58 dias até o incidente
Eu rastegei pelo lago e observei meu alvo com atenção. Usando um rifle sniper com mira de alta precisão eu mirei da cabeça dela e atirei.
- Quale, isso não vale. - Disse Natália vendo o corpo do seu avatar e palavra "you death" estampada no visor do laptop.
Paulinha apenas riu.
Eu e as meninas estávamos jogando call of duty pelo computador enquanto as meninas jogavam comigo cada uma em seu laptop.
Eu ri.
- mais sorte na próxima. - eu disse.
Era terça feira, noite de jogos. Eu e as meninas tiravamos essa noite para jogar até as dez quando era hora de dormir.
- Ta, eu desisto, vou comer algo. - Disse Natália botando o computador na almofada e se levantando. - Quer que eu traga algo da cozinha, pai?
- Traga só uma caixa de suco e um sanduíche.
- Também quero algo para comer. - Disse Paulinha deixando o leptop e se levantando.
Enquanto as meninas iam eu saí do jogo e fui para as redes sociais. Estava as mesmas coisas de sempre. A guerra no oriente médio continuava com Israel recebendo milhares de misseis e a comunidade mundial criticando Israel por se autodefender.
- O mundo é uma tremenda hipocrisia. - Disse comigo mesmo.
Os protestos antiisrael continuavam em São Paulo causando milhares de depredação em instituições judaicas e até assassinato de judeus e simpatizantes.
- Acho que vou deletar minhas redes sociais para manter minha sanidade mental. - Comentei olhando as notícias.
Natália me trazia o que pedi, uma caixa de suco de maçã e um amburgue vegano. Eu fechei as redes sociais.
- ja ta na hora de dormir garotas.
E era verdade, ja passava das dez. As meninas fizeram um muchocho com o lanche nas mãos.
- comam seus lanches e vão para a cama. Amanhã cedo vocês tem aula.
As meninas sentaram e comeram. Eu fui para a varanda da meu apartamento e olhei as luzes da cidade e o fluxo de carros. La, bem distante alem do mar, uma guerra estava sendo travada entre a liberdade e o terrorismo. E a maior parte do mundo estava do lado errado.
- papai, terminamos. - Disse Paulinha segurando a perna de minha calsa.
Eu a tomei nos braços e segurei a mão de Natália. Coloquei Paulinha na cama e dei um beijo na sua texta.
- Papai, é verdade que vamos morrer um dia?
- O Paula, que pergunta!
Eu olhei para Nat e depois para Paulinha.
- Amorzinho, se vamos morrer ou não, eu não sei, mas sei de uma coisa, morrendo ou não temos a promessa de que Jesus vai voltar e vai nos da vida eterna, então a morte e a dor serão expulsas desse mundo para sempre.
- Para sempre papai?
- Sim, para sempre.
- Então você nunca mais vai morrer nessa nova terra?
- sim, meu amor. Nunca mais.
- Então espero que Jesus volte logo.
Eu beijei sua testa de novo e apaguei a luz. Levei Natália até a cama dela. Ela tinha a cabeça baixa e parecia pensativa.
- Tem algo para falar Nat.
Ela apenas balançou a cabeça.
Eu a ageitei na cama dela.
Quando eu ia saindo ela segurou em meu braço.
- Se Deus é amoroso, porque ele queimaria tanta gente num inferno?
Eu me abaixei de novo diante da cama dela.
- Não é Deus quem decide quem vai ao inferno, isso é uma decisão pessoal somente nossa. Deus não forçar uma pessoa a ir para o céu se ela mesmo não quiser.
Ela apenas acenou. Eu dei um beijo na testa e apaguei a luz.
57 dias até o incidente
Uma garota levava três sacolas pesadas de compras pelo estacionamento do supermercado. Eu apenas olhava enquanto guardava minhas compras no carro. Ela usava uma blusa azul, saia longa de estampa colorida e tinha o quipar na cabeça. Uma espécie de lenço que as garotas judias usam. Seus olhos eram verde e seu cabelo era loiro.
Ela levantou as sacolas mais uma vez mas depois as abaixou no chão novamente. Ela olhou para mim com uma expressão cansada.
- Uma ajuda por misericórdia?
