Capítulo 3

Depois de algum tempo, uma enfermeira se aproxima dos pais de Alexia e os informa sobre o estado de saúde da menina:

— A paciente está bem agora. Ela teve uma torção no calcanhar e vai precisar ficar de repouso por uma semana. Depois, ela precisa voltar aqui para tirar a bota ortopédica. Por enquanto, ela precisa de repouso total, mas já pode ir para casa.

Emma, emocionada, agradece à enfermeira:

— Obrigada.

Outra enfermeira aparece, trazendo Alexia em uma cadeira de rodas.

William vai até sua filha e, preocupado, toca seu rosto: — Filha!

Alexia beija a mão do pai e o tranquiliza: — Pai, estou bem.

Sua mãe pergunta, preocupada:

— Filha, está com dor?

Alexia faz uma careta, sentindo uma pontada de dor:

— Um pouco, mãe, mas não se preocupe. - Curiosa, ela pergunta sobre a irmã:

— Cadê a Alícia?

Emma responde: — Está lá fora.

Alícia entra novamente no hospital e pergunta sobre o estado da irmã:

— Você está bem?

Alexia responde positivamente.

Alícia se desculpa pelo ocorrido:

— Me desculpe por não ter tirado a casca da escada.

Alexia a tranquiliza: — Tudo bem, não se preocupe.

A mãe delas sugere partir para casa:

— Vamos para casa então?

Alexia, lembrando da festa planejada, pergunta: — Mas e a nossa festa?

William sugere: — Bom, vamos adiar por um tempo ou cancelar.

Alícia fica furiosa com a ideia: — Cancelar? Não mesmo, estou ansiosa por essa festa há muito tempo!

A mãe rebate: — Mas agora o que importa é que sua irmã fique bem, filha. Como fazer uma festa com ela desse jeito?

Alícia insiste: — Ela pode ir assim.

A mãe a repreende: — É egoísta da sua parte pensar só em você, Alícia!

Alícia, frustrada, rebate: — É o que venho fazendo há anos, pensando só em mim. Já que, pelo visto, a atenção de vocês está sempre voltada para ela.

Alexia tenta acalmar a irmã: — Mana, vamos só adiar então. Quando eu melhorar, a gente faz a festa.

Alícia, ainda chateada, finge um sorriso e concorda com a cabeça.

A família parte do hospital, carregando emocionalmente o peso da situação.

Após chegarem em casa e ajeitarem Alexia no sofá da sala, os pais decidem conversar sobre a situação de Alícia no quarto deles.

William está furioso e preocupado, enquanto Emma tenta manter a calma e encontrar uma solução para a relação conturbada entre as irmãs.

— Isso não pode continuar, Emma. Precisamos levar Alícia a um psicólogo, ela tem inveja de sua irmã, e isso não é saudável! - Diz o pai frustrado passando as mãos pelos cabelos.

— William, talvez o problema seja a maneira como temos tratado as meninas. Talvez tenhamos dado atenção demais a Alexia e deixado Alícia sentindo-se excluída. - A mãe reflete.

— Eu não sei, Emma, mas acho que tudo seria mais fácil se tivéssemos duas Alexias como sempre falo. - O pai desabafa.

Alícia, que estava passando pelo corredor, escuta o comentário do pai e, com o coração apertado, vai para seu quarto. Ela se sente profundamente triste e reflete sobre seus sentimentos de rejeição desde a infância.

Alícia lembra de momentos em que seu pai beijava carinhosamente a testa de Alexia, enquanto ela recebia apenas um beijo rápido e sem importância.

Também recorda quando, aos 10 anos, estava com febre alta, e seus pais lhe deram um medicamento para dormir e melhorar. Quando acordou ainda febril, percebeu que estava sozinha em casa.

Alícia desceu as escadas e viu seus pais chegando com Alexia da sorveteria, que desejava um sorvete.

Naquele momento, ela percebeu que os seus pais faziam uma distinção entre elas e decidiu que seria necessário se tornar como Alexia para ser amada e valorizada pelos pais.

Sentimentos de inadequação e insegurança a atormentam, e a fazem questionar seu lugar dentro da família.

Alícia senta na beira da cama, procurando alguma segurança nos cartões que ela escrevia para seu amor secreto.

Ele nunca havia respondido, porém, ela não desistia de escrever. No entanto, com o tempo, ela deixou de enviar, levando-a a interromper a troca de cartas.

Eles até uma vez, marcou um encontro, o que a deixou feliz e empolgada pela possibilidade de finalmente se aproximarem.

Quando chegou no local combinado, entretanto, ela foi tomada por um sentimento de inferioridade. Ela percebeu que ele provavelmente havia marcado o encontro apenas para demonstrar que o seu interesse estava em outra garota.

Alícia ficou desolada, sentindo que havia sido usada e enganada.

