O Eco das Tempestades

Capítulo 3: O Eco das Tempestades

O céu estava sereno acima do Reino dos Ventos, e o silêncio era profundo, quase acolhedor, após o confronto com a Ventariana. Mariana estava sentada à beira de uma colina, contemplando o vasto horizonte diante dela. A brisa suave acariciava seu rosto, e cada vez mais, ela sentia o vento como uma extensão de si mesma, uma presença reconfortante que jamais a deixaria.

Apesar da calma ao redor, sua mente ainda estava agitada. A batalha com a Ventariana havia sido um divisor de águas. Ela havia descoberto uma parte de si que antes desconhecia, uma força que, embora poderosa, ainda parecia estranha. O fato de ser agora esposa de um deus, de carregar dentro de si o poder dos ventos, era algo que ainda não conseguia entender completamente.

Evander estava um pouco distante, observando as nuvens enquanto elas se moviam suavemente pelo céu. Mesmo quando estava em silêncio, ele emanava uma aura de força e sabedoria que Mariana começava a entender melhor a cada dia. Ele era uma parte inseparável desse reino, e, de certa forma, agora ela também era.

Mariana se levantou e foi até ele. “Evander, eu sinto que algo está errado,” disse ela, quebrando o silêncio que os envolvia. “Mesmo após a batalha com a Ventariana, há uma sensação de inquietação no ar. Como se algo ainda estivesse... se aproximando.”

Evander manteve os olhos no horizonte por mais alguns segundos antes de se virar para ela. “Você está certa, Mariana. O despertar da Ventariana foi apenas o começo. O equilíbrio dos ventos foi perturbado, e forças que estavam adormecidas há muito tempo estão começando a se agitar.”

“Então, há outros como a Ventariana?” perguntou Mariana, seu coração começando a acelerar com a possibilidade de mais desafios iminentes.

“Sim,” respondeu ele, seu tom grave. “Existem outros guardiões, forças elementares que protegem o Reino dos Ventos. Mas há também forças externas que podem ser atraídas pelo despertar do poder dentro de você. O equilíbrio que antes mantínhamos está mais frágil agora. E aqueles que desejam esse poder certamente tentarão tomá-lo.”

Mariana sentiu uma pontada de preocupação. “E se eu não estiver pronta? A Ventariana foi um teste, mas e se o próximo desafio for maior?”

Evander sorriu, um sorriso tranquilizador, mas firme. “Você está pronta, Mariana. O poder dos ventos dentro de você cresce a cada dia, mas não se trata apenas de poder. Trata-se de sua conexão com o que você agora representa. O vento é uma força de liberdade, de mudança. E essa força está em você.”

Antes que Mariana pudesse responder, uma sombra passou pelo céu acima deles. Ela olhou para cima rapidamente e viu algo se movendo nas nuvens — algo grande, rápido e predatório. A silhueta desapareceu tão rápido quanto apareceu, mas o breve vislumbre foi o suficiente para fazer o ar ao redor deles ficar mais denso, carregado de tensão.

Evander franziu a testa. “Parece que nossos inimigos estão se movendo mais rápido do que eu esperava.”

“Quem são eles?” perguntou Mariana, sua voz carregada de urgência.

“Os Filhos da Tempestade,” respondeu ele, com um tom sombrio. “Criaturas que vivem nas fronteiras do Reino dos Ventos. Eles são como predadores, alimentando-se das tempestades, das energias mais selvagens do vento. E agora, sentindo o despertar do seu poder, eles virão.”

Mariana engoliu em seco. “Então eles estão atrás de mim?”

“Não só de você,” disse Evander, olhando para as nuvens novamente. “Eles são atraídos por desequilíbrios, por oportunidades de tomar o poder para si. E, com o despertar da Ventariana e o seu próprio crescimento, o Reino dos Ventos tornou-se uma zona de interesse para eles.”

Sem esperar mais, Evander começou a caminhar em direção a um campo aberto, sua postura firme e decidida. Mariana o seguiu rapidamente, sentindo a urgência do momento. Quando chegaram ao topo da colina, puderam ver ao longe, nas bordas do reino, nuvens negras se formando. No horizonte, uma tempestade começava a ganhar forma, mas essa era diferente — mais densa, com relâmpagos que dançavam entre as nuvens com uma fúria descontrolada.

“Eles estão vindo,” disse Evander, os olhos fixos na tempestade distante. “Os Filhos da Tempestade estão se preparando para atacar.”

“Como podemos pará-los?” perguntou Mariana, sentindo uma onda de adrenalina subir por seu corpo.

