Princípios De Um Vilão
...Livro novo ❤️ Espero que gostem....
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Mesmo na mais escura e sombria das celas, era possível escutar uma risada de alguém que se divertia, embora alguns pensem nisso como uma esperança, na verdade era apenas desesperador. Guardas apenas olhavam assustados para aquele prisioneiro tão estranho. Como uma pessoa podia estar rindo no dia de sua própria execução?
As correntes que lhe prendiam eram extremamente fortes, mas ele não se importava, pois não tinha um lugar que quisesse ir de todos os modos. Nas paredes podiam se notar muitas marcações, de alguém que havia passado mais de vinte anos aprisionado.
— Mas o quê é isso? O que está acontecendo? — O guarda responsável por ele pergunta.
O outro dá um suspiro.
— Eu não sei, isso faz uns dias, não para de contar piadas para si mesmo e ri logo em seguida, talvez tenha finalmente enlouquecido.
— Não posso acreditar, que desagradável, ele não poderia apenas morrer silenciosamente?
— Isso seria o melhor, se continuar assim os outros prisioneiros podem ficar irritados, soube que realizaram uma votação e tanto ele quando o príncipe foram os escolhidos, se isso for verdade, então eles não passam dessa noite.
O outro fica em silêncio por um momento observando a cela que há tantos dias havia estado sem som algum, ou apenas apenas repleta de gritos de dor, mas que agora tinha uma risada extremamente barulhenta.
— Ele não tem compaixão alguma pelo príncipe, é verdade que ambos são corruptos, mas enquanto um deles mantém um bom comportamento, ainda assim será castigado pela loucura do outro.
— Mesmo que nosso reino decidisse perdoar esse tipo de coisa, o povo não reagiria bem, e de qualquer forma, mesmo que se arrependa, ainda há a maldição — Ele faz uma pausa — Mas sendo sincero duvido que qualquer um dos dois esteja realmente arrependido.
— Ambos vão acabar queimando juntos no inferno.
— Talvez seja isso o que ele queira.
No interior da cela onde escutou toda a conversa, Allen apenas pensava que tudo isso era extremamente irônico.
Embora ele estivesse prestes a ser morto, ouviu notícias de que o reino de Waverly havia desfeito o acordo de paz e atacado Velard. Não podia acreditar que o reino em que cresceu seria realmente destruído.
Mas ambos estavam destinados a se destruir de todas as formas.
Sentia a maldição corroer cada parte do seu corpo.
Ele franze o cenho ao ouvir aquela risada cada vez mais alta que vinha da cela vizinha. Não suportava esse lunático.
Naquela mesma noite, quando todos apagaram as luzes, os prisioneiros se juntaram ao redor deles, e ele não conseguiu deixar de notar que a risada do outro se tornava cada vez mais alta.
— Finalmente pessoas com senso de humor, aposto que também acharam minhas piadas engraçadas, é bom saber que todos queimaremos no mesmo inferno. — Ele ouve o homem da cela ao lado dizer.
Allen, no entanto, não achava tanta graça assim, apenas os olhava feio, enquanto pensava no quão estranho aquele prisioneiro era.
Os homens se entreolharam, achando igualmente estranho, pois não estavam com sorriso algum. Apenas aquele prisioneiro enxergava diversos sorrisos se aproximando dele com olhares que lhe devoravam vivo.
Mas nem Allen, nem os guardas viam nada disso.
— A prisão está ficando pequena para todos nós, a alimentação está uma droga, e você é uma monstruosidade, continua nos matando um por um, então acordo é acordo.
Allen franze o cenho.
— O que querem dizer com acordo?
Os homens ficam em silêncio por um momento e logo um deles suspira.
— Vamos, não há por quê esconder isso de um homem morto, fizemos um acordo com a imperatriz, de que quando chegasse o momento não matariamos apenas ele, você iria junto.
Ele arregala os olhos.
— Por quê? — Allen balançou a cabeça negativamente.
Lágrimas brilhavam em seus olhos, e quando todos pensavam que choraria, uma expressão fria se formou no seu rosto. Os olhos violeta carregavam uma dor avassaladora. Ao contrário de seu colega que ansiava por diversão, ele apenas odiava todos alí.
Enquanto era espancado, ele não podia deixar de pensar no rumo que as coisas tomaram.
Quando os homens saíram, o deixando a beira da morte, Allen pôde observar uma pequena flor branca no canto da cela. Era um pouco irritante que uma flor conseguisse nascer em um lugar tão inóspito como esse. Acima de tudo Allen odiava flores.
No entanto usou suas forças restantes para se arrastar até ela. Tão pequena e frágil que queria a esmagar em suas mãos.
Mas assim que se aproximou, o máximo que pode fazer foi esticar sua mão até ela, sem realmente conseguir tocar.
Esse modo de morrer era patético.
— Nunca pensei que a morte seria tão solitária.— Allen sussurra.
— Isso é bem menos do que você merece. — O outro diz ao lado.
— Sua risada... — ele diz suavemente — se eu soubesse que só precisava te espancar para parar de rir, tinha feito antes deles.
O outro faz um som baixo.
— Não é divertido que você morra ao lado daquele que mais odeia?
