...Boa leitura, espero que gostem 🥰😘...
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Os servos observaram assustados a mulher acariciar o rosto do jovem com o chicote. Ela agarra firme o seu cabelo e puxa sua cabeça para trás.
— Espera. — Allen pede.
Ela ergue as sobrancelhas.
— Não pode interferir, o que faço com meu escravo é apenas da minha conta.
— Mãe... não é que eu queira protegê-lo, mas grande parte das virtudes do povo dos Waverlyanos vem da sua beleza, tirar isso pode diminuir seu preço.
— De que importa? Não quero vendê-lo, eu peguei esse cativo justamente para com que fique com alguém da família real, disseram que manter um deles como refém pode servir como um amuleto da sorte. — Ele diz levando a mão ao queixo.
— Mas e as terras do leste? Eles vem causando problemas, talvez se negociassemos...
— Você sabe bem como é fácil escapar daquele lugar, perdemos tantos cativos valiosos quando os enviamos para lá, fazer isso seria a mesma coisa que lhe entregar a liberdade.
Allen engole em seco. Ele sabia bem que não tinha muitas opções. Mas esse garoto certamente seria uma ferramenta valiosa.
— É... tem razão.
— Por quê está interferindo tanto? Não vou lhe matar, é apenas o rosto, não me diga que gostou da aparência dele. — Ele diz sarcástica — Sua beleza nem é tão exuberante assim.
— Não deixa de ser bonito.
— É mesmo?
Nesse momento a imperatriz se aproximou, pegou uma das agadas na mão do seu servo, e entregou a Allen.
— Isso é para...
— Eu repensei, como você gostou tanto do rosto dele, posso lhe poupar, posso até te devolver se quiser, mas apenas se arrancar a jóia dele de proteção por conta própria.
— Mas isso para eles é como se fosse um coração.
— Então não seria romântico? Pode dizer que tem seu coração na palma das mãos.
Uma linha fina de suor se apoderou da testa do mesmo, as bochechas se avermelharam levemente pela crescente ansiedade que corria por suas veias. Arrancar seu coração agora seria perigoso, principalmente por quê estava pensando em ter sua ajuda, isso faria com que o garoto realmente criasse muito mais do que rancor pessoal.
O coração era como uma bela jóia encrustrada em seu peito. Retirar não lhe mataria, mas seria um sinal de desrespeito. Os Waverlyanos não retiravam em hipótese alguma, e os únicos que tinham a permissão de tocar eram os pais e o cunjugê.
— Preciso mesmo fazer isso? — Ele pergunta a mãe.
A mulher observa o garoto jogado ao chão, os olhos castanhos emanando um brilho cruel.
— Se quiser tê-lo.
Allen pisca alguma vezes e vai em direção ao garoto. Após agarrar com força os seus ombros, ele se mantém na altura do seu rosto, o jovem continuava em silêncio com uma calma absoluta.
Mesmo que não retirasse a faixa era possível ver um sentimento mistérioso de rancor em sua expressão.
Era desconfortável.
Quando se aproxima mais, ele lentamente levanta a camisa do outro, deixando o seu peito a mostra. Havia uma bela jóia em formato de uma rosa branca encrustada ali, bem acima do seu peito esquerdo, era bela e reluzente. Parecia atrair luz e serenidade. Suas pétalas eram abertas e graciosas. Allen nunca tinha visto uma jóia tão bonita.
Ele morde os próprios lábios se sentindo um pouco estranho e por fim enfia a adaga no peito do outro.
Seus cabelos prateados imediatamente caem para baixo quando o jovem tem seu peito perfurado, ele cai para frente, a cabeça apoiada sobre o ombro de Allen. Seu corpo inteiro tremia.
Esse era um ato extremamente cruel, era como fazer a outra pessoa abdicar do seu livre arbítrio.
No entanto, como era de se esperar, a jóia não cedeu facilmente, era difícil retirá-la quando a outra pessoa não tem o mínimo desejo de fazer isso. Enquanto forçava o seu peito, uma lasca da jóia caiu no chão fazendo um som de tilintar. Allen rapidamente abaixou a camisa e pegou o pequeno pedaço e guardou no bolso.
A imperatriz franziu o cenho.
— Você retirou a jóia inteira?