Evander virou-se para ela, seu olhar sério. “Os Filhos da Tempestade não podem ser enfrentados como a Ventariana. Eles não têm uma forma física que possa ser derrotada. Eles são pura tempestade, caóticos e implacáveis. A única maneira de enfrentá-los é com uma tempestade igual ou maior.”

“Então, você quer que eu... crie uma tempestade?” Mariana piscou, surpresa. “Eu mal consigo controlar o vento ao meu redor! Como vou...”

“Você consegue,” disse Evander com firmeza. “Lembre-se, você não controla o vento. Você é parte dele. Para criar uma tempestade, você não precisa forçá-la. Precisa senti-la, permitir que ela surja de dentro de você e se manifeste. A tempestade é uma expressão da sua vontade.”

Mariana respirou fundo. Criar uma tempestade parecia impossível. O que ela havia feito até agora era controlar pequenas correntes de ar, moldá-las, mas uma tempestade? Uma força capaz de enfrentar os Filhos da Tempestade?

Ela fechou os olhos, tentando acalmar seus pensamentos. O vento ao redor estava começando a mudar, respondendo à crescente tensão no ar. Mariana concentrou-se nas sensações ao seu redor, nas pequenas correntes de ar que tocavam sua pele, na energia que pulsava dentro de seu peito.

Evander se aproximou e colocou uma mão suave em seu ombro. “Lembre-se, Mariana, a tempestade não é sua inimiga. Ela é sua aliada. Permita que ela venha até você.”

Ela assentiu, sentindo a verdade em suas palavras. O vento era parte de si agora. Não era algo a ser controlado, mas algo a ser libertado. Com uma nova onda de determinação, Mariana ergueu as mãos e deixou que o vento ao seu redor se intensificasse. As correntes de ar que antes eram suaves agora começavam a se agitar, girando em torno dela com uma força crescente.

A tempestade que se formava ao longe parecia responder ao seu chamado. O ar ficou mais pesado, e as nuvens acima de suas cabeças começaram a escurecer. Mariana sentiu o vento aumentar, cada vez mais forte, como se uma energia bruta estivesse prestes a ser liberada.

Evander deu um passo para trás, observando-a. “É isso, Mariana. Sinta o poder. Deixe a tempestade vir.”

E então, em um momento de pura clareza, ela sentiu. A tempestade não era algo que vinha de fora, mas de dentro. Ela era o vento, era o trovão, e quando abriu os olhos, relâmpagos dançaram ao seu redor, iluminando o céu.

Os Filhos da Tempestade estavam próximos, mas Mariana estava pronta. A verdadeira tempestade estava apenas começando.

Mariana sentia o poder crescendo dentro de si enquanto a tempestade ganhava vida ao seu redor. Relâmpagos cortavam o céu, e o vento rugia como um animal selvagem. Cada respiração que ela dava parecia trazer mais força ao seu corpo, conectando-a ainda mais profundamente com o reino que agora fazia parte de sua essência.

No horizonte, a tempestade dos Filhos da Tempestade avançava, e sua presença era avassaladora. Eles vinham como uma força da natureza, uma massa de escuridão e trovões, e ela sabia que não havia como fugir. Era enfrentá-los ou deixar que devorassem tudo.

Evander estava parado a alguns metros dela, observando-a com olhos firmes. Mesmo com a proximidade da ameaça, ele não parecia alarmado — sua confiança nela era inabalável, e Mariana sentia a pressão desse olhar. Ele acreditava no poder que ela poderia manifestar, mas seria ela capaz de liberar tal força no momento certo?

“Lembre-se, Mariana,” a voz de Evander cortou o rugido do vento. “Você não é apenas uma espectadora do vento. Você é parte dele. Não lute contra a tempestade, torne-se ela.”

As palavras dele ecoavam em sua mente enquanto ela fechava os olhos e se concentrava. Sentiu o vento girando ao seu redor, as correntes de ar se entrelaçando como se fossem uma extensão de seus próprios braços. O poder que havia despertado nela durante o confronto com a Ventariana parecia agora crescer, como uma chama que finalmente tinha combustível para queimar intensamente.

Ela inspirou fundo, sentindo o vento preencher seus pulmões. Cada corrente de ar, cada impulso da natureza ao seu redor, era como um eco de sua própria alma. Quando abriu os olhos novamente, a tempestade que se formava dentro dela se conectou com a que avançava no horizonte. Era como se as duas forças se reconhecessem, preparando-se para um embate.

“Você está pronta,” disse Evander, caminhando em sua direção. “O destino do Reino dos Ventos está em suas mãos agora.”

