Capítulo 2 - Parte I

Por Clarysse (Clary)

Acordei desnorteada. Matthew estava ao meu lado, e sorriu assim que o olhei. Ao seu lado estavam seus três capangas. Franzi o cenho tentando lembrar como vim parar aqui dentro do apartamento de Matt, só então lembrando o meu desmaio. Fechei os olhos tentando visualizar Vincent. Esperava que ele estivesse bem e seguro neste momento.

– Que bom que acordou! Já estava ficando preocupado! – Matt falou baixinho.

– O que aconteceu? – Perguntei sentando-me lentamente.

– Você desmaiou, Claire! – Ele respondeu sentando ao meu lado. – Eu já estava pirando aqui! – Balancei a cabeça.

– Preciso de água! – Sentia minha boca seca.

– Vou pegar! – Ele levantou indo pegar a água.

Fechei os olhos sentindo as lágrimas voltarem a descer por meu rosto. Tentando conformar-me com meu destino. A promessa de Vincent ainda rodando em minha mente. “Eu vou encontra-la, Clary! Eu prometo! ”. Assustei-me ao sentir o sofá baixando com o peso de alguém ao meu lado. Era Matt, suas mãos seguravam um copo de água, e logo ele me entregou.

– Precisamos conversar! – Ele falou enquanto eu bebia a água. – Teremos que sair daqui o mais rápido possível, mas tenho que falar com você antes! – Concordei com a cabeça. Matthew virou para os três rapazes que agora estavam mais distantes. – Podem nos deixar a sós um instante? – Eles assentiram saindo da sala, e só então Matt ajoelhou-se ao meu lado. – Desculpe-me, Claire! Eu não queria coloca-la no meio dessa doideira! – Seus olhos encontraram os meus. – Você não merece isso! – Ele balançou a cabeça. – Na verdade ninguém merece! – Segurei seu rosto em minhas mãos. – Farei o possível para tirá-la dessa! – Falou sério.

Minha cabeça começou a formar ideias. Será que Vincent realmente tentaria me encontrar? Será que Matt o ajudaria a me tirar dessa situação? Ou seria vingativo o suficiente para não ajuda-lo, e deixar-me acabar dessa forma? Olhei em seus olhos, e criei a coragem necessária para perguntar.

– Matt! Se o Vincent conseguisse me encontrar, mas precisasse da sua ajuda para me tirar daqui! Você o ajudaria? – Seus olhos arregalaram-se.

– Por você! Eu o ajudaria! Apesar de não gostar nenhum pouco dele, o ajudaria, somente para vê-la distante de tudo isso! – Sorri triste, e Matthew ficou sério. – Eu vou ter que lhe vendar quando sairmos daqui. – Assenti. – Quando chegarmos ao nosso destino, iremos encontrar meu chefe. Por favor, Claire. Não diga nada, deixe que eu fale. Tentarei ganhar tempo para você. – Ele me encarou, parecendo pensativo. – Acha mesmo que aquele cara gosta de você?

– Eu não sei, Matt! Mas ele prometeu me encontrar. – Ele sorriu.

– Então vamos rezar para que ele cumpra sua promessa! – Assenti. – Agora me dê um abraço.

Abracei Matthew sentindo as lágrimas voltarem a verter por meus olhos. A dor rasgando-me por dentro, e tudo que eu conseguia pensar era em Vincent, e no filho que eu esperava. Eu tinha que ser forte e esperta para me sair dessa sem sequelas. Eu tinha que salvar o nosso filho agora!

Matt chamou o tal de Jason, e logo ele apareceu trazendo uma espécie de saco preto de pano. Ele me olhou e assenti.

– Matt! – Chamei fazendo-o ficar sério. – Promete que você vai ficar bem? – Apesar de tudo eu ainda me preocupava com ele.

– Eu prometo! – Ele falou, segundos depois.

Matt pegou o saco e entregou-me. Coloquei o saco de pano em minha cabeça, e logo senti mãos amarrarem-no fixando-o em meu rosto. Eu não conseguia ver nada, nem mesmo vultos. Assustei-me quando Matt falou ao meu ouvido.

– Irei retirar o saco para descermos. – Balancei a cabeça assentindo. – Só voltarei a colocá-lo em sua cabeça quando estivermos no carro. – Ele retirou a amarra do saco e rapidamente tirei-o. – Dá para aguentar? – Perguntou triste.

– Tudo bem, Matt! – Ele assentiu.

Saímos de seu apartamento, sendo seguidos de perto pelos três rapazes. Um carro preto, e com vidros fumês estava parado em frente ao prédio.

– Eu vou atrás com o Brian e com ela. – Matt falou levando-me para a porta de trás do carro. – Entre! – Pediu.

Entrei logo sendo acompanhada por ele. O tal de Brian entrou pela outra porta, e os outros dois foram na frente. Mal o carro saiu, e logo Matt entregou-me o saco de pano. Coloquei-o em minha cabeça sentindo-me em pânico. Meu corpo inteiro tremeu, e comecei a ficar realmente com medo. O que aconteceria agora? Respirei fundo tentando me acalmar. Tudo que eu não precisava agora era de outro desmaio. Comecei a pensar em meus instantes com Vincent, o que me acalmou bastante, e em algum momento acabei dormindo.

Acordei com Matthew chamando-me e dizendo que eu já podia tirar o saco da cabeça.

– Onde estamos? – Perguntei ao perceber a claridade e o ambiente de um quarto.

– Estamos no Bronx. – Respondeu-me sério. – Este é um dos apartamentos de John. Onde realizamos a distribuição de todo o tráfico da área. – Arregalei os olhos, nervosa. Matt sentou-se ao meu lado. – Ele deve estar chegando e terei que lhe apresentar a ele. – Assenti séria. – Mas antes... devo perguntar-lhe. Você continua intacta? – Arregalei os olhos surpresa com sua pergunta. Tudo em mim gritava para que eu mentisse, e não contasse sobre ter me entregado à Vincent. – Desculpe perguntar isso, mas preciso saber antes de falar com John. – Respirei fundo.

– Continuo do mesmo jeito. – Ele sorriu.

– Já vi que ele é fraco, hein? – Encarei-o séria. – Morando na mesma casa e até agora deixou você intocada. – Puxei o ar sentindo-me chateada, e pensei em responder-lhe de forma grosseira, mas fomos interrompidos quando alguém o chamou.

– Matt! – Um de seus capangas apareceu na porta do quarto. – John acabou de chegar, e veio acompanhado. – Matt levantou-se me olhando.

– Fique aqui! Irei falar com ele, depois lhe chamo! – Assenti.

Matt saiu deixando-me sozinha, e pela primeira vez olhei de verdade ao meu redor. As paredes em um branco bastante manchado estavam se deteriorando. A cama onde eu ainda estava era velha e frouxa. Um simples balanço e parecia que eu ia cair. Isso sem falar no barulho. O rangido chegava a doer em meus ouvidos. Parecia que a qualquer momento ela iria quebrar.

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