A Órfã II - Ironias Do Destino

A Órfã II - Ironias Do Destino

Capítulo 1- Parte I

Por Vincent

Acordei sentindo-me completamente zonzo. Minha cabeça chegava a latejar de dor. Meu corpo inteiro doía principalmente minhas costelas. Fiz um esforço hercúleo para conseguir me levantar. Sentei-me na cama e olhei ao redor, meus pensamentos se organizando lentamente. A emboscada, a surra que levei dos capachos de Matthew, o confinamento em seu apartamento. Clary... Só em lembrar seu nome, sentia-me cegar de raiva. Como é que Ally e Lora puderam metê-la nisso tudo? E porque ela tinha que ir até lá, e voluntariar-se para ficar em meu lugar? Mas também, fui culpado. Eu quis que Ally e Lora, mesmo novatas, e sem ter passado por nenhum caso prático, participassem de minha equipe. E agora devia assumir meu erro, e aceitar a ingenuidade das duas, que não tiveram a maturidade necessária no caso.

Levantei-me com cuidado, e ainda me apoiando um pouco na cama caminhei lentamente até o banheiro, precisava lavar meu rosto e tomar um banho. Tinha que voltar à ativa o quanto antes. Agora não só por Katherine, mas também por Clary. Parei ao perceber uma caixa jogada dentro da pia, e peguei-a assustando-me ao identificar o que era. Também vi um copinho com líquido amarelado e uma haste, parecendo um palito achatado. Respirei fundo não querendo acreditar no que estava vendo, mas ao ver a haste e o que dizia na caixa do teste eu petrifiquei.

Como eu pude ser tão irresponsável com Clary. Eu era o mais velho, o mais experiente e ainda assim agi como uma droga de um adolescente, não usando preservativo em nenhuma de nossas relações. Mas eu simplesmente não conseguia me conter. Quando estava com Clary, tudo parecia sumir. Era como uma explosão em minha mente, eu não conseguia raciocinar, e agora seria pai. Pai! A palavra repetia-se em minha cabeça.

Deixei-me cair no chão sentindo todo meu corpo anestesiado. A única coisa que eu sentia eram as lágrimas quentes descendo por meu rosto. Como eu pude ser tão tolo! Tão cego ao ponto de não enxergar o tamanho do amor daquela garota. Ela tinha dado sua vida pela minha, e ainda esperava um filho meu! Uma emoção totalmente nova e estranha tomou conta de meu peito. E percebi que gostei da ideia de ser pai, mas sentia-me completamente devastado de culpa e tristeza por Clary estar em perigo agora!

Como não percebi antes. Tudo que ela vinha sentindo ao longo dos últimos dias. A tontura no bar, o enjoo na noite anterior, até seus seios tinham aumentado. Ela estava mais sensível e emotiva também. Todos os sinais estavam ali, eu só não conseguia enxergar. A dor física não era nada diante da dor que tomava meu peito. Clary agora estava em perigo, e levara em seu ventre nosso filho. Porque eu não a dei ouvidos esta manhã? Tanto que ela pediu, chegou a comentar que estava com um mau pressentimento. Mas eu nunca acreditei muito nessas coisas de sexto sentido. Se tivesse escutado pelo menos dessa vez... Clary ainda estaria aqui!

Segurei-me na pia e ergui-me tentando tirar forças de onde eu sequer sabia existir. Liguei a ducha e joguei-me embaixo, de roupa e tudo, tentando livrar-me da letargia que sentia. Fechei os olhos deixando que a água lavasse meu rosto, e por uma fração de segundos consegui vislumbrar o sorriso de Clary. Apoiei-me com as duas mãos nos azulejos, sentindo meu corpo fraquejar diante a dor que eu sentia. Era diferente da que eu sentia em meu corpo, essa me rasgava por dentro levando-me de volta as lágrimas.

Abri os olhos e quando senti meu corpo mais vivo, sai do banho. Tirei a roupa molhada e enxuguei-me. Vesti uma roupa seca, só então lembrando o que Clary havia me dado. Peguei a calça totalmente encharcada e procurei nos bolsos até encontrar um par de brincos e um colar. Delicado e bonito, com certeza ficaria lindo nela! Suas palavras vieram à minha mente: “Quero que dê isso a Katherine quando encontrá-la! ”. O que ela queria dizer com isso? Coloquei as joias em meu criado mudo sentindo minhas forças se renovarem, e sentindo-me mais determinado a encontrá-la.

Abri a gaveta do meu lado do guarda-roupa, retirando o fundo falso e pegando minha arma calibre 38. Coloquei-a presa no cós de minha calça, nas minhas costas e sai de meu quarto ainda andando com dificuldade, a dor em minhas costelas era intensa. Fui para a sala, encontrando Rachel. Ela correu para abraçar-me e gemi de dor com o aperto de seus braços.

– Desculpe! – Ela falou soltando-me e começou a me analisar dos pés à cabeça. – Você está horrível! – Observou meu rosto. – Nossos pais querem vê-lo. – Escutei-a e somente assenti.

– Tudo que preciso agora! Um colo de mãe! – Falei triste.

– Mark enviou um médico para lhe examinar, e dei graças a Deus quando ele confirmou que você estava bem. Somente hematomas e escoriações. – Ouvi-a falar já caminhando até a cozinha. Minha boca totalmente seca. – Ele deixou esses comprimidos. – Rachel me seguiu e entregou-me um vidrinho repleto de comprimidos. – Disse que é para você tomar caso sentisse dor. – Abri o vidro retirando um comprimido, e guardando o vidro no bolso da frente de minha calça. – No máximo dois por dia. – Alertou ela, e concordei.

Mal terminei de beber água e Rachel já me arrastava para a porta da sala. Descemos as escadas com dificuldade, cada degrau que eu descia, sentia uma fisgada em minhas costelas. Não queria nem imaginar como eu subiria todos aqueles degraus de novo. Afinal, como eu subira as escadas quando cheguei? Porque não lembro de subir para meu apartamento, sequer lembro de chegar aqui! Parei segurando a mão de minha irmã.

– Rachel! – Ela me olhou. – Como eu cheguei aqui? Eu, não consigo lembrar! – Levei as mãos à cabeça sentindo-a novamente latejar. – A última coisa que lembro é de Clary deixando-me no carro em que Ally e Lora estavam, e que saímos de lá, depois disso... nada! – Encarei-a.

– Você apagou Vincent! – Ela falou baixinho. – Ally chamou o Steve e o Kevin para tirar você do carro. Venha! – Disse levando-me ao seu carro.

Rachel me deixou ao lado da porta e com muita dificuldade entrei no carro, e logo ela nos tirou dali. Tudo que eu queria era chegar o mais rápido possível à casa dos meus pais. Só então olhei para o céu percebendo que já era o final do dia.

– Por quanto tempo fiquei apagado? – Perguntei angustiado, sem saber ao certo quanto tempo perdi.

– Umas cinco horas. – Rachel respondeu acelerando ainda mais.

Não demorou muito, logo chegamos à casa de nossos pais. Eu sequer saí direito do carro. Minha mãe já vinha correndo em minha direção, e abraçou-me. A dor voltando a alastrar-se por todo meu corpo. Encostei-me ao carro para não cair e levar ela junto.

– Ai! – Gemi de dor com seu aperto.

– Que bom que está bem! – Ela se afastou chorando e olhando-me dos pés à cabeça. – Nem acredito que está vivo! – Falou voltando a me abraçar.

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Adelaide Bandeira

Adelaide Bandeira

agora ele vai sentir que quem ele ama e a Clarisse não a Elizabeth

2024-05-22

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