Mariana olhou para ele, sentindo o peso daquelas palavras. Ela não era mais uma simples mortal, alguém alheia ao poder ao seu redor. Estava se tornando parte de algo muito maior, e aquela era sua primeira prova de fogo.

Os Filhos da Tempestade avançaram. Suas formas nebulosas eram visíveis agora, criaturas sem forma definida, mas com uma energia caótica e destrutiva. Cada uma delas parecia carregar a fúria de mil tempestades, e elas vinham para destruir tudo em seu caminho.

Mariana sentiu o vento ao seu redor se agitar, respondendo ao perigo iminente. O ar ficou mais pesado, e os trovões começaram a ressoar acima de sua cabeça. Seu coração batia mais rápido, mas, ao invés de sentir medo, ela sentiu algo diferente: uma calma intensa. Ela sabia o que precisava ser feito.

Sem hesitar, ergueu as mãos, e o vento ao seu redor começou a se intensificar. O ar girava como um vórtice, cada vez mais rápido, e Mariana se tornou o centro de uma tempestade crescente. Ela podia sentir a energia pulsando através dela, o poder que a conectava diretamente aos ventos. Cada movimento seu moldava a tempestade, e cada batida de seu coração fazia o céu ao seu redor vibrar com mais força.

A primeira das criaturas chegou até ela, uma massa disforme de nuvens escuras e relâmpagos. O rugido da criatura era como o de um tornado furioso, mas Mariana não recuou. Ao invés disso, ela canalizou o poder da tempestade que havia criado, liberando uma onda de vento devastadora em sua direção.

O impacto foi colossal. As correntes de ar se chocaram com a criatura, e Mariana sentiu o poder reverberar pelo ar. Por um momento, parecia que a criatura iria resistir, mas então ela começou a se desfazer, suas nuvens escuras sendo despedaçadas pela força do vento de Mariana. Em poucos segundos, a primeira das entidades desapareceu, dissolvendo-se no ar.

Mariana mal teve tempo de processar a vitória antes que as outras criaturas atacassem ao mesmo tempo. Elas vinham de todas as direções, cada uma carregando um pedaço da tempestade que destruía tudo ao seu redor. Mas Mariana, agora em perfeita harmonia com os ventos, não hesitou. Ela girou no lugar, suas mãos guiando o fluxo de ar ao seu redor, e uma nova tempestade surgiu de sua vontade.

O vento girava em círculos, criando um escudo ao redor dela e de Evander. Os Filhos da Tempestade investiram contra o redemoinho de vento, mas cada vez que se aproximavam, eram repelidos pela força que Mariana controlava. Relâmpagos explodiam no céu, e o trovão reverberava pela terra, mas a tempestade de Mariana era inabalável.

“Você está conseguindo!” gritou Evander, sua voz cheia de orgulho. “Continue, Mariana! Eles não podem vencer você!”

Mariana sentiu o poder dentro de si atingir seu auge. Ela não estava mais apenas comandando a tempestade — ela era a tempestade. Cada batida de seu coração fazia o vento girar mais rápido, e cada pensamento seu moldava o curso da batalha. As criaturas restantes tentaram avançar, mas uma última explosão de vento varreu o campo, dissipando-as completamente.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. As nuvens escuras começaram a se dissipar, e a tempestade ao redor de Mariana acalmou-se lentamente. Ela respirava pesadamente, ainda sentindo o eco do poder dentro de si, mas sabia que o perigo havia passado.

Evander se aproximou, o olhar dele refletindo um misto de admiração e respeito. “Você fez isso, Mariana. Você derrotou os Filhos da Tempestade.”

Ela olhou para ele, ainda tentando processar o que havia acabado de acontecer. “Eu... não sabia que tinha tanto poder.”

Evander sorriu suavemente. “O poder sempre esteve dentro de você. Tudo o que eu fiz foi ajudá-la a descobri-lo.”

Mariana olhou para o horizonte, onde o céu agora estava claro novamente. Ela havia passado no primeiro grande teste de sua nova vida, mas sabia que ainda havia muito mais por vir. Contudo, naquele momento, sentia-se pronta. O poder do vento não era apenas uma arma — era parte de quem ela era agora.

Ela se virou para Evander, com uma nova confiança em seu olhar. “E agora? O que vem a seguir?”

Evander deu um passo à frente e olhou para o horizonte ao lado dela. “Agora, Mariana, você está pronta para entender o verdadeiro propósito do poder que você carrega. O Reino dos Ventos tem muitos segredos, e você é a chave para revelar todos eles.”

Mariana respirou fundo, sentindo o vento acariciar seu rosto. Ela estava pronta.

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