isabella

— Se ela não for vai perder a oportunidade de te ver pela última vez

por muuuuito tempo! — Minha tia ri. — Porque, pelo que te conheço, você

vai aproveitar a sua liberdade e não vir tão cedo pra cá.

— Talvez no Natal?!

Nós duas rimos.

Bem capaz de eu só vir no Natal mesmo. Ou até no ano novo.

Vou agarrar essa oportunidade de liberdade com todas as minhas

forças e fazer ser inacreditável.

Saio do shopping às 14:50hs. Aproveitei que estava com a minha tia

pra comprar algumas roupas e produtinhos que estava precisando. É só

marcar viagem e eu tô no shopping comprando algo que acho que falta,

sempre assim. Melhor sobrar do que faltar. Ser virginiana dá nisso.

Coloco as sacolas no banco de trás do carro, em um canto, antes de

entrar e ligar o mesmo. Babi vai chegar cheia de malas, já deixei um espaço

enorme nos bancos pra ela, além do porta-malas, é claro. Eu não sei quem é

mais exagerada: minha amiga ou minha cunhada. Acho que dá até empate.

Conecto meu celular no carro enquanto saio do estacionamento do

shopping e “Eyes On Fire” começa a tocar. Eu amo Crepúsculo, sou muito

apaixonada por todo o universo e trilha sonora. Foi um dos primeiros livros

que li e um dos que me inspirou a começar a escrever. Amém, Stephenie

Meyer, por ser uma escritora foda e escrever uma história maravilhosa.

Um dia ainda quero escrever um romance sobrenatural bem no

estilo Twilight, uma das metas a ser alcançada. Por isso tenho um farol

tatuado um pouco acima da costela esquerda. Dizem que o farol representa

aquilo que mais desejamos. Então, acreditando nisso, espero conseguir.

Pego um trânsito infernal na saída de Floripa para Camboriú, que é

onde a Babi mora. Inferno. Só por que é domingo? O trânsito dessa cidade

me estressa às vezes.

Depois de 1 hora e meia na estrada, chego a Camboriú. Saco de

trânsito infernal. Ligo pra Babi assim que entro no município. Ela me atende no primeiro toque. Esperta. Gosto assim.

— Você tá atrasada.

Dou risada.

— Eu sei. Peguei trânsito. — Esclareço. — Pode sair, que eu tô

chegando.

— Agora?

— É, agora, né?

— Tá, tô indo.

Desligo o celular, jogando-o no banco carona e viro na rua da Babi.

A bonitinha está saindo, com algumas malas. Meu Deus, Babi tá

levando a casa inteira pra São Paulo.

Empurro as duas malas pra dentro do apartamento e quase caio por

cima delas. A sala está vazia quando levanto a cabeça. Babi vem atrás de

mim, com mais duas malas.

Minha melhor amiga é maluca, de verdade. 1,60cm de pura loucura.

Somos muito parecidas, tanto na aparência quanto no jeito. Babi também

tem cabelos loiros e olhos claros, mas é mais “morena” do que eu e bem

mais calma e centrada. Só que não deixa de ser doida na mesma medida.

Quando nos conhecemos, pensamos “É impossível sermos tão

iguais”. Porque, sério, somos muito iguais. Já até aconteceu de nos

confundirem, pelo jeito, pelo cabelo, pelo corpo. Por tudo. E vivem nos

confundindo em fotos. Somos gêmeas praticamente.

E agora a doida está com 4 malas enormes pra levar pra São Paulo.

Quero ver ela pagando bagagem extra. Vou dar tanta risada da cara dela que

vou chorar.

— Cadê tua mãe? — Babi pergunta, quando paramos na ponta da

escada.

— Não sei, ela não tá falando comigo.

— A coisa tá pior do que eu pensava, então.

— Eu nem te conto como — murmuro.

Por uma sorte tremenda, Pedro sai da cozinha, mastigando.

— Ai, você mesmo, Pedrinho. Leva pra gente — peço.

— Porra, Barbara! — Pedro arregala os olhos ao olhar para as

malas. — Que isso, mano?

— Minhas malas?!

Dou risada.

— Mala pra cacete, hein? Pra que tudo isso de mala?

— São as minhas coisas — Babi encara-o, séria.

— Você é doida — Pedro balança a cabeça negativamente, mas pega

duas malas e vai subindo as escadas.

Eu e Babi subimos atrás dele. Coloco a cabeça para dentro do quarto

de Pedro, enquanto Babi vai pro meu.

— Lari? — chamo, ao vê-la sentada na cama, mexendo no celular.

Minha cunhada levanta o olhar para mim e desce da cama.

— Demorou, Isabella — Larissa reclama, me seguindo para fora do

quarto.

— Tinha muito trânsito pra Camboriú. Demorou mais que o normal

pra chegar lá.

Entro no meu quarto, deixando a bolsa em cima da mesa e tiro o

celular do bolso da calça jeans, vendo se tem mensagem. Mas só tem

notificações dos sites que publico meus livros. Muitas notificações.

— Oi, Babi — Lari abraça minha amiga.

