência renovado. A cada passo, a neblina parecia diminuir, e a presença das sombras ficava menos opressiva, como se estivessem se aproximando de uma fonte de poder maior.

Finalmente, eles chegaram ao topo da colina. O cume era plano, um espaço circular cercado por pedras erguidas em posições que lembravam um antigo altar. No centro, havia uma urna de aparência antiga, feita de um metal escuro e coberta de runas que brilhavam com uma luz azulada.

“Lá estão as Cinzas do Vento,” Eldrin disse, aproximando-se com cautela. “Mas cuidado, Arthur. Este é o ponto onde a magia é mais forte. Qualquer erro pode ser fatal.”

Arthur aproximou-se da urna, sentindo a energia pulsante ao seu redor. A marca em seu braço estava agora vibrando intensamente, quase dolorosamente. Ele estendeu a mão, hesitante, mas determinado. Este era o momento pelo qual ele havia passado por tantos testes.

Com uma respiração profunda, Arthur tocou a urna. No mesmo instante, uma onda de poder o atravessou, fazendo-o sentir como se estivesse sendo puxado em todas as direções ao mesmo tempo. A neblina ao redor começou a girar, formando um vórtice que o cercava. Ele ouviu vozes sussurrando em uma língua antiga, e a sensação de ser observado voltou, mais intensa do que nunca.

Mas Arthur não recuou. Ele concentrou-se na marca em seu braço, na conexão que sentia com o mundo ao seu redor. Com um esforço tremendo, ele conseguiu abrir a urna, revelando um pó prateado brilhante em seu interior – as Cinzas do Vento.

Assim que a urna foi aberta, o vórtice ao seu redor desmoronou, e a neblina dissipou-se rapidamente, deixando o cume das colinas envolto em um silêncio profundo. Arthur segurou as Cinzas em suas mãos, sentindo a energia poderosa que emanava delas.

Eldrin aproximou-se, olhando para Arthur com algo que parecia admiração. “Você conseguiu, Viajante. As Cinzas do Vento são suas. Agora, nossa jornada continua. Há mais artefatos para encontrar, e muito mais perigos pela frente.”

Arthur assentiu, exausto, mas sentindo um orgulho que nunca havia experimentado antes. Ele sabia que havia muitos desafios pela frente, mas pela primeira vez, sentiu que estava preparado para enfrentá-los. Com as Cinzas do Vento em mãos, ele deu o primeiro passo de volta para a trilha, ao lado de Eldrin, pronto para o que quer que Etheria tivesse reservado para ele.

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