Capítulo 9

— James! Mas… o que está acontecendo? Meu Deus! O Edward! Por que você? — Kate grita e corre até a porta, mas só consegue ver James entrando no elevador.

Ela fica dividida entre ir atrás de James e buscar uma explicação ou buscar socorro para Edward.

Sua vocação para medicina fala mais alto e Kate pede ajuda e socorre Edward.

Enquanto isso, com o coração destroçado, James ao invés de ir embora, resolve ir ver sua mãe.

— James, o que aconteceu, você está tão desarrumado e me deixa ver sua mão.

Imediatamente Sara percebe os nós dos dedos de James machucados, ela sempre foi uma mãe atenciosa.

James engole um pouco da raiva, nunca havia sentido uma dor tão grande. Ele pega a mão da sua mãe e beija, após deita a cabeça em seu colo, em silêncio.

Percebendo que o filho não parecia bem, Sara acaricia os seus cabelos, dizendo:

— Filho, o que você fez? Como está Kate?

— Não quero falar de Kate, mamãe.

— Vocês brigaram, foi isso? Kate ainda é jovem, filho. Ela ainda está entendendo os seus sentimentos. Seja um homem para ela, seja compreensivo, ouça ela…

— Mamãe! — James levanta a voz e imediatamente se arrepende — Me desculpe, eu não estou tendo um dia bom. Não quero falar de Kate, quero falar de você. Quero dizer que tudo é muito injusto, que é injusto eu te perder. Nem sempre fui um filho bom, mas ainda é muito cedo para você partir.

Ele sempre tentou manter o bom humor perto de Sara e parecer que estava lidando muito bem com aquela situação, mas naquele momento suas emoções estavam a flor da pele. Na verdade, ele queria desabafar sobre Kate, dizer o quanto estava decepcionado e perguntar se era normal a decepção doer tanto.

Mas ao invés disto, resolveu declarar a ela, o quanto a amava.

— Será que esses médicos não estão errados, será que não tem mesmo solução?

— Filho, meus pulmões não funcionam mais, nem meus rins, se não fossem esses equipamentos, eu não estaria conversando com você. A cada dia eu me sinto mais fraca e só estou aqui porque sou teimosa. Nada pode combater a bactéria que está no meu corpo, ela está me matando aos poucos.

James fechou os olhos, pensando o quão desgraçado ele era, sua mãe estava morrendo e ele só a queria agora para lhe dar um suporte emocional.

— Me desculpe, mãe. Eu só queria dizer que te amo mais uma vez.

— Eu também te amo, seu moleque travesso. Agora vai me dizer o porquê dessas mãos machucadas?

— Isso? Ah… resolvi treinar boxe hoje pela manhã.

— Tem que comprar uma luva melhor. Kate já viu? Ela vai ficar preocupada e você não pode ficar a preocupando muito.

— Kate não se preocupa comigo, ela… Eu não vou preocupar Kate.

James ficou um pouco com sua mãe e após foi embora.

Enquanto ele estava lá, Kate estava cuidando dos ferimentos de Edward, que já havia acordado.

— O que vocês fizeram? Porque vocês foram brigar? Você já tem uma carreira respeitada na medicina, Edward! O que as pessoas vão dizer se souberem que estava brigando com outro homem no seu consultório? — Kate diz, sem aliviar, ela não estava nada confortável com a situação.

— Eu não briguei com ninguém, o seu marido de mentira é que apareceu aqui e me bateu. Pode ver que ele não estava com nenhum machucado.

— Edward, James treina boxe e outras lutas, você não tem nenhuma chance contra ele. Você é um nerd. É claro que em uma briga James se sairia muito melhor que você.

— Acha que estou mentindo?

— Não, mas… você disse que as câmeras estavam desligadas, não é?

— Sim… — Edward diz e se vira para o lado, tentando esconder o rosto enquanto mentia — Vi você crescer, depois que os seus pais morreram você foi abrigada em minha casa. Cuidamos de você. Acredita mais no homem que acabou de conhecer do que em mim?

— Me desculpe, Edward. Você é como um irmão mais velho.

Edward se vira para ela, com as sobrancelhas unidas, claramente estava incomodado pelo que Kate disse. Por muito tempo sim, ele foi como um irmão mais velho para ela, mas conforme passava o tempo e Kate crescia, se tornando uma admirável e linda mulher, ele começou a vê-la com outros olhos.

Não percebendo o incomodo de Edward, Kate diz:

— Mas… eu nunca vi James descontrolado daquele jeito e Sara nunca me disse que ele poderia ser violento. O que aconteceu quando ele chegou aqui?

— Você desmaiou, sabe, então prestei os primeiros socorros. Eu estava aqui, te examinando, porque não sabia o que podia ter acontecido e ele chegou. — Edward diz, escondendo que viu o teste de gravidez — Acho que interpretou mal, ele nem me ouviu e já foi me atacando. Não teve nem um cuidado com você, por culpa dele você caiu da cama e ele ainda te empurrou, fazendo você se machucar. Tem certeza que ele não é perigoso?

