Capítulo : Sangue, Segredos e Liberdade
Nina sorriu, tentando iluminar o ambiente com um brilho de liberdade.
Nina: Deve ser ótimo viver lá fora.
Verônica franziu a testa, desconfiada.
Verônica: Como assim “deve ser”? Você nunca saiu desse lugar?
Nina desviou o olhar, triste.
Nina: Não, senhora. Meu pai precisa acompanhar o Breu, e lá fora eu não estaria segura.
Verônica ficou incrédula.
Verônica: Isso é desumano.
Nina: Está tudo bem. Eu gosto daqui. — tentou sorrir, mas o esforço era em vão.
Verônica suspirou e voltou a comer.
Verônica: Eu entendo…
Mudando de assunto como se cumprisse ordens de Breu, Nina perguntou:
Nina: A senhora trabalhava com o quê?
Breu, observando tudo pela câmera, parecia interessado na resposta.
Verônica encarou a lente com frieza.
Verônica: Sou veterinária. E Breu, se quer saber algo sobre mim, pergunta direto. Não manda ninguém. Ou você não é homem pra isso?
A fala fez Breu explodir de raiva. Levantou-se e, em menos de cinco minutos, arrombou a porta do quarto de Verônica. Entrou como uma tempestade. Nina correu para chamar Marco. Breu não disse nada, apenas agarrou Verônica pelo braço e a arrastou para fora. Marco tentou intervir, mas Breu estava tomado pela fúria.
No galpão, Verônica viu facas, correntes e ferramentas de tortura. Breu a pressionou contra a parede, segurando seu pescoço com força.
Breu: Abra essa boca de novo e eu te juro que acaba aqui.
Os olhos dele eram gelo puro. Marco tentou argumentar:
Marco: Breu, chega! Você passou do limite!
Breu: Esta casa é minha. E você também. Ela me deve o que eu quero: informações.
Verônica apenas balançou a cabeça, sem ar. Ele a soltou, virou-se e, de repente, ouviu um tiro. Não o atingiu, mas parou tudo. Verônica estava de pé, arma na mão, olhar feroz.
Verônica: Você não é o único que sabe brincar.
Breu deu um passo.
Breu: Não me testa.
Ela apontou a arma para si mesma.
Verônica: Vai me matar? Ótimo. Já roubou minha vida, então para que eu ia querer ela?
Por impulso, Breu correu e, com muita luta, tirou a arma de suas mãos.
Breu: Marco, leva ela pro quarto. Agora.
Marco, obediente, a conduziu, trancou a porta e deixou Breu sozinho. Depois do banho, Breu encontrou Marco no quarto, sentado na cama.
Breu: Sorte sua que estou de toalha.
Marco: Violência não vai funcionar com ela.
Breu: Do que está falando?
Marco: Abordar ela com violência. Não adianta. Ela não é a Ana, Breu. Ela não tem medo. Viu o que fez hoje? Imagine do que é capaz quando desafiada.
Breu: Nunca mais toque no nome da Ana aqui dentro. E você quer que eu faça o quê? Um carinho na barriga dela?
Marco: Seja esperto. Faça o jogo reverso, aja com cautela. Ela pensa rápido. Entendeu o que aconteceu quando você chegou ensanguentado?
Breu ficou sem palavras. Marco saiu, deixando-o sozinho com sua própria fúria.
Mais tarde, Breu entrou no quarto de Verônica. Ela estava apenas de calcinha e regata, cicatrizes visíveis contavam histórias não ditas.
Verônica: O que você quer?
Breu: Informações. Vamos conversar.
Verônica: E por que acha que vou falar?
Breu: Porque posso te matar a qualquer momento.
Ela riu, sem humor.
Verônica: Grande coisa.
Ela trocou de roupa sem pressa. Breu desviou o olhar para as marcas na costa dela: um grande dragão azul chamou sua atenção.
Breu: O que você quer para falar?
Verônica: Um trato.
Breu: Bom. Você já sabe de tudo e tem um dom de respeito. Gosto de acordos com o inimigo para ter paz.
Verônica: Sou sua inimiga? Achei que era apenas sua compra.
Breu: Fala logo o que quer.
Verônica: Liberdade.
Breu: Não… pensei que queria se matar mais cedo.
Verônica: Aquela arma só tinha um tiro. Eu não ia me matar. Sou impulsiva, mas não idiota.
Ele estreitou os olhos.
Verônica: E se eu quisesse te matar, teria feito. Você me deixou sozinha com armas e seu capanga desarmado. Foi fácil demais.
Breu percebeu o vacilo.
