Capítulo 4

Chegamos no evento já faz uns trinta minutos, claro que eu tive que tocar de roupa ainda no jatinho.

Liam me anunciou como sua esposa para a surpresa de todos no local. Fomos cumprimentamos e parabenizados, e agora ele está caçando a Bárbara feito um cachorrinho.

- acho que não caí bem você ficar procurando por ela estando ao meu lado - nossos braços estão entrelaçados, e em todo estante tiram uma foto nossa como se fossemos super celebridades.

Aliás, eu acho que de algum modo ele é.

- Senhores, vamos dar as boas vindas para o governador da nossa cidade, e junto com ele, a sua Noiva, Barbara Arantes.

- não pode ser - ele solta meu braço parecendo ter visto um fantasma - ela me deixou para ficar ele?

- é a sua Bárbara? - olho para ele ainda sem entender.

- não pode ser - ele leva as mãos até a cabeça, ainda custando acreditar que foi trocado pelo governador da Itália - aquela desgraçada dizia que me amava! - ele me olha estranho - vocês são todas iguais! Tiram de nós tudo que há de mais bonito para depois nos trocarem por nada!

- espera, eu sei que você está magoado, mas não coloca em cima de mim uma culpa que não é minha! - tento tocar em seu braço.

- você é como todas as outras, aceitou ficar presa a um casamento sem amor apenas por dinheiro! Como quer que eu pense diferente? - ele cospe as palavras em cima de mim, fazendo meu coração se apertar.

Ele tem razão, que tipo de pessoa eu sou? Aceitei essa loucura sem pensar nas consequências, mas foi apenas para dar uma boa vida ao meu filho, um futuro bom que depende apenas de mim, será que é pecado isso?

- quer saber de uma coisa? Eu não vou aceitar as suas ofensas! E tem razão! Foi uma péssima ideia eu ter aceitado toda essa merda! - jogo a aliança em cima dele - eu quero o divórcio!

- não pode fazer isso! Vai perder o direito a tudo que tinha no contrato - ele segura meu braço com força e eu o puxo de volta.

- eu não vou me sujeitar a esse tipo de humilhação! Eu sempre conquistei tudo que eu queria por mérito próprio e com muito esforço! E se me submeti a isso, foi pensando no meu filho! Nada que vem fácil é bom de verdade, e eu já deveria estar ciente disso.

- eu não vou dar o divórcio a você, nos casamos não tem nem vinte e quatro horas, e a minha posse sobre a empresa depende disso.

- problema seu! Case com uma mulher da sua laia por que eu estou fora!

Viro de costas para ele e saio ignorando seus chamados e os olhares curiosos sobre nós dois.

Eu já fui muito humilhada nessa vida, e não vou aceitar ser ainda mais por um riquinho que não sabe o que é batalhar de verdade.

Vou dar um jeito de voltar para casa, e não me importa com às consequências, não tenho culpa do amor da vida dele tê-lo trocado por alguém melhor e mais rico!

- não vire as costas para mim! - sinto suas mãos me puxarem para trás com força - está casada comigo e é assim que vai ser até o fim daquela merda de contrato, depois disso pode ir embora sem nem olhar para trás.

- me solta! - me debato em seus braços - eu vou gritar se não me soltar.

- para de ser mimada! - ele solta meu braço - está agindo feito uma adolescente imatura! - ele fecha os olhos respirando fundo - vamos para o hotel, precisamos descansar.

- eu não vou a lugar nenhum com você, prefiro passar fome ao ter que aguentar os seus chiliques! - volto a andar para longe dele.

Eu vou ligar para Marie, talvez ela consiga comprar uma passagem para mim.

- se você não voltar agora, eu ponho o seu filho e a sua amiga para fora do apartamento.

- o que disse? - travo minhas penas - você não colocou no meu nome?

- está no seu nome, mas se não leu as letrinhas miúdas, só será totalmente seu ao fim do casamento, então, se não quer ver o seu filhinho na rua, acho melhor vir comigo até o hotel.

- você é um desgraçado! - olho para ele sem acreditar - eu odeio você!

- eu não te obriguei aceitar isso, mas já que resolveu ir pelo caminho mais fácil, vai ser assim até eu decidir que está tudo acabado entre nós dois.

***

Eu não tive outra escolha, a não ser vir com ele para o hotel.

Vamos ficar no mesmo quarto, infelizmente.

Vou dormir no sofá, recuso-me a ficar no mesmo ambiente que ele.

Onde eu estava com a cabeça quando aceitei isso?

- eu vou descer para jantar no restaurante lá embaixo, você vai vir comigo?

- não estou com fome - me sento no sofá, já devidamente preparada para dormir, com uma camisola que achei dentro de uma das malas.

Não é vulgar, e sim confortável, mas como eu estou perto de um desconhecido, prefiro cobrir o meu corpo com o roupão do banheiro por cima da camisola.

- não precisa me esperar, não tenho hora para voltar - ele pega um cartão em cima da mesinha e sai me fazendo suspirar aliviada.

Me deito no sofá e pego meu celular mandando uma mensagem para Marie.

Tentei falar com ela durante toda a tarde e não consegui, já liguei para o telefone lá de casa e ninguém atende.

Estou um pouco preocupada, isso nunca aconteceu antes, e ficar sem notícias o dia todo é estranho.

Meu dia está sendo péssimo! Acho que foi um dos piores que já tive em toda minha vida! Estou presa a um estranho porque não pensei nas consequências que poderia ter com tudo isso.

Onde eu estava com a cabeça?

Fecho os olhos tentando pegar no sono.

Espero que os dias aqui sejam curtos e que acabe o quanto antes.

Quero voltar para minha casa e dormir agarrada com o meu filho.

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