Olhos Azuis

Quando retornei para casa eu me sentia exausta, não sabia como agir de agora em diante, mal coloquei os meus pés dentro de casa e um dos guardas me avisou que o meu pai me aguardava no seu escritório, eu não disse nenhuma palavra, fui em direção a porta e antes que eu batesse o meu pai me mandou entrar, ele dispensou o seu beta, e ficamos somente ele e eu.

— Mandou me chamar. — Eu disse sem olhá-lo

— Estávamos preocupados, aonde você estava?

— Por ai.

— Ainda estamos sob ataque, não quero você perambulando por ai, ainda mais sozinha

— Sim senhor, deseja mais alguma coisa?

— Olhe para mim filha

Respirei fundo e o obedeci

— Você é minha filha, não importa de quem você saiu, eu sou o seu pai, eu me preocupo com você, então por favor não nos afaste de você.

— É muita coisa para assimilar, não queira que eu haja como se tudo fosse normal

— Sei que você precisa de tempo, mais para a sua mãe e para mim nada mudou, somos os seus pais.

— No fundo eu sabia que algo estava errado, eu sempre me achei diferente, a ma… A Helena sempre disse que eu puxei a minha vó, o que não era verdade não é, você disse que eu parecia com você e é mais uma grande mentira, é como se nada o que vivi fosse verdade, como se eu estivesse em uma grande bolha de mentiras.

— Você é minha filha.

— Eu posso ir?

Ele me encarou, eu podia ver a tristeza no olhar dele, todos nós estávamos sofrendo isso não era nenhum segredo.

— Pode.

Saio de lá e subo para o meu quarto só queira um banho, dormir e acordar achando que tudo isso era um sonho ruim, mais eu estava querendo muito naquele momento, entrei no meu quarto e lá estava a minha mãe.

— Aonde você estava? —Ela me pergunta assim que eu abro a porta

— Estou cansada por favor me deixe descansar.

— Por favor filha você precisa entender que tudo o que fizemos foi para o seu bem.

— Por favor Helena...

Chama-la pelo nome foi um baque para ela, eu vi uma lágrima solitária rolar pelo seu rosto, eu não queria ser ingrata, eu não podia, mais eu sentia tanta, mais tanta raiva, fechei os olhos e respirei fundo, nunca quis magoa-la, eu estava quebrada por dentro e por mais que eu só quisesse gritar de nada adiantaria, eu a olhei novamente.

— Eu preciso descansar, é muito para assimilar, eu preciso de tempo.

— Tudo bem. — Ela diz virando-se para sair

No fundo eu sabia que a minha mãe me amava e por mais que eu estivesse chateada não poderia deixa-la sair assim.

— Eu te amo, sabe disso não é? — Eu disse e ela parou no mesmo instante me olhando, nos seus lábios um sorriso se formou, mais ainda assim eu podia ver nos seus olhos uma gota de tristeza

— Eu também te amo filha, agora vou deixa-la descansar.

—Obrigada... mamãe.

—E, não se atrase para o jantar

Nós duas rimos

— Sim senhora.

Quando a porta se fechou eu não esperei, comecei a preparar uma mochila com tudo que eu achava necessário, peguei o meu cofrinho e o quebrei, sempre fui muito econômica, o valor dava para ficar despreocupada por vários dias, estadia e comida, era somente o que eu precisava.

Escondi a mochila no fundo do meu guarda roupa e fui para o banho, pretendia relaxar, mais a água tocou os meus seios, me lembrei daquele cheiro, só a lembrança afetava os meus sentidos, desliguei o chuveiro e segurei firme na pia, me olhei no espelho, os meus olhos estavam azuis, eu fiquei me encarando e então ele voltou a ser âmbar.

— A minha loba está aqui.—Disse para mim mesma.

Sorri ainda com dificuldade para respirar, os meus olhos voltaram ao normal, eu me troquei e desci, ainda faltava duas horas para o jantar, fui até lá fora, já haviam começado a enfeitar a cidade, em dois dias teríamos um casamento.

— Oi. —Hanna disse assim que me viu

— Oi Hanna

— Quer nos ajudar?

— Claro, o que precisam?

— Vamos pendurar enfeites em toda a cidade, teremos o maior casamento dos tempos, Hellen quer que tudo seja perfeito.

— E com toda certeza será.

— Arya... Nós... nós ficamos tão surpresas quanto você, não devemos falar sobre esse assunto

— Então não fale. — Eu retruquei não querendo mesmo falar sobre isso.

— Mais eu devo deixar bem claro, eu sou sua irmã, sempre estarei aqui como sempre estive.

— Eu sei Hanna, agora vamos pendurar isso ou nos atrasaremos para o jantar e você sabe o que atrasa causa?

— Fúria na nossa mãe.

— Isso mesmo.

Nós duas rimos e começamos a enfeitar, quanto mais rápido terminamos, mais rápido chegaria o dia.

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