Capítulo 2

Finalmente em casa! Sim, Brian já está dormindo, me perguntou sobre o machucado na testa, mas eu dei uma desculpa qualquer, coloquei seu café, e deitei com ele na cama até pegar no sono.

Agora estou na sala, sentada no sofá tomando um chá, conversando com a Marie sobre o acontecimento louco que tive hoje.

- mas por quê não aceitou a proposta?

- Marie, eu tenho um filho! E além disso eu nem sei quem é esse homem! - não casaria com um estranho nem louca! Imagina só? Entrar em uma família por dinheiro e sem amor? Não, desde o pai do Brian, eu não me relacionei novamente, ele me machucou muito, e eu prefiro me dedicar somente ao meu filho.

- Annelise, com toda certeza ele vai te pagar uma boa grana! Por que não pede um milhão? Já pensou? - ela arregala os olhos parecendo imaginar a gente com essa bolada em mãos.

- acho que está sonhando muito alto - dou um gole em meu chá.

- pensa bem, se fosse eu aceitava na hora! - ela segura minha mão - vai ser apenas por um ano, Anne, e depois disso, com o dinheiro que vai ganhar, pode estabilizar a sua vida de uma vez por todas! Comprar uma casa, abrir um negócio seu para não precisar ficar pulando de trabalho e se humilhando que nem está fazendo agora - ela suspira - eu não queria te contar nada, mas eu também fui demitida - ela levanta do sofá - já faz mais ou menos três dias, e eu sair por aí procurando emprego que nem uma louca! - ela passa as mãos no rosto - não sei até quando vamos conseguir manter as contas - ela volta a sentar no sofá - eu sei que é difícil, mas é uma oportunidade única! Pode impor algumas condições, como não precisar ficar grudada nele o tempo inteiro, pedir para que ele compre esse apartamento para você e que pague as contas até o fim do casamento.

- Marie...

- eu vou ficar do seu lado e não vou soltar a sua mão, mas essa é a nossa única saída, Annie, infelizmente eu já não sei mais onde procurar emprego - ela fecha os olhos por alguns segundos - faz pouco tempo que eu estava empregada lá, e eu não sei ao certo quanto vou receber pelo meu tempo de trabalho.

- eu vou pensar, Marie, não é uma decisão fácil de se tomar, e eu acho que para que um casamento aconteça, tem que existir amor em ambas as partes - levanto do sofá e levo minha xícara até a cozinha - amanhã eu vou procurar trabalho novamente.

- eu vou junto com você, quem sabe não damos sorte, não é?

Ela segue para o quarto e eu volto para a sala me sentando no sofá.

Não estamos tão mal assim, o dinheiro vai durar um pouco, só é ter controle dos gastos.

***

A madrugada parece ter passado arrastando! Sim, eu não consegui dormir a noite toda pensando na minha conversa com a Marie.

As coisas não são tão simples como ela fala, tem toda uma família envolvida, uma mulher que ainda pode estar apaixonada, um homem que eu não conheço e muito menos sei das suas verdadeiras intenções.

Eu já estou na rua, procurando um novo emprego, Marie resolveu ficar em casa com o Brian, e amanhã será a vez dela de procurar trabalho.

Já faz umas duas horas que estou rodando toda nova York e até agora nada! É frustrante essa procura, é frustrante saber que talvez a minha única saída seja aceitar esse casamento com um completo estranho.

- está pensando na minha proposta?

- que susto! - trago minhas mãos até o peito, sentindo meu coração altamente acelerado pelo susto que acabei de ter, com o homem que sentou ao meu lado, no café onde eu entrei para descansar e pensar um pouco sobre a minha vida.

- está me seguindo por um acaso? - arqueio minhas sobrancelhas, esperando uma resposta do indivíduo sentado ao meu lado.

- minha empresa é logo ali - ele aponta para o prédio ao lado de fora.

- o que você faz da vida, hein? - dou um gole em meu café, que já está quase frio.

Se vou aceitar a proposta, preciso saber da vida dele.

- meu pai é o dono dessa empresa de arquitetura - ele olha para mim - tenho duas irmãs, estudam advocacia em Londres, e sou o único filho homem - ele sorrir sarcasticamente - não queria assumir isso, meu sonho é seguir a minha carreira de juiz, na qual com meu próprio esforço eu consegui, e claro, construi uma empresa que tive que deixar nas mãos de pessoas de confiança, para vir assumir isso aqui.

Ele parece não estar muito feliz com o rumo que a sua vida tomou, mas então por que seguir os sonhos dos outros ao invés dos seus?

- e por que não segue os seus sonhos?

- as coisas não são tão fáceis como pensa - ele relaxa seus ombros na cadeira e cruza os braços - eu trouxe aqui o nosso contrato.

- nosso contrato? - ele já tinha tudo pensado pelo visto, eu achei que tinha sido uma proposta louca de última hora.

- sim, pode ler com calma e assinar - ele tira um envelope de não sei onde e coloca em cima da mesa - é uma proposta irrecusável!

- e se eu aceitar, como vai ser?

- bom, como está escrito no contrato, você terá que morar na minha casa, durante o primeiro ano do casamento, e não pode se envolver com nenhuma outra pessoa - ele arqueia uma das suas sobrancelhas - terá que comparecer às festas, viagens e todo o resto que esteja ligado a nós dois.

- e os quartos?

- obviamente, dormiremos em quartos separados, e você não precisará se preocupar com nada, terá tudo o que quiser e inúmeros empregados a sua disposição.

- e quando o casamento acabar?

- você receberá um bom dinheiro, e também terá uma casa e alguns bens que levará.

- tudo isso apenas para ficar casada com você por um ano? - talvez não seja tão difícil assim aceitar isso, vou encarar como um trabalho.

- sim - ele da de ombros.

- tudo bem, eu aceito - é uma proposta irrecusável! - mas antes de tudo, quero metade do dinheiro, e não faço questão de numa casa ou bens, só quero que compre para mim o apartamento em que moro com o meu filho e minha amiga, e o restante do dinheiro, eu pego no fim do contrato.

- tudo bem, é justo! - ele estende sua mão para mim.

- quando vamos assinar os papéis? - aperto sua mão e solto rapidamente.

- agora mesmo se você quiser, amanhã vamos ao cartório oficializar tudo.

- e a sua família? Não vai estranhar tudo isso?

- não se preocupe com eles, esse assunto eu resolvo depois, o importante agora é o nosso casamento.

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