Capítulo 04

...• Jack Palazinni •...

Grávida.

Grávida.

Grávida.

Nicole estava esperando um filho meu, a irmã da minha melhor amiga estava grávida de mim. Conseguem compreender a complexidade dessa afirmação? Quando eu e Nicole nos envolvemos, fizemos um pacto de que nunca precisaríamos trocar palavras novamente, e agora essa situação se apresenta.

Observei o rosto avermelhado e angustiado de Nicky, suas mãos tremiam nervosamente; ela também parecia apreensiva. Contudo, conforme comecei a processar tudo, fui me acalmando. Eu ia ser pai. Eu seria pai. P-A-I.

Nicole evitava meu olhar, sua expressão revelava medo. Mas o que exatamente a aterrorizava? Que eu negasse a responsabilidade pelo bebê? De forma nenhuma, eu estava radiante!

— Fala algo. – ela sussurrou. – Sua falta de resposta só agrava as coisas.

— Nicole. – chamei, e ela virou-se para mim, seus olhos castanhos carregando ansiedade. – Estou extremamente feliz, muito mesmo.

— Jack... eu pensei que você...

— Que eu não fosse assumir? Olha, Nicole, eu não sou tão idiota ao ponto de recusar meu próprio filho.

Agora eu percebia que o único desafio era com os pais da Nicole. A mãe não representava tanto problema, mas conversar com o pai seria bastante complicado. Porém, não há nada que não possamos tentar, especialmente porque agora já não há mais alternativas a serem consideradas.

Ela se serviu de mais um pouco de água e bebeu, enquanto eu segurava uma de suas mãos e acariciava suavemente com o polegar. Ela provavelmente estava se debatendo internamente, mas eu não quero que nosso filho absorva essa sensação de culpa.

Meu biper tocou em cima da mesa, indicando que meu paciente estava me chamando na consulta. Fiz uma expressão de descontentamento, relutando em deixar a Nicole sozinha, sabendo que ela não estava bem.

— Você precisa ir, certo?

— Sim, mas essa conversa não termina aqui, tudo bem? Posso passar no seu apartamento mais tarde? Saio às sete. - Ela apenas acena com a cabeça. - Você vai ficar bem?

— Sim. Vou chamar um Uber.

— Vou esperar com você.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem para um dos internos para que cuidasse do paciente até minha chegada. Ele já estava fora de risco; era apenas necessário trocar o soro e administrar os medicamentos.

Esperei até que o Uber chegasse e levasse Nicole para o apartamento dela. Assim que o carro se afastou, peguei meu celular e liguei para a Karen. Hoje ela não estava de plantão, então ficaria com a irmã até que eu pudesse sair do hospital.

— Oi, Karen, o que você está fazendo?

Karen: Dirigindo. Por quê? Seja rápido.

— Olha, não me julgue, vamos conversar sobre isso depois, mas... precisa ficar com a Nicole até eu chegar

Karen: Eu não tô entendendo! O que você e minha irmã têm? De onde você vai vir? Do que você tá falando?

— Calma! Prometo que explico tudo depois. A Nicole precisa que você esteja com ela agora. E, pelo amor de Deus, dirija com cuidado no trânsito.

Karen: Está certo, mas...

— Depois eu te explico. Cuidado. Te amo!

Karen: eu também te amo, seu bobo.

Ela desligou a chamada e eu retornei ao hospital, eu nem poderia simplesmente sair e abandonar meus pacientes. E após tudo que ouvi, nem sei se conseguirei desempenhar meu trabalho adequadamente. Caralho, eu vou ser pai!

Sempre tomei os devidos cuidados para evitar que isso acontecesse, mas, mesmo assim, sinto uma alegria imensa por ter sido com alguém em quem confio plenamente. Tenho certeza de que, mesmo que ela não tenha todas as respostas, fará tudo o que for possível para cuidar do nosso filho com todo o amor e carinho. E, eu, claro, estarei ao seu lado.

Entrei no hospital e não consegui esconder meu sorriso de ninguém; estava radiante. De verdade. Se pudesse, gritaria para todo mundo que vou ser pai. Mas, então, lembrei do pai da Nicky, que nunca foi uma pessoa fácil, segundo a Karen. Ele sempre quis que as filhas priorizassem o trabalho em vez da família.

Mas eu vou tentar acalmar as coisas.

Vesti meu jaleco e fui verificar como estavam meus pacientes. Até compartilhei com uma senhorinha que estou esperando um filho. Eu tô tão feliz!

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