A confusão

Depois da cena ridícula que aconteceu no elevador pensei seriamente em não voltar a trabalhar, achei um hotel já eram mais de 2 horas da manhã, pelo menos era próximo, hoje pela manhã quase perdi a hora, cheguei faltando dois minutos e por sorte minha amiga já estava organizando as bandejas.

Guria, estava achando que você não vinha- ela me falou assustada com a minha demora, sabendo que eu nunca atraso.

Aconteceu alguma coisa? - falou e eu neguei com a cabeça.

__ Aí leva essas primeiras bandejas, ontem deu uma confusão aqui, depois te explico, sai daqui já era 00:00, vai lá enquanto vou correndo me vestir- falei e ela assentiu, saiu e me deixou ir ao banheiro me colocar o uniforme e me preparar.

Dividíamos as funções, uma fazia as bebidas e petiscos e a outra levava, ouvi o interfone tocar e disseram que eu deveria descer imediatamente até a portaria que tinha gente me esperando.

__ Certo já vou descer- avisei e desliguei, aguardei Julie voltar e desci sem saber quem me esperava, achei que poderia ser a minha mãe ou irmã, mas não estava preparada para a audaciosa visita que recebi.

Quando cheguei na portaria não esperava encontrar o Arnaldo lá, me assustei e dei um passo para trás.

__ Arnaldo? O que faz aqui?- senti um calafrio percorrer minha espinha e minha visão ficou turva, sabia que desmaiaria.

Dante.

Acordei um pouco mais tarde do que o habitual, passei mais tempo do que deveria pensando na menina, sonhei com sua boca rosada e seu temperamento forte.

Estava chegando na empresa quando vi uma movimentação estranha, me aproximei e Fernando já estava ali.

__ O que houve? - perguntei vendo se tratar de Samira ali.

__ Ela desmaiou, um homem veio atrás dela, o porteiro disse que ela o chamou de Arnaldo e desmaiou logo em seguida- ele disse e me lembrei do nome que ela disse enquanto sonhava algo ruim e guardei para outra oportunidade, ele veio até a minha empresa, teria que ver o que ele queria com ela e resolver essa situação.

__ Ela está acordando- ouvi a menina dizer e olhei sério.

__ O que houve? - ela perguntou aparentemente confusa.

__ Você desmaiou, um homem veio te procurar e você só desmaiou, quer ir ao médico- A amiga disse preocupada.

__ Sra. Samira, quero você na minha sala em 10 minutos- falei e só então ela notou minha presença, meu irmão me olhou sério e eu me retirei, não tinha tempo para perguntas e nem burburinhos.

Meu irmão me alcançou no elevador e perguntou:

__ Qual é o seu problema com a menina? Não vai demitir ela né- meu irmão parecia preocupado e eu mais uma vez fiquei com aquela sensação de incômodo, então respondi meio a contragosto.

__ Não se preocupe Sr. protetor de meninas inocentes, só quero esclarecer algumas coisas, quando estávamos no elevador ela falou o nome desse cara, então quero saber o risco que ela corre e o que ele veio fazer aqui- respondi e ele pareceu não acreditar e continuou me olhando sério.

__ Certo, mas estarei com você, ela tem medo de você, se eu estiver lá ela não ficará tão nervosa- ele disse e eu neguei mais uma vez, não aceitava uma intromissão dele, e ele sabia disso.

__ Não, eu falarei com ela a sós, vá se ocupar agora e me deixe- fui firme e ele balançou a cabeça em negativa.

__ Ela não tem ninguém além de mim e da amiga, a supervisara dela é a bruxa que faz dela gato e sapato, pega leve cara, a Julie disse que ela está passando por mal bocados- ele respondeu e saiu da minha presença.

Cheguei na minha sala e impedi a entrada do meu irmão, iria falar com ela sozinho e colocar algumas coisas em pratos limpos.

Passaram alguns minutos e ouço uma batida na porta.

__ Sr. Rossi, queria falar comigo - ela falou e eu disse para que ela entrasse e se sentasse.

Sim, entre, se sente melhor? - perguntei e ela afunilou o olhar em minha direção, procurando entender a minha pergunta.

Você me ouviu? Se sente melhor?- perguntei mais uma vez

Não, quer dizer sim, COF, COF - ela falou e tossiu, vi que sua pele estava branca e ela muito nervosa.

 Levantei da mesa e fui para o lado da cadeira dela, sentei e a virei para mim.

Seu olhar curioso e preocupado olhou para mim e meus olhos caíram sobre a sua boca carnuda, sem pensar em meus movimentos levei minha mão ao seu rosto, sua pele clara era perfeita e me perguntei como nunca notei sua presença aqui.