— Oi, Lari. Que cara de sono — Babi comenta.

— Dormi pouco — Minha cunhada deita na minha cama enquanto

Pedro entra com mais duas malas da dona Barbara.

— Barbara é doida — ele reclama, me fazendo rir. Babi revira os

olhos e Lari levanta a cabeça para olhar.

— Credo, Barbara. Tá levando Floripa todinha pra São Paulo?

Preciso sentar na cama de tanta risada que dou.

— Quero ver ela pagando bagagem extra — digo, ainda rindo.

Pedro senta no chão rindo também, e Lari enxuga o canto dos olhos. Babi

revira os olhos novamente.

— Tá, chega de gastarem comigo. Vamos arrumar essas malas, Bell.

Respiro fundo recuperando o ar, e paro de rir.

— Cadê seu pai e minha mãe? — Me viro para perguntar para

Pedro.

— Saíram. Foram comprar algo que não entendi — Ele dá de

ombros. Ergo as sobrancelhas.

— Vou ajudar vocês — Lari diz, se levantando. — Cadê suas malas,

Isabella?

— No canto do closet — respondo, tirando os tênis e deixando

encostados em um canto. Babi coloca suas malas em cima da cama e Lari

volta do closet com quatro malas grandes.

— Falou de mim e tem quatro malas iguais às minhas, né? — Babi

provoca, me fazendo rir.

— Acontece, meu amor — Pisco para ela, fazendo-a rir também.

Lari coloca minhas malas em cima da cama. Sorte que deixei Sérgio

escolher uma cama enorme pra mim, couberam todas as malas.

Apertadinhas, mas couberam.

Prendo o cabelo em um coque e me aproximo das malas. Tiro

algumas coisas que coloquei e não quero mais levar, e coloco as coisas que

comprei no shopping essa tarde.

— Vamos sentir sua falta, Bell — Pedro fala enquanto me ajuda a

guardar os sapatos em saquinhos. Organizada? Talvez um pouco.

— Eu sei, Pedro, eu também vou. Mas você e a Lari podem ir

estudar com a gente.

— Eu sei... — Ele suspira. — Vamos pensar nisso — garante.

— Pensem mesmo. Seria incrível você dois lá. E Lari podia dividir

o quarto comigo e com a Babi.

— Eu ia amar — Lari fala, me fazendo abrir um sorriso.

— Ia ser ótimo a Lari com a gente — Babi comenta.

— Mesmo o curso sendo diferente, ia ser mesmo muito bom você

com a gente, Larissa.

— Eu sei, Isabella. Vou tentar convencer o Pedrinho a irmos.

— Faça isso. Esse garoto é muito cabeça oca — resmungo, fazendo

as duas rirem e Pedro fazer uma careta.

— Parem de me gastar — ele reclama. — Querem suco? Vou lá

embaixo buscar.

— Quero — nós três respondemos juntas e Pedro balança a cabeça

antes de sair do quarto.

— Acha que consegue convencer ele a ir? — pergunto pra Lari.

— Sinceramente? Não faço a menor ideia — Lari dá de ombros. —

Mas prometo que vou tentar.

— Tá bem — murmuro, com um meio sorriso.

Termino de arrumar minha mala de sapatos e fecho-a, colocando no

chão em seguida. Tem uma mala de calças, shorts, saias e pijamas, outra de

regatas, camisetas, vestidos e macacões, outra de sapato, jaquetas, moletons

e mais uma só de produtinhos e alguns biquinis. Vai que tem alguma praia

lá e dona Babi inventar de ir. Eu tenho que estar preparada, não é mesmo?

Pego uma mochila e coloco meu notebook, meus cadernos de

anotações e os carregadores, além das capinhas de celular e alguns livros

que não posso deixar de levar comigo. Eu leio e-books, mas prefiro os

físicos.

Pedro entra no quarto com uma bandeja com copos de suco quando

Babi termina de arrumar suas malas e nós quatro nos sentamos na cama.

Ficamos em silêncio alguns segundos.

— É, você tá indo mesmo embora — Lari murmura. — Vou sentir

sua falta, Bell.

— Também vou sentir sua falta, Lari.

Minha cunhada me abraça e eu respiro fundo para não chorar. Faz

anos que não choro. Eu detesto chorar. Cansei de chorar. Agora eu só quero

viver. E eu vou. Vou voar.

Depois de um banho quente, para relaxar meus músculos tensos, e

bastante demorado, eu coloco um pijama e escorrego para baixo do

edredom macio da minha cama.

Eu vou sentir falta dessa cama, dessas cobertas, desses travesseiros.

Mas eu vou viver minha vida. E sei que um dia eu volto pra cá. Então, são

só alguns anos..

— Tá preparada, Bell? — Babi pergunta, quando se deita ao meu

lado após tomar banho.

Respiro fundo.

— Tô preparada pra tudo — respondo, fechando os olhos e

imaginando minha nova vida. A vida que sonho há anos. A vida que eu

sempre quis. E que agora eu vou ter.

Adormeço com a sensação de que, a partir de agora, vou começar

realmente a viver.

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