Julieta

Eu acordei cedo por causa do exame do Marco, Guilhermo ainda estava capotado na cama, ele passou a madrugada acordando e implorando para não o largar, no início foi fofo, mas depôs de um tempo eu queria enganar ele então hoje estou capotada de sono, mas nada de que uma boa xícara de café não resolva, mas infelizmente nem isso me deixaram fazer então vim para a consulta de barriga vazia. Chegamos em um hospital moderno, algo em que só as celebridades e as figuras mais importantes do estado tinham condições de ir, o tratamento era de primeira, chegamos estava tudo certo Marco entrou em uma das salas eu pensei que eu só iria tomar algumas vitaminas, mas acabei sendo convencida de fazer um checagem completa tirei sangue, urina tudo que se pode imaginar eu já estava cansada quando uma médica me atendeu.

— Julieta Mari?

— isso

— bonito nome, sou a doutora Marina veio sozinha

— não, o meu sogro está na outra sala

— e casada?

— noiva

— meus parabéns

— obrigada

— você quer esperar ele?

— ah! não, hoje sou apenas eu porque descobriu algo ruim?

— bom depende do ponto de vista.

Aí meu pai do céu eu sabia que devia ter me alimentado melhor, eu nem bebi água direto nos últimos tempos, deve ser isso pedras nos rins ou gordura no fígado, ou pior eu tô morando.

— tem andado muito estressado ultimamente?

— sim

— bom, você vai ter que melhorar a sua alimentação, tomar um pouco de água repor algumas vitaminas, mas de um ponto geral tudo certo

— tudo certo

- o seu BHCG foi superior a 25

— am? Isso não é coisa de grávida?

— Os meus parabéns, você está grávida.

— Espera isso, não é possível usamos camisinha

— nenhum método contraceptivo é 100% eficaz

— não, você não tá entendendo usamos camisinha todas as vezes, não esquecemos em nenhuma ocasião então como? Isso tá errado.

— podemos refazer o teste, mas mas te dou a minha palavra que você tá grávida sua menstruação tá atrasada a quanto tempo?

A nossa é verdade, minha menstruação as coisas aconteceram tão rápido que eu nem me toquei nesse assunto

— uns dois ou três eu não tenho certeza

— então vamos fazer uma transvaginal assim podemos determinar quanto tempo mais ou menos.

Eu não conseguia raciocinar nada do que estava acontecendo e uma loucura, ela deve ter trocado os meus resultados com de outra pessoa, então eu só preciso manter a calma e quando ela enfiar esse negócio em mim não vai achar nada. Deitei na maca, relaxei e senti aquela coisa fria entrando dentro de mim, era uma sensação desconfortável, mas não liguei para o encômodo só queria saber o resultado não demorou muito para uma imagem aparecer na tela ela mexeu aquilo de um lado para o outro.

— a nossa

— que foi? você tava enganada não é não tem um bebê aí.

— a senhora está certa não e um bebê são três eu nem preciso mexer muito eles estão enormes as imagens estão muito nítidas.

qualquer um que eu entrasse naquela sala e olhar se aquele monitor poderia perceber que são três crianças isso não uma não duas mas três crianças que não teriam estar na minha barriga mas estão de alguma forma eles tinham uma forma estranha mas eram bebês.

— Você está com quase três meses, você deve começar o pré-natal logo.

— três crianças e agora o que eu faço

— pelo visto não era uma gravidez planejada

— não

- não pretendiam ter filhos depois do casamento?

— bom, não chegamos a conversar sobre isso

— Isso é normal?

— o que? Ah, você fala em relação a ter uma gravidez de gêmeos?

— não, estou falando se e normal eu não tá feliz, bom eu sou mãe agora não devia ser automático sentir algo?

Ser mãe que coisa estranha de se falar, eu nunca pensei em ter filhos bom não estava nos meus planos.

— calma, amor não é uma coisa automática, não é algo que se liga e desliga

Fala isso para minha mãe, ela desligou o seu amor por mim assim que se apaixonou por um dos seus maridos.

— a relação de vocês vai se desenvolvendo com o tempo, você não precisa se sentir estranha ou triste por não sentir amor, isso não te faz menos mãe não te torna menos mulher, cada gravidez e única, cada mulher única e cada um leva o seu tempo.

— e se isso não acontecer e o seu não amar os meus bebês?

— Bom, você já tá chamando eles de seus bebês, eu não me preocuparia muito com isso, tenho certeza que vai ser uma boa mãe.

Eu saí da sala da doutora Marina, o meu sogro já estava me esperando, guardei a carente de gestante na bolsa eu não queria contar isso agora, ele estava todo preocupado comigo.

— aconteceu alguma coisa?

— não, nada.

— nenhuma novidade?

- não

— tudo bem.

Ele parecia meio decepcionado com a minha resposta, mas pareceu entender, saímos para comer juntos, mas eu não estava conseguindo manter o foco eu só conseguia pensar, quando onde e porquê e como esses bebês vai sair eu vou ficar um estrago no final, nem sei como aguentei o dia, mas assim que voltei para casa eu só queria ficar na cama e pensar, mas eu tinha outro problema, Guilhermo ele estava louco me esperando em casa.

— podemos conversar

— Guilhermo de verdade, eu preciso ficar um pouco sozinha

— ainda tá zangada se me deixar explicar eu posso…

— não estou, mas de verdade eu preciso ficar um pouco só

não sei quanto tempo eu fiquei deitada na cama apenas existindo, pensando em nada em um momento até procurei na internet se o Guilhermo falou algo sobre gravidez em alguma entrevista, mas ele nunca nem, mas estou pretensão e se casar imagina ter filho a noite ele trouxe-me algo para comer e eu até que tentei, mas eu não conseguia deixar nada no estômago.

— você não foi no médico fez alguns exames descobriu o porquê desse seu mal-estar?

— sim

— e grave?

— posso te fazer uma pergunta

- claro

- já pensou em ter filhos?

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