Capítulo 13

James une as sobrancelhas enquanto vê Kate arrancando o soro de sua veia. Ela se levanta cambaleante, e vai caminhando, segurando embaixo do ventre até chegar nele e o empurrar.

Kate não conseguiu mover nem um centímetro, mas ela continua tentando o empurrar enquanto dizia:

— Eu te odeio, James, porque mesmo vendo o quanto você desprezava nosso casamento, no fundo ainda acreditava que tudo poderia dar certo. Acreditava que Sara estava certa, que você aprendeu com ela a ser um homem de verdade, mas você é só um garoto! — as lágrimas que Kate segurou por muito tempo escorreram e ela continuou a empurrar ele — Vá embora daqui, eu não preciso de você! Eu sempre fui sozinha e continuar sozinha era o que eu já esperava pra mim, me surpreenderia se você quisesse ser o meu esposo de verdade. Vá embora daqui com todas as suas mentiras e desculpas, respeite a minha dor!

James olhou no rosto de Kate, era límpido e cristalino, dava para ver o turbilhão de emoções. Ele nunca tinha a visto assim, nunca tinha visto tanto sofrimento em seu olhar.

Ele continuou lá, deixando que ela tentasse o empurrar e o bater, não reagindo, apenas parado, mas por dentro estava lutando contra o seu ímpeto de abraça-la. Sim, ele queria abraça-la e ficar assim por muito tempo, ele também estava em muito sofrimento, esse abraço não seria apenas para confortar Kate, seria para ele também.

Ao mesmo tempo, sentia que estava acondicionado a aquela mulher, que deveria resistir, que se abraçasse ela acabaria convencendo a acreditar em suas mentiras.

E ela estava grávida, sim, esse pensamento o acertou com um soco no estômago. Kate estava grávida e o filho não poderia ser dele.

Nesse momento ele se afastou, vendo Kate se desequilibrar e quase cair. Ela estava fraca por causa dos sedativos, mas ainda assim conseguiu se segurar na parede, evitando a queda.

Eles se olharam por uma última vez, olhares de tristeza, raiva e mágoas. James foi embora.

Kate voltou para a cama com cuidado, sentiu remorso por ter colocado a vida de seu filho em perigo por causa de James.

Ela colocou o soro de volta em sua veia e olhou para o teto, imaginando o que iria fazer a partir de agora. Ela não precisava da fortuna de Sara, ela tinha sua própria herança. Só vivia misturada às pessoas simples, pois não queria receber atenção apenas por ser uma herdeira e sim, por ser uma médica dedicada. Por isso, Kate sabia que nada de valor faltaria para aquele bebê, mas o melhor é que não faltaria amor, que era a única coisa que ela não teve na vida.

Ela acariciou sua barriga e pensou “Aguente firme, está bem? Seja forte aí, porque aqui vai ser turbilhão, a mamãe vai brigar por você.”

Kate se acalmou e adormeceu, pela manhã recebeu a visita da obstetra, doutora Tereza, uma colega muito próxima de Kate.

— Como a mais nova mamãe se sente? — Tereza já entra dizendo, estava feliz por Kate, pois sabia que ela já estava tentando a gravidez há algum tempo. Ela mesma ajudou Kate com os exames de fertilidade e receitou algumas vitaminas para ajudá-la a engravidar.

— Minha cabeça ainda dói e tudo está rodando… mas estou bem. Não sabia que gravidez era assim. Quando as pacientes vinham reclamando eu confesso que não levava tão a sério.

— Está vendo como é sentir na pele? Você deve estar cansada, precisa ficar mais em repouso e tomar algumas vitaminas que eu vou receitar. Talvez isso diminua os sintomas.

— Não tem como eu desestressar agora… — Kate diz e seus olhos ficam marejados — Sara, quando vão levar o corpo?

— Ah, Kate… é que… Meu Deus, é por isso que não se deve ter amigos como paciente, como médica eu não posso te dar essa notícia, mas como amiga…

— O que houve, Tereza?! — Kate diz, já tentando sentar na cama.

— O James, ele… ele levou o corpo ontem mesmo e o velório já está acontecendo essa manhã.

Kate balança a cabeça em negativa, engolindo as lágrimas e o nó em sua garganta, logo em seguida, ela arranca o soro e se prepara para levantar.

— Pare, Kate! Você não pode sair, está em observação, corre o risco de abortar… Sabe como a gravidez é frágil nos primeiros meses.

— Eu tenho que ir! Não vou me perdoar por não ter dado o meu último adeus a Sara! Meu bebê vai aguentar, Tereza! Ela vai aguentar!

Não tinha como Tereza segurar Kate, quando ela decidia alguma coisa, não tinha como convencer do contrário. Tereza apenas lhe deu um anti-abortivo, o qual Kate tomou imediatamente, se vestiu e foi para o velório.

O velório estava acontecendo na mansão, o lugar estava movimentado e com muitas pessoas importantes caminhando pelo jardim e pela entrada da casa. Kate passava por eles e todos a olhavam com desconfiança, por não conhece-la. Kate pensou que provavelmente James convidou pessoas fora da família, sócios e pessoas que haviam lidado com Sara, quando ela era uma mulher respeitada como administradora.

Assim que entrou no salão, onde estava acontecendo o velório, todos se viraram para olhar para Kate e ela não encontrou olhares amigáveis.

Kate se sentiu no covil dos lobos e a sensação era de que ela não deveria estar ali.

A única pessoa que olhou com pena para ela era Maycon, e James evitou olhar para ela, como se estivesse ignorando sua presença.

Kate observou o braço de James sendo segurado por Miranda e sentiu seu coração sangrar mais um pouco, mas ela não transpareceu e continuou a caminhar até onde o corpo de Sara estava.

Ela não segurou as lágrimas e debruçou sobre o caixão e começou a dizer baixo a sua despedida.

— Como os seguranças deixaram essa golpista entrar aqui! — Kate ouviu uma voz irritante atrás dela, era Aline, prima de James e amiga de Miranda.

— James, chame os seguranças, estou me sentindo desconfortável com essa mulher aqui. — Miranda diz, com uma voz doce e educada.

James não respondeu, enquanto Maycon olhava para ele.

Percebendo que o amigo não iria defender Kate, Maycon disse:

— Os seguranças não a impediram porque provavelmente ela é a dona dessa casa. Vocês como visita deveriam se comportar como tal, não acham?

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