- Desculpa, é que com esses movimentos feministas hoje, eu fico um pouco aquem na hora de ajudar uma garota.
- Eu não sou feminista. Eu aprecio a ajuda de um homem, mesmo que seja de um franzino como você.
Eu estretei os olhos para ela. Depois me agachei e tomei uma das sacolas.
- você é mais forte do que eu pensava - Disse ela enquanto caminhávamos pelo estacionamento.
- Obrigado. Para onde vamos levar?
- Para o taxi alí.
A gente se aproximou de um carro prateado que exibia a placa de uma taxi no capo. O jovem que dirigia era alto, caucasiano e tinha barba rala.
- Para onde vocês querem ir? espera, você é Judeu?
Ele olhou para a garota com uma certa repulsa e fez uma careta.
- sou sim, porque?
- Vocês são terroristas. Eu não levo terroristas em meu carro.
- Mas como assim? - Disse ela.
- Vocês matam crianças. Judeu imundo.
Eu peguei no pescoço do homem e o empurrei sobre o carro dele.
- Você vai pegar a droga do seu carro e dar o fora daqui. - Falei apertando o pescoço dele.
Ele acenou. Seus olhos estavam esbugalhados.
Eu o joguei no chão. Arranquei a placa de taxi do carro dele e joguei no balde de lixo.
- você não merece isso. Agora, cai fora daqui.
Ele se levantou, entrou no carro e acelerou.
- O que você fez? - Perguntou a garota.
- Lidei com um idiota da forma como merecia.
Ela parecia assustada.
- Bem, obrigada. A gente tem que lidar com esse tipo de coisa todos os dias. Eu até parei de usar o ônibus por causa do ódio.
- É, achei que isso só havia em São Paulo, mas parece que chegou aqui também. Bem, posso te levar em casa, se não houver problemas.
- Eu aprecio isso.
Nós fomos caminhando até meu carro.
- São Paulo está insuportável. Muitos judeus deixaram São Paulo e Rio em busca de lugares mais seguros. Varios dos meus irmãos judeus foram para a Amazônia. Eu e minha família vinhemos para ca.
Eu coloquei as coisas dela no carro e abri a porta do passageiro. Quando ela entrou viu a cadeira infantil e um apoio para adolescentes no banco de trás.
- você é casado, tem filhos?
- Não e sim. Eu tenho duas filhas que adotei.
- Nossa, que legal. Nunca vi nada disso antes. Um homem solteiro que adota duas crianças.
- Então, para onde vamos? - perguntei saindo para a autoestrada.
- Loteamento recife. Perto de uma igreja Adventista. A propósito, meu nome é Layla.
- Nilton.
Chegamos a uma localidade do Loteamento recife, uma casa simples, bem, não uma casa, mas um conjunto de seis casas juntas. Algo que costumamos chamar de quitinetes.
- Vocês moram aqui? - Eu perguntei ajudando a tirar as compras da mala.
- Alugamos o prédio inteiro, graças a D-S todos os quartos estavam vazios. Somos 13 famílias vivendo em cinco pequenas casas. Há, esses são meus irmãos Yudah, Yakub e Yuseph e suas esposas.
Havia basicamente umas cinquenta pessoas morando alí, tendo dividir casas pequenas e sem espaço. Havia colchões do lado de fora, o que indicava que algumas pessoas não dormiam dentro de casa. Algumas crianças brincavam no pátio enquanto outros assistiam a TV.
Apesar de pequeno e apertado, o ambiente era muito bem organizado.
- Só quero agradecer em nome de Hashem, louvado seja o nome dEle, pela ajuda. - Disse Layla apertando minha mão.
- Você tem nossa eterna gratidão. - Disse Yakub. Ele era alto e tinha barba espessa.
- Vocês podem ir ao meu apartamento se precisarem de algo. Fica na cohab massagano. Levem as crianças, elas vão gostar de brincar com minhas filhas.
- Nós agradecemos sua hospitalidade. - Disse ele com um sorriso.
Quando eu sai do quitonete e entrei no carro me sentia mal. Uma guerra idiota que havia começado no oriente médio agora chegava as nossas portas. E será que estávamos preparados para o que virar? Esse pergunta foi respondida no dia do incidente.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 21
Comments