Embora Alícia fosse considerada mais bonita do que Alexia, os homens constantemente olhavam para sua irmã e a usavam para se aproximar dela.

Essa situação causou uma crise de insegurança em Alícia, deixando-a questionar sua auto-estima e valor. O amor e aceitação pareciam distantes, e a comparação com Alexia a corroía, gerando sentimentos de inadequação e dor.

Enquanto isso, Alexia é levada para o quarto de hóspedes no andar de baixo, uma vez que não pode mexer a perna. Ela é instalada com cuidado, e sua mãe, Emma, entra no quarto para verificar se ela está confortável.

— Filha, a cama está confortável? - Pergunta a mãe preocupada.

— Sim, mãe. - Alexia sorri, satisfeita com a atenção e o carinho da mãe.

Emma aproxima-se e dá um beijo na bochecha de Alexia: — Bom, vou trazer algumas coisas suas do seu quarto para cá. Ah, aqui está seu celular. Ele não parou de tocar e vibrar a manhã toda. Eu vi que o Jake te ligou bastante.

— Mãe, mas que sorriso é esse? - Alexia nota o sorriso de sua mãe e fica intrigada ao perguntar.

— Nada, mas você não vai mesmo namorar com esse rapaz? - Emma sorri confiante.

— Não, mãe. A gente ainda somos bem novos. Por mais que eu ame o Jake, não quero namorar agora. - Alexia hesita, mostrando que não está interessada em um relacionamento no momento.

— Esse rapaz é um amor de pessoa mesmo. Hoje em dia é difícil ter homens assim. - Emma rebate, defendendo o caráter do rapaz e continua: — Vou te dizer o que vejo nele: ele com certeza será a pessoa com quem você irá casar um dia. Ele vai te amar tanto que você se sentirá a mulher mais amada do mundo. Afinal, ninguém se apaixona por cartas, meu amor. Apenas amores verdadeiros fazem isso.

— Não sei, Mãe. - Alexia fica sem jeito.

Emma, não desistindo de seu ponto de vista, dá um carinho na bochecha de Alexia: — Tudo bem então. No futuro, a gente volta a ter essa conversa.

Enquanto Emma sai do quarto, Alexia fica pensativa sobre sua mãe citar sobre ela se relacionar por cartas.

Decidida a agradecer o carinho e atenção de Jake, Alexia liga para ele, que atende no primeiro toque:

Jake: Oi, Alexia! Por que não foi à escola hoje?

Alexia responde, com um tom coquete: Eu sofri um acidente aqui em casa.

Jake pergunta, preocupado: Mas você está bem? Está ferida? Precisa de remédio? Quer um chocolate?

Alexia fica corada com as perguntas e diz: Jake, respira, por favor! Sim, eu estou bem. Não, não estou ferida, tive só uma torção. Já estou medicada, e o chocolate eu aceito sim.

Ela ouve Jake sorrir do outro lado da linha, e ele pergunta, ainda preocupado: Mas está bem mesmo?

Alexia responde: Sim, Jake.

Preocupado, ele pergunta: Mas o que houve?

Alexia explica: Eu caí da escada e torci o tornozelo. Mas já fui ao hospital, fui medicada e agora estou com essa bota ortopédica que coça bastante.

Jake zomba, tentando aliviar o clima: Pobrezinha.

Alexia revida: Não ria!

Alexia lembra de outra informação importante e diz: Ah! A festa foi adiada.

Jake diz: Vou avisar pro pessoal. Quer que eu vá aí?

Alexia nega: Não precisa, não hoje. Amanhã você pode vir. Já que irei ficar 1 semana de repouso, então nem vou pra escola.

Jake confirma: Tudo bem! Não irei mais te atrapalhar. Descanse e se precisar de mim, é só ligar.

Eles se despedem, com Jake desejando melhoras a Alexia.

Ela fica com o coração quentinho e pensa se há algo mais nas preocupações e atenção que Jake tem demonstrado. Talvez seja hora de reconsiderar sua relação como algo além da amizade.

Alícia estava no quarto, atentamente falando com suas amigas, por uma videochamada.

As garotas estavam discutindo o acidente que Alexia sofreu ao cair da escada e como isso havia afetado a realização de uma festa.

Alícia: Então, foi assim que ela caiu da escada.

Jenna: Tadinha...

Jennifer: Deve ter doído bastante.

Amy: Ela está bem?

Alícia: Sim, está. A nossa festa foi adiada por causa desse acidente.

Jennifer: Que bom, pois quando sua irmã se recuperar, vocês vão poder festejar.

Alícia: Mas eu queria que tivesse festa mesmo assim.

Jennifer: Amiga, com sua irmã machucada, você teria cabeça pra pensar em festa?

Alícia: Sim, claro. Até porque quem se feriu foi ela, não eu.

Jenna: Nossa, quanta frieza!

Alícia: Frieza? E quando eles me deixaram na cama dopada para irem comprar sorvete para a Alexia? O que foi aquilo, amor?

