Melinda

Mais quanto mais eu tento esquecer mais essa cidade me faz lembrar a cada instante, eu estou me sentindo sufocada prestes a estourar, consigo sentir o bolo de lágrimas se formando, minha garganta está pegando queimando, eu só gostaria de não ter que lembrar a cada instante que eu nunca serei como um deles, que eu nunca terei uma família, que eu nunca terei uma alcateia, uma matilha ou até mesmo um companheiro pois a merda da Deusa da lua não me acha boa o suficiente para isso nada disso.— Ninguém nunca vai entender a minha dor, pois eles não sabem como é sentir desprezo a vida toda, não sabem como é ser renegado mesmo sendo a porra de uma criança.

Saio sem rumo pela mata. — Sinto os galhos batendo em minha pele, fazendo pequenos cortes e um ódio cada vez maior se instala em cada pedaço do meu ser. — Minhas pernas quando me dou conta que eu estou naquele lago novamente onde a luz da lua se reflete sobre ele mostrando para todos como é bela, e por ser lua cheia mais brilhosa ela está.

Olho para lua, sentindo todo o desprezo que tenho em meu coração mas quando eu ia abrir minha boca para deferir minhas palavras arduosas a ela, ouço um barulho e todo meu corpo entra em alerta. — No meio da floresta sobre a luz da lua cheia lá estava ele o lobisomem, metade lobo e metade homem o seu pelo era evidente e diferente do que todos diziam sua besta era linda, seu pelo é preto misturado com branco, seus olhos são profundos mas da para se ver uma leve cor laranja misturada com vermelho, ele é grande bem maior do que um dia eu pude imaginar, e muito forte.

Nossos olhos se encontram e diferente de tudo que um dia eu pensei sentir, eu não sinto medo dele é como se algo me mandasse ir até ele, uma vontade descontrolada de senti-lo em minhas mãos. — Puxo o ar, controlando minha respiração, e vou em passos curtos em direção da fera, ficando bem perto de seu corpo. — Consigo ouvir um rosnado, como se disesse pare, fique aí. — Mas não dou ouvidos.

Ergo a mão para passar nele e percebo ele abaixando a cabeça para que eu consiga alcançá-lo, e conforme minhas mãos passa de um lado para o outro em seus pelos, vejo ele fechando os olhos ao sentir o contato. — Seus pelos são bem mais grossos que de um lobo normal.

— Me desculpe, estar aqui, eu sei que não devia mas, em lua cheias é o único dia que tenho para deferir o meu ódio à Deusa. — Ele me olha confuso, e nem sei dizer se ele me entende, mas algo surpreendente acontece em frente aos meus olhos.

Ele se deita ao meu lado com as patas uma em cima da outra como se fosse um cachorro domesticado. — Ergue levemente sua cabeça pra mim como se disesse vai lá, faz o que tem que fazer mas não sairei daqui.

E como sempre aqui estou eu brigando mais uma vez com a Deusa como se algo fosse mudar em minha vida, eu berro com, a xingo, mas nada funciona é como se minhas misérias palavras não tivesse poder algum sobre ela. — Então cansada apenas me sento sobre o tronco dali, coloco minha mãos sobre a cabeça e deixo as lágrimas escorrerem.

E minha maior surpresa é quando a fera em minha frente me levanta daquele tronco. — Eu o olho confusa sem entender o que está acontecendo, é estranho eu não sinto medo em sua presença mas olhando nos olhos dele percebo que há algo mais, algo indescritível é como em um olhar eu visse muito mais do que apenas um lobisomem era possível ver um pouco de sua alma refletindo ali.

Saio de meus pensamentos quando percebo que estou no braços da fera, me sinto abraçada por ele. — E pela primeira vez em anos, eu posso dizer que eu me sinto protegida como se nada e nem ninguém pudesse me fazer mal pelo menos não enquanto eu estivesse em seus braços.

Eu olho para ele quero entender o que está acontecendo. — Mas percebo que nem mesmo a fera a minha frente consegue entender o porque disso.

Perguntas rodam a minha mente, será que ele consegue entender o que eu falo ? Será que ele consegue falar ? — Então mesmo com receio de parecer uma idiota eu olho em seus olhos e falo:

— Eu não sei o que está acontecendo aqui grandão, eu não sei se entende o que eu falo ou que fale a mesma língua que eu mas eu adoraria saber o seu nome. — Ele me olha como se tivesse em uma briga com seu propio interior.

— Meu nome é Lucien. — Ele diz com uma voz grossa e rouca, que faz com que cada pelo meu corpo se arrepie.

— Seu nome é lindo e combina com você. — Digo ainda em seus braços.

— Qual é o seu seu ? — Ele pergunta com firmeza me olhando.

— Meu nome é Melinda, é um prazer te conhecer Grandão. — Digo com um sorriso em meu lábios, aconchegando minha cabeça mais em seus braços.

Lucien me pega em seu colo e assim consigo me aconchegar cada vez mais em seu colo, sinto meus olhos ficarem pesados e acabo os fechando, sentindo meu corpo ficar pesado até que adormeço no colo da tão temida fera.

Depois de algumas horas já se pode ver os primeiros raios de sol surgir no céu. — Melinda, eu preciso ir. — Ele fala pra mim.

— Agora você só volta na próxima lua ? — Pergunto já me sentindo vazia sem o corpo dele me esquentando.

— Sim, agora só voltarei na próxima lua cheia.

Ele se levanta pronto para ir embora. — Quando eu o abraço por trás. — Ele se vira para mim, me pega em seu colo e minhas pernas se entrelaçam em sua larga cintura.

— Eu estarei aqui, te esperando na próxima Lua Cheia, então se esqueça de mim Lucien. — Deixo um beijo em sua bochecha e sai de seu colo, vendo a fera em minha frente indo embora, e uma vazio enorme me alcança.

Pensando em tudo o que aconteceu hoje vou para a casa, não entendo o porquê de tudo isso.

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Comments

Claudia Maria

Claudia Maria

estou gostando da estória /Angry/

2025-02-05

0

Claudia Claudia

Claudia Claudia

só consigo lembrar da bela e a fera

2025-02-05

1

daddi

daddi

acalmou a fera

2025-01-22

0

Ver todos

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