Quando Vitória vê o seu pai abrindo a porta do carro impaciente, ela fecha os olhos, pedindo a Deus uma oportunidade de entrar naquela camionete e se esconder nela.
— Se não sair do carro eu vou te arrastar para fora dele. — Gregório fala impaciente — Vamos entrar agora! Está esperando a chuva voltar?
Sem tempo para pensar em algo mais criativo, Vitória deixa o buquê no carro e quando chegam na entrada do salão, onde uma cortina separava ela dos olhos do noivo, diz ter esquecido o buquê no carro e que iria pegá-lo. Sem esperar resposta ela corre em direção a camionete, precisava se arriscar, não iria aceitar pacificamente o destino que escolheram para ela.
Sem pensar muito ela consegue abrir a capota e se esconde embaixo da lona da carroceria, machucando a mão para conseguir fechá-la novamente. Não demora a ouvir vozes e pessoas correndo, seu coração estava disparado, seu medo era alguém a encontrar ali.
— Não é possível que Vitória tenha fugido — Era a voz do pai dela — Ela não deve estar muito longe, com aquele vestido, ela não consegue nem correr.
— Se eu passar essa vergonha de ser abandonado no altar, eu mato você e a sua filha quando eu a encontrar, eu te juro que mato. — Dessa vez era Dornelles quem esbravejava.
— Ela vai aparecer, ela não tem para onde ir, apesar de ter vinte anos, parece mais um bicho do mato, nunca saiu do sítio, nem amigos ela tem para ajudá-la.
— Como eu pude confiar em um pai como você? — Dornelles gritava com o pai dela, mas isso não era problema dela — O que ela pensa que está fazendo? Acha mesmo que isso ficará assim? Sua dívida se tornará impagável. Acredite em mim, Gregório.
— Eu vou encontrá-la, não se preocupe. Vitória! Vitória!... — Era a voz do pai dela que se afastava a chamando.
— Você não muda mesmo — Essa voz ela não conhecia.
— Não se meta na minha vida — Esse era Dornelles, ela pensa.
— Quer dizer que comprou uma noiva?
— Comprei uma noiva não, comprei Vitória, aquela maravilha de mulher, que adora me irritar com sua língua afiada fingindo não querer ficar comigo.
— Deve ser por isso que ela fugiu, por estar fingindo não te querer, logo ela irá aparecer dizendo te amar — Comenta em tom de deboche.
— Cuide da sua vida, Vitória é problema meu.
— Quer saber? Já gostei da sua noiva — A pessoa ria como se tivesse satisfeita com o que estava acontecendo — Se ela for esperta, como acredito que seja, já deve estar bem longe.
— Se não quiser ajudar procurá-la é melhor ir embora, nem sei o que veio fazer aqui.
— Vim para saber quem era a vítima dessa vez. Mas será que terá casamento? Para ter certeza, eu prefiro esperar mais um pouco, quero ver a sua cara quando tiver certeza que a noiva fugiu de verdade. Há um ditado que diz, quem ri por último ri melhor — O dono da voz desconhecida solta uma gargalhada, a deixando curiosa para ver quem era o dono daquela voz tão bonita.
Dornelles responde algo, mas Vitória não consegue entender, mas isso era o menos importante, o que mais queria era que o dono daquele carro decidisse ir embora e a levasse para bem longe.
As horas se passam e Vitória já não aguentava mais ficar na mesma posição, além disso estava muito abafado e ela começava a sentir dificuldade de respirar, mas ela não sairia dali, mesmo que lhe faltasse todo o ar, preferia morrer a se casar com Dornelles.
Parecia estar ali há horas, e pelas vozes alteradas, estava tudo em polvorosa. Eram muitas pessoas falando ao mesmo tempo, ela não ouviu mais a voz do seu pai e não sabia onde ele estava, mas a sensaçãoque tinha era que a qualquer momento alguém a descobriria ali.
A chuva aumentou, e Vitória permanecia ali escondida ouvindo o barulho da chuva na lona, as vozes aos poucos vão sumindo, mas ela achou melhor permanecer como estava, deitada, calada e quase asfixiada, mas feliz por ter encontrado um lugar para se esconder e com um pouco mais de sorte, iria para bem longe.
Quando pensou que iria desmaiar alguém entra no carro e o carro não demora a entrar em movimento. Ela pensa abrir a capota, mas isso podia jogar por terra todo o seu esforço em se manter escondida. Não sabe dizer quanto tempo passou ali e muito menos quando apagou, pois quando despertou se deparou com alguém que a olhava com os olhos semiserrados.
Seu corpo todo doía, sua garganta estava seca de tanta sede, e os seus olhos se negavam a abrir direito, devido a claridade que o incomodava. Mesmo tendo uma pessoa a sua frente, nada era dito.
Com esforço, Vitória consegue abrir os olhos e percebe que o homem continua a encarando com os olhos semiserrados, ele dá um sorriso de lado e coloca os dois braços sobre a carroceria.
— Posso saber o que uma noiva faz no meu carro? — Aquela voz, ela já tinha escutado antes — Parece que encontrei a noiva fujona — Claro, era a voz do homem que conversava com Dornelles.
— Por favor, não diga que me encontrou — Vitória suplica, juntando as mãos como em uma prece.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Jucileide Gonçalves
A noiva fujona kkkkkkk 👰👰👰
2025-01-18
3
Nilda Oliveira
Tomara q o primo a ajuda
2024-12-08
0
Maria Izabel
Torcendo muito para o primo do Dornelles ajudar a Vitória
2024-09-25
6