Amy: Alícia, por um acaso você teve alguma coisa a ver com essa queda? Tipo, foi de propósito?

Alícia: Que pergunta besta é essa?

Jennifer: É só uma pergunta.

Alícia: Não, claro que não.

Jennifer: Certeza?

Alícia: Não estou entendendo vocês. Desde quando são a favor da minha irmã?

Jenna: Alícia, nunca fomos contra. Tudo de ruim que você já falou de sua irmã, são coisas da sua cabeça. Eu conheço pouco a Alexia, mas ela não é isso que você fala.

Alícia: Ah, então a mentirosa sou eu, e ela é a santa só porque vive mostrando os dentes, é isso?

Amy: Calma, não precisa se estressar.

Jennifer: Alícia, mas você sabe que a Jenna tem razão.

Alícia: Quer saber, não preciso de vocês pra nada!

Amy: Só estamos preocupadas no quanto você tem inveja da sua própria irmã.

Amélia: Eu não tenho inveja dela. Uma coisa é ter inveja, outra coisa é perceber desde cedo que nunca fui amada pelos meus pais. Mas o que eu posso falar para garotas superficiais como vocês?

Jennifer: Melhor você procurar ajuda. Isso pode virar um desejo de vingança ou até mesmo uma obsessão.

Alícia: Hahahaha, tenho que rir com vocês, sabe? Tchau!

...Bate-papo encerrado....

Furiosa com a conversa que teve com suas amigas, Alícia se recusa a aceitar que tem inveja e ciúme de sua irmã, Alexia. Ela se debate internamente, negando as acusações de que seus sentimentos negativos a cegam e podem fazer com que ela perca o juízo.

Determinada a provar que está certa, ela decide descer e ver como Alexia está se recuperando.

Ela se aproxima devagar do quarto de sua irmã e bate na porta. Alexia pede para que ela entre. Ao ver sua irmã em uma cadeira de rodas, Alícia sorri internamente e pergunta com preocupação: — Você precisa de alguma coisa?

— Não, mana, estou bem. Obrigada. - Alexia sorri e responde confiante a sua irmã.

— Jake ligou? - Alícia pergunta sem esperar.

— Sim, tadinho. Ele estava todo preocupado com a mulher que ele ama. - Alexia, ainda sorrindo, responde.

Alícia sente raiva, mas mantém uma cara feliz. Ela pergunta: — Ata, e o que ele falou?

— Nada demais, só as coisas de sempre. E também disse que vem amanhã me visitar. - Alexia responde casualmente.

Alícia sente seu coração saltar uma batida, já que secretamente alimenta sentimentos por Jake.

— Ah! Que legal. Jake é um garoto legal, né? - Ela comenta.

— Sim, ele é muito legal e muito importante pra mim. - Alexia concorda. — Bem, você sabe o porquê. Ele me enviava cartas no meu armário, e daí tudo aconteceu naturalmente.

Alícia engole em seco e faz a pergunta que mais lhe interessa: — Não vai acontecer nada entre vocês?

Sua irmã, não percebendo o interesse da irmã no garoto, diz:

— Hummm, acredito que não. Pelo menos não agora. Eu disse a nossa mãe que não via ainda um futuro como Jake, pois sentimentos mudam, e não posso garantir que vou gostar dele daqui a uns anos.

Alícia sente uma ponta de esperança. Ela se aproxima da irmã e pergunta: — Sente dor?

Alexia responde: — Até que não. Quando me mexo, ainda sinto umas fisgadas, mas nada que me atrapalhe tanto.

— Vou fazer um sanduíche pra mim. Vai querer um? - Alícia oferece.

Alexia vibra: — Aquele seu sanduíche que só você sabe fazer? Hummmm.

— Hahhaha, - Alícia sorrir: — esse mesmo.

Alexia lambe os lábios e diz: — Então vou querer.

Alícia abre a porta e diz: — Ok, vou preparar e já trago pra você.

Enquanto sai do quarto, Alexia recebe uma ligação de Dan, seu amigo. Ela atende a chamada, enquanto Alícia sente que foi longe demais ao prejudicar a irmã. Mas o peso da preferência é doloroso demais.

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Comments

Mara Melo

Mara Melo

Se tratando dessa autora maravilhosa só vamos saber quem é a vilã ou mocinha no meio da história, por enquanto é tudo um enigma .

2025-02-05

1

Salomé Silva

Salomé Silva

eu acho que a preferência dos pais dela pela irmã desencadeou o sentimento de inveja da irmã

2024-12-19

1

⭐𝐕𝐞𝐫𝐚 𝐅𝐫𝐞𝐢𝐭𝐚𝐬💫

⭐𝐕𝐞𝐫𝐚 𝐅𝐫𝐞𝐢𝐭𝐚𝐬💫

Vcs são um monstro e tão fazendo isso com ela

2025-01-25

0

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