Allen acenou com a cabeça embora tivesse retirado apenas um pedaço pequeno ao invés de tudo.
O garoto agora estava ofegante deitado sobre o chão, seu corpo inteiro parecia queimar como se de repente tivesse sido possuído por algum tipo de febre.
— Me entregue.
Após olhar para a mão estendida da imperatriz. Allen apenas franziu o cenho.
— Eu gostaria de guardar para mim.
— Como?
— Você mesma disse não é? Que eu... posso tê-lo.
A imperatriz ri um pouco.
— Tem certeza disso?
— Qual é o problema?
— Antes você não queria isso, e apesar de estar tão silencioso, os cativos de Waverly são conhecidos por serem ferozes e selvagens, na verdade eles não costumam ser disciplinados por qualquer um. Geralmente mesmo que possua seu coração eles resistem até a última gota de suor, e quando não conseguem escapar, o resultado ainda é desastroso. — A imperatriz diz encostando o pé contra o rosto do jovem — Foi por isso que matei a família dele.
Allen arregalou os olhos.
— A família?
— Eles foram os mais ferozes até agora, todos tão mal educados, embora o irmão tenha sido realmente meigo, foi bom matá-los na sua frente, ele se arrastou como um animal para tentar me matar, mas sua força ainda é limitada em Velard.
— Então esses corpos...
— Ah, acho que me expressei mal, quis dizer que se mataram entre si, um ao outro, fiz um jogo antes... foi divertido.
Allen pisca algumas vezes surpreso.
Apesar ter receio por tudo que o garoto pode causar em seu futuro por conta dos sonhos, não podia negar que sua vida era deprimente.
Então embora não tivesse tempo de ser caridoso, odiava vê-lo dessa forma.
— Eu posso fazer Isso, consigo ficar com ele, só preciso de um pouco de tempo.
— Certo então, ele é seu, aproveite e termine o seu castigo.
— Castigo?
— Você sabe não é? Ao chegar aqui os cativos são recebidos com dez chicotadas, ele recebeu oito até agora.
Allen comprime os lábios em uma linha fina e a imperatriz lhe dá um sorriso sarcástico. Enquanto zombava baixinho.
— Eu dúvido que consiga sequer lhe acertar um tapa. — Ela murmura.
Para ser sincero realmente nunca havia interferido nos esquemas de escravidão do reino. A imperatriz dizia que era algo inevitável por causa das guerras.
— Posso fazer muito mais do que isso.
— Estou esperando.
Ela lhe entrega um chicote esperando para ver qual seria a reação de Allen. O menino dos belos cabelos prateados ainda estava deitado com a respiração acelerada, agora seu corpo parecia coberto de suor, mexer em sua jóia havia afetado mais do que o normal.
Sem muitas opções, Allen pega o chicote da mão da mulher e lhe acerta. Sua mãos tremiam pois era a primeira vez que machucava alguém tão indefeso. Ele bate mais uma vez e a imperatriz dá um sorriso largo.
Ele dá um suspiro de alívio finalmente parando mas a imperatriz ergue a mão.
— Espere, havia esquecido de dizer que aqueles que pertencem a realeza, devem receber dez chicotadas a mais, quero que continue batendo nele, até eu dizer que pare.
— Mas e se ele morrer? — Allen diz tentando esconder a preocupação.
Ela apenas dá um sorriso, indicando que ele continuasse.
Suas mãos então acertaram mais algumas vezes, deixando a mulher um pouco boquiaberta, talvez ela não esperasse que ele fosse realmente capaz. A cada golpe o corpo do menino se encolhia mais, suas costas a essa altura estavam encharcadas de sangue manchando toda a sua roupa branca. Em momento algum o garoto gritou ou pediu por misericórdia. Apenas se estremeceu em silêncio. Após outros dez golpes a imperatriz finalmente ergue a mão.
— O escravo é seu, mas em um mês, se eu não sentir que não houve progresso, então o prisioneiro volta para as minhas mãos, até lá fica sob sua custódia. Nesse período está livre para fazer quaisquer investigações que queira desde que não vá contra as leis imperiais.
Allen tinha a respiração pesada, bater nele, lhe fez lembrar de sua própria versão antiga, fazia seu peito pesar de um modo desconfortável e gelado.
