Confissões

Quando eu disse que ia para o Norte Lúcio meio que surtou, assim que ele se acalmou contei tudo o que a minha mãe havia nos dito e também o que ouvi no quarto dos meus pais, ele ficou meio estranho, depois de um tempo conversando nos despedimos, eu fui para a área de treino, ficaria por lá até o almoço.

Eu estava com uma sensação estranha, na volta para casa eu sentia que algo estava prestes a acontecer.

Entrei no meu quarto, tomei banho, me troquei rápido e desci! Todos já estavam lá, o silêncio era constrangedor, depois que os pratos foram retirados, eu me levantei, até ouvir a voz grossa do meu pai.

—Precisamos contar algo a vocês!

—Arthur. — A voz da minha mãe me fez olhar para ela, eu sentia que algo estava errado

—O que está havendo? —Hellen perguntou

—Vamos para o escritório! —Papai disse e todas nós o seguimos.

Quando a porta se fechou eu já sentia que o que estava por vim ia me quebrar.

—Helena? Vamos! Diga! Conte a elas, conte a Arya. — O meu pai disse sem me olhar um só segundo, mais diferente dele, as minhas irmãs me olhavam com total confusão, a minha voz não saia, eu engoli em seco e olhei para a minha mãe, ela balançava a cabeça negativamente.

Após um silêncio que parecia durar horas, o meu pai finalmente o quebrou.

—Arya, primeiro quero que saiba que nunca tivemos a intenção de esconder algo assim de você, só nunca achamos o momento certo e talvez não exista o momento certo, mas, quero deixar claro que nada disso importa, nós amamos você.

—Do que o senhor está falando? —Finalmente eu consegui dizer, mesmo com o meu coração querendo sair pela boca.

—Arthur. — Minha mãe o chamou.

—Ela precisa saber Helena.

—Tudo bem, eu conto. — Minha mãe disse enquanto caminhava sem parar.

 — Mamãe? —Eu a chamei fazendo-a finalmente parar.

— Quando nós voltamos para casa naquela noite, eu estava devastada com a perca do meu filho, eu achei que estava delirando, mais quando chegamos aos portões, o choro ficou mais forte.

— Que choro? — Hanna pergunta

— Eu desci do meu cavalo e caminhei um pouco, até ver uma cesta um pouco distante da entrada, eu nunca vou me esquecer dessa noite... Eu me abaixei e lá estava você... Arya.

Ela me olha, as minhas irmãs levam as mãos a boca e uma lágrima solitária escapa dos meus olhos.

— Eu? Não, isso não. — Era muita coisa para processar, eu estava incrédula com o que eu estava ouvindo, eu só consegui balançar a cabeça que não.

— Você é nossa filha, nada disso importa. — O meu pai dizia enquanto andava na minha direção.

— Não chega perto de mim, vocês não ia me contar nunca? achavam que eu não tinha o direto de saber? — Disse recuando

— Filha, nós só não queríamos que se sentisse diferente. — A minha mãe diz.

— Olhe para mim, eu já sou diferente, como conseguiram esconder isso? O nosso povo sabe?

— Não. E deve permanecer assim. — O meu pai diz e sabemos que isso é uma ordem.

Comecei a andar de um lado para o outro, isso não pode estar acontecendo, eu dizia mentalmente.

— Eu amei você desde o momento que te vi, eu não pensei duas vezes em ficar com você. — A minha mãe dizia em lágrimas

— Eu não passei de um consolo para a sua dor, a senhora só queria algo para não sentir a perca do seu filho e eu fui perfeita não é?

— Arya. —Hanna diz

— O que aconteceu com o Aaron? — Eu Perguntei.

— Foi cremado. — A minha mãe responde.

— Mamãe quando a encontraram não tinha nada com ela? — Hellen pergunta

— Não, apenas um cobertor.

— Eu não consigo, não consigo fazer isso, com licença. — Digo e saio de lá rápido.

Vou para a floresta e corro entre as árvores, então caio de joelhos e grito como se isso fosse acabar com a dor que estou sentido, fico alguns minutos ali, então mando uma mensagem para o meu único amigo.

📲Encontre-me no lago, rápido.

