Capítulo 06

...• Jack Palazinni •...

Nicole aparentava estar bem mais feliz do que antes. Mais cedo, ela realmente mostrava um semblante de medo e angústia, parecendo incomodada; agora, no entanto, ela exibia um ar muito mais leve. Creio que isso se deve ao fato de ela ter conversado com a irmã e esclarecido alguns pontos.

A gravidez faz com que uma mulher fique suscetível a diversas emoções, sendo a insegurança e o medo alguns dos sentimentos mais comuns nesse período. Portanto, eu e Nicole ainda tínhamos um bom caminho pela frente para garantir que tudo corresse bem até o final da gestação.

Eu definitivamente não queria que ela se sentisse sozinha; eu a acompanharia em todas as consultas e me esforçaria ao máximo para estar sempre ao seu lado. A mente de uma mulher grávida parece funcionar como a de cem pessoas juntas.

— Karen, você precisa parar com esse seu hábito de comer doces antes do jantar. – disse Nicole, se acomodando ao lado da irmã.

— Olha só, o instinto materno já está em ação. – Karen respondeu de forma sarcástica.

— Estou falando sério.

— Eu sei. Prometo que vou tentar. – murmurou a ruiva.

Sentei-me no sofá oposto e olhei fixamente para o rosto de Nicky, deixando claro que era hora de falarmos sobre nosso futuro. Não me importava que Karen estivesse ali; até achava bom, pois assim teríamos uma testemunha.

— Olha, vamos ficar no mesmo apartamento até o bebê nascer, para que eu possa ter certeza de que você bebê estará bem e de que poderei cuidar de você também. — afirmei, de maneira direta, e Nicole me olhou com incredulidade. — Estou falando sério.

— Mas, Jack, eu tenho meu emprego, minha vida.

— Eu sei, não estou pedindo que você abandone sua vida. Só quero garantir que nosso filho esteja bem até o nascimento. — e você também, pensei, mas preferi ficar em silêncio.

— Tudo bem.

— Podemos procurar um novo apartamento, que seja mais adequado para receber uma criança, com varandas e cercas.

Acertamos esse ponto. Claro que eu queria que nicky tivesse uma boa gestação, era o meu filho quem ela estava carregando. Karen se manteve ouvindo o tempo inteiro e não se intrometeu,  Mesmo que eu pedisse sua opinião vez ou outra.

— Marquei uma consulta para amanhã, – ela comenta, e eu concordo com um aceno.

— Me informe o local e o horário. Quero estar com você.

— E quanto ao nosso apartamento?

— Vou ligar para um amigo meu, crescemos juntos. Ele é engenheiro.

A expressão de desaprovação de Karen é visível à distância, e me recordo de como ela e Felipe não se deram bem desde o primeiro encontro. E sempre que saio com ele, ela prefere não ir.

— Tudo certo.

— Então, vou indo. Amanhã, depois da consulta, vamos visitar alguns apartamentos que precisam de reforma.

Ela confirma com um aceno, e eu me despido, pegando meu casaco, pronto para sair. Deixei o apartamento e entrei no elevador, já pegando meu celular para ligar para Felipe. Acredito que ele estará em casa esta noite.

Felipe: E aí, irmão.

— Oi, Lipe, preciso de uma força sua. Quero que me mostre alguns apartamentos, de preferência uma cobertura espaçosa, com uma vista incrível, que também seja adequado para criar uma criança.

Felipe: Criança?

— É uma longa história.

Felipe: Uau, Jack, você vai ser pai?

— Isso mesmo. Vou sim.

Felipe: Nossa. Você pelo menos lembra o nome da mãe? – ele ironiza, sabendo que nunca me envolvi romanticamente com ninguém.

— Claro que sei, lembra da Karen?

Felipe: Ai meu Deus, não me diz que você engravidou aquela mulher, pelo amor de Deus – ele fala com seriedade.

— De jeito nenhum. É a irmã mais nova dela.

Felipe: Então o sangue do meu sobrinho vai vir da família da Bruxa Vermelha.

Solto uma risada ao entrar no meu carro. Felipe e eu fomos criados juntos; ele me conhece desde a época em que eu era só um garoto. Ele é o meu melhor amigo. Passou anos morando fora e agora é funcionário de um dos mais prestigiados escritórios de engenharia civil do Brasil, e sinto um grande orgulho dele.

Seus pais sempre se dedicaram muito ao trabalho, assim como os meus, então crescemos quase que soltando bombinhas na casa dos vizinhos, jogando videogame no chão do quarto, e escapando à noite para invadir algum clube ou piscina onde podíamos fazer festas com os amigos. Uma verdadeira aventura típica da adolescência.

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