— Ficou claro?
— Sim.
— Quando o período acabar, você deve voltar aqui e repetir esse castigo que acabou de fazer, para lembrar a esse escravo que aqui não é e nem nunca será o reino dele. — A imperatriz diz — Seu único objetivo de vida é nos servir, e sempre será assim.
Ela diz isso completamente séria. O que significava que era uma ordem. Pensar em repetir isso lhe embrulhava o estômago mas Allen assentiu.
Mesmo que odiasse alguém, isso era desumano.
Ela se aproxima do menino que a este ponto estava quase desacordado e agarra firme o seu queixo.
Helian parecia submerso em completa exaustão.
— A partir de agora é ele quem você deve venerar entende pequeno? — A imperatriz diz erguendo um enorme sorriso perolado — É ele quem te alimenta, te dá um canto para dormir e também é aquele que... te castiga, praticamente seu deus, seja fiel se não quiser ter seu peito esmagado.
Não sabia se ele estava chorando, mas se estava então havia segurado bem, pois nem sequer uma lágrima escapou pela faixa.
Assim que a audiência na sala do trono acabou, Allen passou mal e vomitou. Apesar de não ter sido ele quem apanhou sentia todo o seu corpo doer. Finalmente entendia por quê daqueles sonhos. Não eram uma dádiva dos céus. Um suor frio se apossou dele.
Era um castigo.
Um castigo por ter sido cego durante todo esse tempo e simplesmente pensado que a vida nesse império de merda era normal. Por ter pensado que alguma vez na vida iria obter o afeto dos seus pais sem matar ninguém no caminho. Por ter tido inveja do seu irmão e querer ser melhor que ele.
No fim das contas quem estava realmente louco nesse reino, eram as pessoas nele, ou talvez o próprio Allen tivesse a mente fraca demais para lidar com tudo isso? Então decidiu que por mais que esse fosse seu inferno pessoal, ele não queimaria sozinho.
Em seu extremo cansaço Allen nem sequer percebe quando adormece, ele sonha com uma uma cela vazia, com diversas marcações na parede, e pensamentos sobre a própria morte.
No dia seguinte ele acorda com as batidas de Faith na sua porta. Allen abre sabendo qual o assunto a ser tratado.
Assim como imaginou Faith trazia consigo o garoto inconsciente. Uma poça de sangue se formava aos seus pés escorrendo das suas costas.
— Mas o quê é isso? Vocês ainda nem trataram as feridas dele?
— A imperatriz disse que ninguém além de você pode fazer isso. — Faith responde hesitante — Os guardas iriam simplesmente deixá-lo na sala do trono então eu menti sobre você ter ordenado que eu o trouxesse.
Allen dá um suspiro profundo.
— Você fez bem, imagine se esse garoto morre no meu primeiro dia de tutela. — Ele dá um suspiro culpado observando o estado do mesmo — Traga ele para dentro.
Após lhe colocar sobre a cama, Faith volta para a porta.
— Você não vai me ajudar a cuidar dele?
— A imperatriz ordenou que eu voltasse imediatamente depois de o trazer, talvez ela saiba que você pediria ajuda. — Ele faz uma pausa — Quer que eu chame Merliah?
Allen comprime os lábios.
— Você fala sério? No máximo ela vai ficar brava por saber que agora possuo um escravo.
Seu amigo faz uma expressão culpada.
— Eu realmente tenho que ir, mas te trouxe alguns utensílios que eu uso quando acabo ferido em campo de batalha. — Ele coça os cabelos curtos.
— Vão ser úteis.
— Sim... e bem você sabe, não o assuste.
Allen o olha feio.
— Não acha mais fácil ele me assustar?
— Quero dizer que sei que acabou de acordar mas tente ficar pelo menos um pouco apresentável, se eu acordasse e visse o mesmo homem que me bateu cuidando de mim nessa aparência, iria me perguntar se devo sentir pena, ou lhe matar imediatamente.
— Eu adoraria vê-lo tentar. — Ele responde com um sorriso travesso.
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...Essa história até agora está pela metade, mas prefiro postar aos poucos pra não me perder. O que tão achando da dinâmica entre príncipe e prisioneiro???😶🌫️...
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Atualizado até capítulo 47
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