O calor úmido e o aroma das especiarias a atingiram no momento em que Clara saiu do aeroporto em Mumbai. A cidade parecia um organismo vivo, pulsante, com ruas movimentadas, um fluxo interminável de pessoas e sons que ela nunca havia experimentado antes. Tudo era novo, intenso, e, por um instante, Clara sentiu-se pequena e perdida no meio de tanta agitação.
Ela segurou sua mochila com força, tentando acalmar o nervosismo que a tomava. Havia lido tanto sobre a Índia, visto tantos documentários, mas nada a preparara para a sensação avassaladora de estar ali, no coração de um dos países mais vibrantes e culturalmente ricos do mundo. E, ainda assim, enquanto caminhava pelas ruas, uma excitação crescia dentro dela. Cada esquina parecia prometer uma nova descoberta, um novo sabor, um novo desafio.
Clara havia reservado uma hospedagem simples no bairro de Colaba, famoso por sua mistura de história colonial e energia contemporânea. Chegou ao hotel, um prédio antigo, mas acolhedor, e foi recebida por um homem de meia-idade com um sorriso caloroso, que a fez sentir-se um pouco mais à vontade.
-Primeira vez na Índia? perguntou ele em inglês, notando sua expressão fascinada.
Clara assentiu, ainda absorvendo tudo ao seu redor.
-Sim, e mal posso esperar para começar a explorar. Estou aqui principalmente pela culinária. Quero aprender tudo o que puder sobre os pratos locais.
O homem sorriu, como se soubesse exatamente o que ela sentia.
-Você veio ao lugar certo. A culinária indiana é rica em tradições, e cada região tem seus próprios segredos. Se você quiser, posso recomendar um mercado local onde poderá ver tudo de perto.
Clara aceitou a oferta com gratidão, e após deixar sua bagagem no quarto, saiu para explorar a cidade.
O mercado estava a poucos quarteirões de distância, mas parecia um mundo completamente novo. As barracas estavam repletas de especiarias em todas as cores possíveis, frutas exóticas que Clara nunca havia visto antes, e uma infinidade de ingredientes que despertavam sua curiosidade. Havia um movimento constante de pessoas, vendedores, donas de casa, chefs locais, todos mergulhados em um universo de aromas e sabores.
Clara se aproximou de uma das barracas, onde uma mulher idosa com um sorriso caloroso vendia especiarias. Ela estava moendo cominho fresco em um almofariz, e o aroma que se espalhava pelo ar era simplesmente inebriante. Clara observou, encantada, enquanto a mulher trabalhava com destreza, como se cada movimento fosse uma dança cuidadosamente coreografada.
-Gosta de cominho? a mulher perguntou, sua voz suave, mas cheia de experiência.
Clara sorriu, ainda encantada com o processo. -Sim, muito. Mas nunca vi algo tão fresco. Tudo aqui parece... diferente, mais intenso.
A mulher assentiu, como se esperasse essa resposta.
-Aqui, usamos especiarias para dar alma aos nossos pratos. Sem elas, a comida seria apenas uma sombra do que poderia ser.
Clara sabia que havia algo profundo naquela frase, algo que ela ainda estava tentando entender. -Você pode me ensinar? Estou aqui para aprender sobre a culinária indiana. Quero saber como usar essas especiarias da maneira certa.
A mulher olhou para Clara por um momento, avaliando-a. Então, com um sorriso, disse:
-Amanhã de manhã, venha até minha casa. Vou lhe mostrar como o cominho, o coentro, o cardamomo... todos se unem para criar algo mágico.
O coração de Clara bateu mais rápido. Era exatamente o tipo de oportunidade que ela esperava encontrar. Agradeceu à mulher e comprou um pequeno saco de cominho fresco, sentindo que estava apenas começando a arranhar a superfície de tudo o que aprenderia ali.
Enquanto voltava para o hotel, Clara refletia sobre como aquele primeiro dia havia sido transformador. Ela mal conhecia o país, mas já sentia uma conexão profunda com ele, como se as especiarias, os aromas e as pessoas estivessem começando a contar uma história que ela estava destinada a ouvir.
Naquela noite, ao deitar-se, com o som da cidade ainda ecoando ao longe, Clara não conseguia conter a empolgação pelo que o próximo dia traria. Ela sabia que estava apenas no começo de sua jornada, mas já podia sentir que algo dentro dela estava mudando, como se cada novo sabor e experiência estivesse lentamente a moldando em algo novo, algo mais autêntico. Ela fechou os olhos com um sorriso, ansiosa para descobrir onde os sabores a levariam a seguir.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Suel Helen Moraes
Essa história merecia ser reproduzida em áudio e é muito gostoso de se ler.
2025-02-23
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