Breu: Te dou liberdade na casa. Pode explorar tudo, menos o galpão. Sempre acompanhada por um segurança, Maco ou Nina.
Verônica: Melhor que nada.
Ela suspirou.
Verônica: Meu irmão se chama Ômega.
Breu: Pior nome que já ouvi.
Verônica: E Breu é nome normal? Lá dentro, é só codinome. Ele lidera contrabando internacional de joias da França.
O sorriso de Breu morreu.
Breu: Pedro Ortencia?
Verônica: Ele mesmo. Um lixo de pessoa. Não merece o sobrenome.
Breu: Ele não me ameaça. Temos negócios.
Verônica: Ele vai descobrir que eu desapareci. Boa sorte.
Breu se levantou.
Breu: Você é livre aqui, mas acompanhada.
Os dias de Verônica ficaram mais leves. Saía para dar voltas, sempre com um capanga por perto. Era chato, mas melhor que nada.
Uma noite, a movimentação na casa ficou estranha. Nina corria de um lado para outro, toalhas nas mãos.
Verônica: Nina, o que houve?
Nina chorava.
Nina: Meu pai… ele foi atingido.
Verônica: Onde ele está?
Nina: No meu quarto, senhora. Me ajude, por favor.
Verônica não pensou. Correu para lá. Maco estava pálido, suando e gemendo. A ferida era profunda. Verônica sentou-se na cama e avaliou a situação.
Breu: O que pensa que está fazendo? Saia! — irritado.
Verônica: Escutei o barulho e vim ver. Encontrei Nina, ela me contou. Quanto tempo ele está assim?
Breu: Não te interessa. Saia. Chamei o médico.
Verônica: Ele não vai aguentar até o médico chegar. Eu posso ajudar.
Breu: Você é veterinária, não médica.
Nina entrou com os materiais.
Nina: Breu, deixa ela ajudar o papai.
Breu cedeu, saindo do quarto.
Verônica lavou as mãos com álcool, aplicou compressa, contou até três, enfiou os dedos na ferida e retirou a bala. Costurou a ferida e administrou remédio para dor. Maco gritava, mas sobreviveu. Ao final, ela limpou as mãos ensanguentadas na toalha.
Verônica: Ele está bem. Precisa descansar. Medicado até o médico chegar. Não corre risco.
Nina abraçou-a, agradecida. Breu apenas observava, silencioso.
Mais tarde, Nina levou Verônica para a cozinha e preparou um chá. Elas sentaram-se.
Verônica: Então você é irmã do Breu?
Nina: Sim. Agora entende por que não saio.
Verônica: Faz sentido.
Nina: Horlando é muito protetor.
Verônica: Quem?
Nina: Horlando é o nome do Breu. Ele odeia ser chamado assim.
Verônica: Até eu odiaria. Nome feio.
Nina: É uma homenagem ao pai dele.
Verônica: Como assim, o pai dele não é o Maco?
Nina: Não. O pai do Horlando morreu antes dele nascer, nas mãos dos inimigos. Meu pai criou ele. Somos irmãos da mesma mãe.
Verônica: E a mãe dele?
Nina: Mora em outra cidade. Ele não se dá com ela. Meu pai casou com ela só para assumir os negócios. Depois, separou-se.
Verônica: E eu achando minha família confusa… Bom, vou descansar. Qualquer coisa me chama, caso seu pai piore.
Ela beijou a testa de Nina e subiu para o quarto.
No dia seguinte, acordou com uma voz alta. Uma senhora em cadeira de rodas, empurrada por Breu, reclamava de tudo. Era Beatrice, mãe dele e de Nina.
Breu: Pronto, mamãe, chegamos.
Beatrice: Que lugar horroroso!
Breu: Mamãe, é minha casa. Não mudei nada da última vez que esteve aqui.
Maco: Beatrice, você está ótima.
Beatrice: E você ainda está vivo? Quem é essa? — apontou para Verônica.
Breu: Ela? Uma hóspede. Verônica.
Beatrice a avaliou com olhar crítico.
Beatrice: Que moça bonita e estranha. De onde tirou isso, meu filho?
Maco: Ela salvou minha vida ontem.
Beatrice: E ainda por cima burra. — riu.
Verônica quase explodiu, mas Nina a puxou para a cozinha.
Verônica: Quem é a velha rancorosa?
Nina: Nossa mãe.
Verônica: Olha, que ela pariu o Horlando… os dois são iguais. Agora que ela pariu você, que é doce, duvido. Já fez teste de DNA? Vai que foi trocada.
Nina: Que? Não
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 41
Comments
Antonia Cristiane Do Nascimento
tô louca pra ver onde isso vai dar😅
2024-07-11
3