Capítulo 5

Mais um dia presa nesse país, ao lado de um homem rude e insuportável! Desde ontem a noite ele não disse mais nenhuma palavra, apenas pediu para que a arrumadeira me informasse que iríamos sair hoje de manhã, e cá estou eu, arrumada esperando a boa vontade do meu marido de sair do quarto.

Minha noite no sofá não foi nada agradável, apesar de macia, foi desconfortável dormir aqui.

Marie ainda não deu notícias e isso está me deixando aflita! Eu nunca passei nenhuma noite longe de casa, do meu filho e essa falta de notícia está tirando a minha paz.

- vamos sair para tomar café no restaurante lá embaixo, sorria e finja estar feliz - ele mexe em algo no celular, enquanto fala comigo sem me olhar - vão tirar fotos nossas de longe e quero que pensem que somos um casal perfeito! - ele mal saiu do quarto e já veio dando ordens.

Onde eu estava com a cabeça quando aceitei isso?

Aliás, a essa altura do campeonato já devem saber que estamos casados, por quê eu não vi ninguém da sua família ligar?

- será que podia pedir para alguém que conhecesse ir até a minha casa? - não vou conseguir fingir felicidade sem ter notícias da minha família.

- por que? - ele arqueia as sobrancelhas sem entender o meu pedido.

- desde ontem eu estou tentando falar com a Marie e com meu filho, mas ninguém atende e eu estou ficando preocupada.

- eu mandei levarem eles para a minha casa, sua amiga agora será babá da criança, sei que está sem emprego como você e dois cegos juntos não andam sozinhos no escuro - ele mexe no relógio em seu pulso enquanto eu tento processar a informação.

Como ele ousa se meter na minha vida?

- quem te deu o direito de se meter na minha vida? - jogo a bolsa no sofá - eu não quero que o meu filho se envolva nesse seu mundo ridículo! Não tinha esse direito!

- escuta aqui, Annelise, você agora é minha esposa! E o seu filho irá morar com a gente durante o tempo em que estivermos casados!

- escuta aqui você! Eu aceitei essa merda de casamento apenas por ele! Mas isso não lhe dá o direito de tomar decisões que não lhe dizem respeito! Não quero levá-lo para aquela casa chata e sem vida! Ele gosta do apartamento e foi lá que ele cresceu!

- mas você...

- você disse que eu não estava em uma prisão, que eu poderia entrar e sair quando eu quisesse, e além do mais, está casada com você não te faz o meu dono, então não se meta mais com a vida do meu filho! Quer ter domínio sobre alguém? Compre um cachorrinho de estimação que ele vai fazer tudo que você quiser!

Saio da sala e bato a porta com força!

Pode parecer infantil da minha parte, mas tudo que diz respeito ao meu filho, só tem que ser decidido por mim e ponto final!

Não quero que o Brian se iluda com a " família " que supostamente vamos construir, para depois levá-lo de volta para a nossa vida simples, mas feliz.

Ele sempre sentiu falta de uma figura paterna, apesar de nunca ter tido vivência com uma.

Mas é doloroso para mim ser uma das únicas mães presentes nas festas de dias dos pais na escola, é doloroso para mim ter que contar uma história feliz sobre o seu pai para que ele tenha uma memória boa.

E eu sei que ele vai criar expectativas sobre esse desgraçado e eu não quero isso, no final das contas, vai ser apenas nós dois novamente, e eu sei que ele vai acabar sentindo falta de tudo como qualquer outra criança sentiria e eu não quero que o meu filho sofra.

- esqueceu a sua bolsa no sofá - ele se aproxima de mim com o ar superior, enquanto eu tento esconder as minhas lágrimas.

- eu entendo por que a sua namorada te trocou por outro - olho para ele - é uma péssima pessoa, e eu juro por Deus que se pudesse voltar ao passado, eu jamais teria aceitado casar com você se soubesse que era esse tipo de ser humano! Eu preferia pedir esmola na rua a ter que viver com você - pego a bolsa de suas mãos e ando até o elevador.

Esses dois dias têm sido péssimos! Espero que acabem logo para eu poder ver o meu filho, ver o meu país no qual tanto amo.

(...)

Não consegui tomar café e muito menos sorrir como ele queria.

Minha mente e coração estão em Nova York, imaginando como Brian e Marie devem estar encantados com aquela casa.

Ela me mandou uma breve mensagem de áudio, e uma foto do meu menino tomando café da manhã, me informando que estão bem e confortáveis.

- desculpa ter me metido na sua vida.

Espera, eu acabei de ouvir um pedido de desculpas?

- eu só achei que gostaria de dar um pouco de conforto ao seu filho.

- ele tem conforto, senhor Cullen, apesar de não termos luxo, eu conseguir dá ao meu filho tudo que eu não tive quando criança, e sempre fomos felizes assim - olho para ele - eu só não quero que ele se iluda com você, que até então vai representar para o pai que nunca teve.

- e onde está o pai dele?

- está aqui, bem na sua frente - finalmente dou um gole em meu café - Chris foi meu primeiro namorado na adolescência, vivíamos bem até eu engravidar - lembrar do momento caótico que vive não me trás boas memórias - ele me deixou sozinha, disse que não estava pronto e foi embora sem olhar para trás

- e você não existiu que ele assumisse a criança?

- Ele era de uma família boa, com dinheiro, e obviamente eles jamais deixariam ele assumir o filho de uma adolescente pobre e que ainda por cima tinha acabado de ficar órfão - suspiro pesado - eu encarei tudo sozinha por muitos anos até conhecer a Marie, ela foi uma âncora para mim e ainda é - minha amiga é uma verdadeira irmã para mim, não sei o que faria da minha vida sem ela - mas eu sobrevivi e vou sobreviver a todos os obstáculos que aparecerem no meu caminho.

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