Me Levanto e caminho até o lago, Lúcio já me esperava, assim que ele me viu correu me abraçando, eu poderia ficar naquele abraço pelo resto da minha vida, Lúcio era reconfortante.

— Eu sou uma bastarda Lúcio, os meus pais não são os meus pais. —Eu disse em meio aos soluços.

Ele apenas me abraçou mais forte sem dizer uma única palavra, eu sabia que ele era esse tipo de amigo, mais só quando me afastei percebi que ele não estava surpreso, aquele olhar eu conhecia muito bem.

Arya: Você sabia?

Dei poucos passos para trás.

— Soube há alguns dias. — Ele fala abaixando a cabeça

— E não pensou me contar? Que droga Lúcio.

— Eu queria Arya, queria muito, mais o meu pai me fez prometer, disse que somente o Alfa poderia revelar a verdade, o meu pai ajudou o seu a esconder tudo o que aconteceu

— Eu não entendo, por que esconder algo assim?

— Eu também não sei, foi o meu pai que cremou o Aaron e deu as cinzas a sua mãe.

—O que o seu pai te contou?

— Ele me disse que na noite que você apareceu alguma coisa mudou..

— Como assim mudou?

— Ele não soube me explicar, mas disse que sentiu uma sensação muito ruim quando tocou em você, bom, a sua mãe estava devastada, o Sul estava passando por mais uma crise já que o Norte havia cortado relações, não podiam atacar o Norte, não tinham forças, mais o meu pai também me disse que você...

— Que eu o quê? —Perguntei curiosa

— Que você seria diferente, eu não sei o que ele sentiu em você, até hoje ele não sabe explicar, a sua mãe disse que ficaria com você, o meu pai disse que nada faria a dor da sua mãe diminuir, mais você seria um motivo para ela seguir em frente.

— Um tampão para a ferida dela.

— Não foi isso que ele quis dizer.

—Tudo bem, não importa mais, não posso culpá-lo.

— O meu pai os convenceu a não dizerem nada aos outros, o povo já estavam com medo do Norte, e se soubessem que a sua mãe havia sido atacada e perdido o bebê, não tinham ideia do quanto o povo ficaria estremecido, então começaram a construir um muro maior e mais cumprido, todos viveriam atrás dos mesmos muros, acho que foi esse motivo de não contarem nada, na época o meu avô tinha acabado de morrer, o meu pai ainda estava se acostumando com os poderes que ele havia lhe transportado, o pai da sua mãe também tinha partido, logo depois a sua avó, era muita coisa para assimilar, acredito que omitir a verdade era o caminho mais fácil.

— Isso não faz sentido, eu sinto que tem mais alguma coisa, e eu preciso da sua ajuda.

— Eu sabia que não aceitaria isso muito bem, o que você quer?

— A Hellen se casará esse fim de semana, preciso da sua ajuda para fugir.

— Fugir? Para onde quer ir?

— Irei para o Norte, vou descobrir por que começaram os ataques, vou descobrir por que tudo isso começou.

— Não pode ir para lá

— Sim eu posso, não a nada que me prenda aqui

— Eu sei que os seus pais esconderam coisas de você, mais isso não quer dizer que eles não se preocupem.

— Eu sei, mais ainda assim quero ir, não podemos viver dessa forma, sempre esperando um ataque.

—Se eles pegarem você vão te fazer mal

—Antes eu do que as famílias que estão aqui, ainda são o meu povo e se eu tiver que me sacrificar por eles eu o farei, não sei de onde vim mais o Sul é a minha casa.

—Arya você não precisa fazer isso, não dessa forma, você sempre falou que fugiria para o Norte e eu sempre achei que era apenas brincadeiras, não pode esta falando sério.

—Nada do que você diga vai me fazer mudar de ideia, eu só quero saber se posso contar com você ou não?

—É claro que pode que tipo de amigo acha que eu sou.

—Ótimo, agora pode me deixar sozinha por um tempo.

—Tem certeza?

— Tenho.

Lúcio me abraçou forte e se foi, eu sentei a beira do lago e fiquei por lá, a minha cabeça estava a mil, os meus pensamentos em total desordem, fiquei lá por tempo suficiente, era quase noite quando resolvi voltar para casa.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***