Os dias que se seguiram foram uma mistura de descoberta e familiaridade para Clara. Ela começou a frequentar o café de Arjun quase diariamente, encontrando nele um refúgio em meio ao caos de Mumbai. Cada visita ao café não era apenas uma pausa, mas uma oportunidade para conhecer mais sobre a cultura indiana e sobre Arjun, cuja companhia se tornava cada vez mais agradável.
Clara também continuava sua exploração pela cidade, descobrindo mercados escondidos, experimentando pratos em pequenas barracas de rua, e se maravilhando com a diversidade de sabores que cada região da cidade tinha a oferecer. Mas, por mais que essas aventuras a fascinassem, era no café de Arjun que ela sentia a verdadeira conexão.
Uma tarde, ao chegar ao café, Clara encontrou Arjun preparando algo na cozinha. Ela o observou de longe, notando a concentração em seu rosto enquanto ele misturava ingredientes com a precisão de alguém que conhece profundamente cada sabor que está criando. Havia algo cativante em vê-lo cozinhar — uma serenidade, uma paixão que ele colocava em cada movimento.
-Venha, quero mostrar algo, disse Arjun, notando a presença de Clara na entrada da cozinha. Ele gesticulou para que ela se aproximasse.
Clara sorriu e entrou, sentindo o calor e o aroma das especiarias que Arjun estava usando. Ele estava preparando um curry, um prato que Clara já conhecia, mas que tinha certeza de que seria único nas mãos de Arjun.
-Hoje vamos cozinhar juntos, disse ele, entregando-lhe um avental.
-Quero que você sinta como os sabores se combinam, como cada ingrediente tem um papel fundamental.
Clara aceitou o desafio com entusiasmo. Arjun começou a guiá-la através dos passos, desde a seleção das especiarias até o preparo dos ingredientes. Ele explicava o porquê de cada escolha, o que cada especiaria trazia ao prato, como o tempo e a temperatura podiam transformar completamente um simples vegetal.
Enquanto cozinhavam lado a lado, Clara sentiu uma conexão crescente. Não era apenas o ato de cozinhar que os aproximava, mas a troca de experiências e a descoberta mútua. Arjun falava sobre sua infância, sobre como aprendeu a cozinhar com sua mãe e avó, e como o café era sua maneira de manter viva a memória de sua família.
-Este café é mais do que um negócio para mim, confessou Arjun, enquanto adicionava uma pitada de cúrcuma ao curry.
-É um lugar onde as pessoas podem se conectar através da comida, onde podem compartilhar histórias, criar memórias. E isso me faz sentir como se minha família ainda estivesse aqui, de alguma forma.
Clara ouviu atentamente, sentindo a profundidade das palavras de Arjun. Ela entendia o que ele queria dizer, pois também carregava consigo as receitas e as memórias de sua avó. Naquele momento, percebeu que o que a tinha levado à Índia era mais do que apenas uma busca por novos sabores; era uma busca por conexões, por algo que a fizesse sentir-se parte de algo maior.
Quando o curry estava finalmente pronto, eles se sentaram para comer. O prato estava perfeito, equilibrado em sabores e texturas, e cada mordida era uma confirmação da sinergia que eles haviam criado na cozinha.
-Está incrível, disse Clara, olhando para Arjun com admiração.
-Acho que nunca vou conseguir fazer algo assim sozinha.
Arjun sorriu, um sorriso cheio de humildade e carinho.
-Você já fez. O que importa na culinária, e na vida, é a intenção. Quando você coloca seu coração em algo, o resultado sempre será especial.
Depois do jantar, eles continuaram conversando, agora sobre coisas mais pessoais — sonhos, medos, esperanças para o futuro. Clara sentiu uma vulnerabilidade em Arjun que refletia a sua própria, como se ambos estivessem tentando entender o que estavam buscando em suas vidas. A conversa fluía com naturalidade, como se estivessem conhecendo partes de si mesmos que ainda não haviam revelado a ninguém.
Quando a noite caiu completamente e o café estava fechado, Clara se preparou para partir. Mas, antes de sair, Arjun segurou sua mão suavemente.
-Clara, tenho algo para te pedir, disse ele, seus olhos encontrando os dela com seriedade.
-Fique mais tempo. Não só em Mumbai, mas aqui, no café. Quero que você cozinhe comigo, que a gente crie algo juntos. Sinto que temos muito a aprender um com o outro.
O coração de Clara bateu forte com a proposta inesperada. Ela não havia planejado ficar tanto tempo em um só lugar; sua ideia inicial era seguir explorando diferentes países e culturas. Mas havia algo em Arjun, algo na maneira como ele falava, que a fez reconsiderar.
-Eu adoraria, respondeu ela, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação.
-Mas você sabe que, eventualmente, vou ter que seguir em frente. Minha jornada ainda não acabou, na verdade está apenas começando.
Arjun assentiu, compreendendo.
-Eu sei. Mas, até lá, vamos aproveitar ao máximo. Quem sabe, talvez essa parte da sua jornada seja mais longa do que você imagina.
Clara sorriu, sentindo-se animada com a ideia. Sabia que, independentemente de quanto tempo passasse ali, aquelas semanas ou meses seriam fundamentais para sua jornada. Arjun não era apenas uma pessoa que ela havia encontrado pelo caminho; ele era alguém que poderia moldar uma parte importante de quem ela estava se tornando.
Enquanto saía do café naquela noite, Clara olhou para as estrelas no céu de Mumbai e sentiu que, talvez, naquele lugar, ela estivesse começando a encontrar o que realmente procurava.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Maria Ines Santos Ferreira
nossa meu chefe queria rodar o mundo né não parar em lugar nenhum
2025-02-23
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