Kate acena em negativo, e sai do consultório, deixando Edward sozinho.

Após todos os acontecimentos ela poderia ir visitar Sara.

— Querida, o que aconteceu com você?! — nesse momento os equipamentos acusam os batimentos de Sara acelerando.

— Calma, calma… foi só um acidente. O chão estava molhado, eu escorreguei e cai em cima de algumas coisas

Kate se senta e acaricia os cabelos de Sara, tentando a acalmar.

— Não foi o James, não é? Eu eduquei meu filho, ele não poderia fazer nada contra você!

— Não, foi Sara!

— Mas ele estava com as mãos machucadas… ele…

— Ele esteve aqui? — Kate pergunta, franzindo a testa, acreditava que ele tinha ido embora.

— Ele esteve e parecia muito incomodado com alguma coisa. Alguma coisa está o fazendo sofrer. As mãos dele estavam machucadas e ele disse que foi treinando boxe, mas eu não acreditei muito…

— Foi treinando boxe mesmo, Sara. Eu o vi treinando, ele acordou bem cedo e foi treinar. E se ele tivesse me dado um soco para machucar as mãos minha cara estaria toda roxa e não com somente um galo na testa.

Sara pensou um pouco e se acalmou, Kate tinha razão, não condizia os ferimentos de Kate com uma agressão feita por James.

— Ah, minha querida. Vocês dois me dão sustos como se ainda fossem dois moleques travessos! — Sara dá um tapa na mão de Kate, que sorri para ela.

— Senhora Sara, eu tentei vir antes para te ver, acredite, queria te dar essa notícia assim que pegasse o resultado. Mas olhe. — Kate diz, colocando o teste nas mãos de Sara.

— Ah, obrigada meu Deus! — Sara diz, emocionada. — Quanto tempo? De quanto tempo?

— Três semanas! É tão pouquinho, não é? Mas já estou sentindo enjoos terríveis! Acredita?!

— Claro! Vai ser menino, como o James. Na minha gravidez eu ficava enjoada com qualquer coisa, minha barriga cresceu rápido e eu andava por aí toda inchada e vomitando em todos os lugares. Meninos fazem isso com a gente, filha! Eles nos dão trabalho até na barriga.

Kate sorri e após abraça Sara.

— Eu vou vir aqui todos os dias e você vai acompanhar cada mudança, eu prometo.

— Ah, eu tenho certeza que será uma mãe incrível para o meu neto. Kate, abra a primeira gaveta e pegue um cartãozinho que deixei alí.

Kate pega e Sara diz:

— Querida, esse é o contato de alguém de minha confiança, meu advogado. Quero que chame ele para vir aqui hoje a noite e peça para o James vir também. Quero vocês dois participando dessa conversa.

Kate olhou com desconfiança para aquele cartão, mas realizando o pedido de Sara ela ligou para o advogado de Sara.

Após a visita, Kate resolveu voltar para casa e tentar conversar com James.

Quando chegou ele estava no quarto, se arrumando, testando uma gravata enquanto se olhava no espelho.

— James, você… você vai sair? — Kate diz, se aproximando.

James não olha para ela e continua a se arrumando e diz:

— Alguma vez devi satisfações a você?

Kate sente a hostilidade, mas resolve não comentar.

— A sua mãe quer que você vá ao hospital hoje a noite, disse que tem algo importante a dizer.

— Você a manipulou mais uma vez? Já até sei o que vai dizer, “Cuide bem de Kate, James, ela é uma pobre coitada.” Pobre coitada… eu sei que não é uma pobre coitada, Kate, agora consigo ver através da sua máscara de boa moça.

— Olha, eu já não estou entendendo mais nada. O que eu te fiz, hein?

— O que você me fez? Vai dar uma de desentendida? Eu vi, você se agarrando com Edward… me enganou também, parabéns. Achei que era uma mulher diferente, mas no fim, era só mais uma vagabunda querendo subir na minha cama.

Kate não se aguentou e foi até ele, ela puxou sua camisa, fazendo o se virar para ela e armou um tapa, mas quando sua mão estava prestes a acertar o rosto dele, ele a segurou.

— O seu teatro é bom, mas não me engana mais. Vou sair e não me espere essa noite, vou passar a noite com Miranda.

James a solta e a empurra, passando por ela.

Kate sente uma ferida em seu peito se abrir, apesar de suas desconfianças, James nunca lhe disse quando estava com Miranda.

— Miranda… — ela diz, com suas mãos trêmulas.

— Sim, qual o problema? Nunca foi segredo que ela é minha namorada.

— Mas você ontem, disse que… disse que ela não estaria entre nós.

— Sabe o que é, eu só queria transar. Um homem quando quer transar diz qualquer coisa. E Miranda não estaria entre nós, ela estará ao meu lado, em breve. — James diz friamente e vai embora, deixando Kate desolada.

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