Capítulo 18: Conversas paralelas

No ambiente de trabalho, Pâmela estava determinada a provocar Thaís.

"Você achou que ia se livrar de mim?" Pâmela diz, dirigindo-se a Thaís.

"Qual é, Pâmela? Já deixei claro que quero você longe de mim," responde Thaís, visivelmente irritada com a insistência de Pâmela.

"Preciso explicar o que aconteceu. Não é justo você passar o tempo todo me culpando sem saber meu lado."

"Você já é conhecida por ser histriônica, todos já sabem. Só demorei mais para perceber," retruca Thaís.

"Porfavor, Thaís, me dê um minuto para me explicar," suplica Pâmela.

"Está bem, um minuto e nada mais."

As duas se dirigem ao almoxarifado.

"Fale. Você tem pouco tempo," diz Thaís.

"Eu sei que menti sobre o Adriano, quando o acusei de roubar o estoque, e te usei para saber mais do serviço, mas eu retirei a denúncia antes que ele se prejudicasse."

"Não foi só isso. Você o acusou de assédio. Adriano é o homem mais educado e bondoso que já conheci. Como pôde fazer isso só porque ele te rejeitou?"

"Já disse que retirei as queixas no departamento. Não causei nenhum dano a ele."

"Não. Todos olhavam torto para ele. Ele quase foi demitido por uma mentira sua. Você deve ser doente mesmo, não consegue perceber o mal que faz a pessoa," diz Thaís, exasperada.

"E você nunca parou para pensar por que fiz isso?" pergunta Pâmela, com um olhar inquisitivo.

"Porque é louca da cabeça, e porque ele te rejeitou."

"Ele nunca me rejeitou, porque eu nunca quis ele. Você está brava porque eu vivia dando em cima dela."

"E dizia que era minha amiga. Você era a única que sabia da minha paixão por ele e fez de tudo para ficar com ele," percebe Thaís, vendo que a lista de transgressões de Pâmela só crescia ao longo da conversa.

"Eu só fazia isso para te irritar. Nunca quis ficar com ele. A única pessoa que me interessava e interessa..."

Thaís a interrompe: "Você não precisa dizer. Eu sei que é o gerente de vendas. Esqueceu que você usa o estoque onde trabalho para fazer seus encontros?"

Antes que Pâmela pudesse se explicar, o gerente de vendas apareceu.

"Oi meninas, o que fazem aqui?"

"Só perguntando algo do serviço para Thaís, nada demais."

"Ah, tá bom. Pâmela, sabe aquele assunto de serviço que tínhamos que conversar? Podemos falar agora?" Ele falou com uma expressão safado, sem esconder nada de Thaís, afinal, ele já sabia que ela o tinha visto e sabia que ela era discreta e não o denunciaria.

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Na conversa entre Érika e Verônica, durante a pausa para o cafezinho, as coisas ficam tensas.

"Por que você nunca teve coragem de contar para ninguém que você é lésbica?" pergunta Verônica para Érika.

"Meu contexto de vida é diferente do seu. Tenho pais excelentes que me amam, mas acham que ser homossexual é um erro de conduta. Não posso deixar que nada chegue aos ouvidos da minha mãe; ela tem problemas de coração e não aguentaria saber disso," responde Érika enquanto balança o copinho descartável com café de um lado para o outro, com um olhar perdido.

"Érika, eu sei, mas nem para suas amigas? Eu sei que a Amanda pode dar mais trabalho, mas a Lidiane é tão aberta, tão compreensiva," diz Verônica.

"Eu tentei, mas fiquei com medo dela se afastar e pensar sei lá o quê sobre mim," responde Érika, abaixando a cabeça.

"O problema desses héteros é que acham que a gente está afim de todos eles, que a gente não faz amizade e sim só quer pegá-los. Aí não consigo andar entre eles de boa, eles me irritam," desabafa Verônica, enquanto bebe café.

"Não são todos assim. Nem todo hétero é babaca. Boa parte só carece de entendimento. A sociedade os ensinou assim, e é difícil tirar o que está enraizado dentro deles," comenta Érika.

"Você é uma pessoa incrível e muito gata, sabia? Se não fosse porque já estou afim de alguém, investiria todas as minhas fichas em você," brinca Verônica.

"Mas você está interessada em uma pessoa hétero. Não vai dar muito certo. Melhor investir em mim, que estou livre e louca para dar umas pegas em alguém," responde Érika.

"Nossa, que proposta tentadora, mas vou ter que resistir. Estou interessada na sua amiga, Lidiane. Sei que ela nunca deu a entender que quer algo, mas já vi muitas mulheres que jamais souberam que gostavam se entregarem a mim," diz Verônica com um ar de sapeca.

"Vai nessa. Ela tem uma relação conturbada com os ex ou o atual dela, e ela é louca por ele. Cuidado para não sair ferida," alerta Érika.

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Amanda conta a Lidiane sobre a ideia de fazer um dia só das amigas na casa dela.

"Na minha casa? Por que não na sua?"

"Poxa, amiga, é uma mini festinha, só para a gente se divertir. Na sua porque na minha, minha mãe jamais irá deixar, ela é uma velha chata."

"Você esqueceu que não moro sozinha, e sim com uma pessoa. Não posso do nada falar que terei uma festa e mando ela ficar trancada no quarto," responde Lidiane irritada.

"Fale com ela agora, já que ficamos aqui na firma até mais tarde, e tente negociar. Sei do seu poder de lábia," diz Amanda com uma carinha de cachorrinho sem dono.

"Está bem, vou falar com ela."

Lidiane vai ao almoxarifado e vê Thaís e Pâmela conversando. A conversa não parece muito agradável, e depois ela vê o gerente chegando, e Thaís se afastando.

"Thaís, posso falar com você?" diz Lidiane. Thaís parece visualmente irritada.

"Claro, pode, Lidiane."

"As meninas querem ir lá para casa. Eu sei que ontem fixamos a nova regra de boa convivência da casa, que devemos avisar com um dia de antecedência sobre visitas, mas aconteceu um imprevisto."

"Tudo bem, de boa, hoje tenho mesmo um compromisso," fala Thaís.

O que faz Lidiane se questionar, mas não consegue manter sua língua dentro da boca.

"Com Pâmela?" diz com voz de deboche.

"O que? Eu não tenho amizade com essa garota, de onde tirou isso."

"E que vi vocês duas conversando, e deduzi," fala Lidiane ainda com tom carregado, mas Thaís ainda lenta nem sacou que era ciúmes.

"Eu não estava conversando com ela, ela que veio me irritar. Na verdade, tenho um dia de amigos, vou sair com Adriano," fala Thaís com um sorriso.

Se antes Lidiane estava com ciúmes, imagine agora.

"Não é aquele que vai se casar, e você será a madrinha?" fala apenas para machucar.

"Sim, ele mesmo, mas não precisa ficar me lembrando disso, tá," fala Thaís brava.

Realmente, parece que a noite promete muitas reviravoltas! Pâmela está decidida a revelar os motivos por trás de suas ações. Quanto a Verônica, resta saber se ela finalmente reconhecerá o mulherão que é Érika ou e se arriscará a investir em Lidiane. Quanto a Amanda, será interessante ver como ela se comportará ao descobrir que suas amigas têm um pé do outro lado do vale. Certamente, há muito a se desenrolar nessa trama de amizade e relacionamentos.

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