Você está com febre- falei e ela perguntou:

O quê?

Você pegou chuva ontem né, agora está com febre, sua temperatura elevada com a presença do tal Arnaldo provavelmente te causou um colapso, vou te levar ao hospital- imediatamente ela caiu em si e tirou a minha mão do seu rosto.

Estou bem, e tenho que trabalhar, não vou dar trabalho para você aqui na empresa e esse cara não voltará aqui ou eu mesma chamarei a polícia- ela falou e confirmou as suspeitas que eu tinha.

Ontem, enquanto dormia no elevador, você falou sobre não dormir com ninguém e também sobre o nome Arnaldo, e esse nome vinha com uma frase `` Me solta Arnaldo’’ era o que você dizia, quem é esse homem e o que ele quer com você- fui direto ao ponto e não esperava a resposta que ganhei.

Me desculpe pela confusão, eu não o chamei e não o quero aqui, não se preocupe que ele não voltará, mas não devo satisfações da minha vida para você- audaciosa, correndo perigo, mas não pede ajuda.

Ok, não estou pedindo que me diga e sim ordenando- aumentei a intensidade da minha voz querendo causar temor e não teve nenhuma resposta positiva.

Se quer saber, você já falou sobre sua mãe e o que ela fez- Menti sem nenhuma culpa, ela me instigava a conhecer ela e eu precisava saber o porquê.

Não acredito que falei- ela ficou nervosa e seus olhos encheram de água.

Não gostei de ver ela chorando e quis consolá-la

Minha mãe não tinha esse direito, eu vou dar minha virgindade para quem merecer, não por dinheiro e não para aquele nojento, minha mãe já fez isso quando minha irmã era menor, ela me contou ontem e eu fiquei anojada, ele pagou $ 5000 para uma noite e quando escutei eles negociando isso fugi, ele quer o dinheiro dele de volta, minha mãe disse que fugi com o valor, deve ter dito onde trabalho, vou ter que sair daqui ou ele não vai me deixar em paz.- a menina é corajosa por fora, mas são barreiras erguidas para se proteger da família.

Sua mãe vendeu você?- falei sentindo aquele incomodo novamente me tomar.

Não se preocupe que pagarei a sua dívida e me certificarei de afastar esse cara daqui, você achou um lugar para ficar? - perguntei e ela assentiu.

Hoje ainda fico no hotel e amanhã vou para o apartamento da minha colega Julie, que você não deve nem saber quem é - ela disse e eu sorri.

Meus olhos no momento estão sobre outra menina, arrume suas coisas que vou te levar até o hotel - falei e ela disse:

Não posso ou a Bruxa me desconta, as horas extras não me pagam, mas os descontos vem todos- ela disse e entendi que a mulher pegava no pé dela.

Gorete? Estou liberando a Samira hoje sem nenhum desconto, e quero que ainda hoje caia na conta dela todos os pagamentos das horas extras que ela não vem recebendo, quero uma cópia disso na minha mesa também ou você será penalizada- falei e desliguei o telefone.

Vá arrumar as suas coisas que sairemos em 5 minutos- falei e já avisei o Fernando que iriamos atrás de um rato e ele respondeu OK e um desenho de soco, meu irmão é um lutador exímio.

Ia saindo da sala quando vejo Alessia chegando, nesse momento ela não me chama a atenção, ela entra para me entregar os papeis e assim que fecho a porta ela vem para me dar um beijo e eu viro o rosto, ela estranha e me pergunta:

O que houve chefe? Não me quer hoje- ela reclama tentando soar manhosa.

Não, Alessia, estou com pressa, tenho outro compromisso, falamos depois, obrigado pelos documentos - falei indo até a porta e vejo Samira aguardando na rua com sua mochila.

Alessia Olha para ela e para mim, Fernando chega próximo a ela e Alessia confirma sua suspeita.

O poderoso atrás de meninas? Não achei que fosse do seu feitio querido, ela não é a coitada que traz café para seus clientes? Hahaha, fazendo caridade Dante- ouvir a Alessia falar assim me deixou com ódio, para minha sorte ela não escutou, e eu não sei nem o motivo de estar me preocupando com ela.

Não fale besteiras, Alessia, nada que estrague nossa amizade, até logo- falei e a infeliz me deu um selinho na frente da Samira e saiu rebolando, fechei a minha porta e saímos, fomos até o carro e ela falou:

Sua namorada não vai ficar braba de me ver no seu carro?

Fernando me olha sério e respondo:

Ela não é minha namorada.

Então saímos.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***