Allen escuta uma dor silenciosa, como se lágrimas inaudíveis pudessem ser ouvidas. Não sabia se pelo tom da sua voz, mas tinha certeza de que o outro apenas disfarçava essa felicidade em estar a beira da morte.
— Se eu soubesse que seria assim, nunca teria te respondido, preferia nunca ter feito aquela maldita promessa. — Allen diz — Preferia apodrecer sozinho nessa cela.
— É o que você sempre faz, é o que você sempre diz, nunca muda, seu início, seu meio, e fim... devia mudar isso Allen. — Sua voz se tornava cada vez mais rouca e entristecida — Estou tão cansado de você.
— Se serve de consolo, também estou completamente exausto de você.
— Você é tão egoísta.
— Olha só quem fala, a pessoa que causou não apenas a própria morte, mas também a minha.
— Ao menos... se arrepende? Quero dizer, se arrepende de verdade por tudo o que fez?
Allen não sabia o que lhe responder, por quê nunca havia se arrependido tanto na vida quanto nesses últimos anos na prisão. Se pudesse voltaria no tempo.
— Você acreditaria se eu dissesse que sim?
— Não acredito em uma palavra do que você diz. — Helian responde.
O moreno dá um sorriso curto com sua resposta e balança a cabeça negativamente, sabia que o outro nunca acreditaria, não depois de tudo o que fez, mas no fundo tinha um pouco de esperança.
Allen tinha esperança de que ele não tivesse enlouquecido completamente.
— E você? Se arrepende? — Allen pergunta de volta.
— Você sabe que não.
— É... eu sei.
Seu corpo inteiro doía, a ponto de Allen não conseguia dizer mais nada, de todas as mortes possíveis, não pensou que seria espancado por prisioneiros.
Tanto esforço para suprimir a maldição para no fim não servir de nada.
Uma canção preenche o ambiente de repente, Allen não sabia se era sua imaginação, mas não se importava. Nunca tinha escutado um canto tão bonito, não sabia que a voz do outro podia ser tão bela.
De todos os desejos, o único de Allen era mudar o passado, mas era algo impossível.
A voz era suave e o seduzia de um modo, que o fez desejar ouvir para sempre. Seria esse o doce som da morte?
Em seus últimos momentos Allen derramou uma lágrima e pensou que talvez a morte fosse o melhor dos alívios.
A escuridão era libertadora.
Ele balança os braços irritado quando sente uma luz extremamente forte brilhar em seus olhos.
Allen reclama puxando a coberta para cobrir o próprio rosto, definitivamente odiava acordar cedo, a luz da manhã o atrapalhava tanto. Não entendia por quê sua irmã insistia em deixar as cortinas abertas.
O sono estava delicioso, mas Allen dá um salto da cama, ao perceber que havia algo de muito errado, para começar, não deveria estar na cama.
A essa altura, seu corpo devia estar exposto em praça pública, então não fazia ideia do por quê ainda estava vivo.
Rapidamente correu até o espelho e observou o próprio rosto. Ainda era ele mesmo, mas muito mais jovem. Talvez estivesse nos seus dezesseis? Seus cabelos ainda eram longos nessa época assim como estão agora.
— Como isso é possível?
Allen fica um longo tempo refletindo sozinho até aceitar que havia sido um sonho. Parte sua achava que poderia ser alguma vida passada, mas não se lembrava de nada além desses últimos momentos.
Fazia algum tempo que ele vinha tendo sonhos estranhos, mas esse foi extremamente realista.
Ele dá um suspiro cansado e volta a se deitar. Seu corpo inteiro doía.
— Posso entrar? — Merliah indaga.
Seu peito treme ao lembrar ao ouvir a voz da sua irmã. Ele se levanta um pouco relutante.
— Não é necessário, eu prefiro que ninguém entre. — Ele segura a porta para que Merliah não gire a maçaneta.
Um sorriso suave se forma em seu rosto e ele contém o impulso de abrir a porta para lhe abraçar. Precisava se recompor.
— Como está se sentindo?
Merliah havia lhe criado quando ele era mais novo, até que o imperador descobriu sua localização e pediu que fossem buscá-lo para ser criado como príncipe herdeiro.
No entanto ele sempre a veria como sendo parte de sua família. Ela lhe conhecia como a palma da mão e saberia facilmente que ele estava tendo um desses sonhos estranhos de novo.
— Não sei — Ele pigarreia ao sentir sua voz rouca — só cansado, acho que não quero ver ninguém.
O tom dela era preocupado.
— A febre deve ter piorado, pela sua voz você não parece bem, mas não diga esse tipo de coisas, o seu irmão logo virá visitá-lo.
A expressão de Allen mudou de modo instantâneo.
Como podia ter se esquecido?
A grande cerimônia, era a cerimônia que decidiria o futuro imperador do reino. Não podia estar nessas condições se quisesse enfrentar seu irmão.
— Quando ele vem?
— Eu não tenho certeza do momento exato, mas ele disse que viria por volta desse horário então logo deve estar aqui.
Allen dá um suspiro e pensa a respeito.
— Eu preciso realmente vê-lo?
— Bem, ele também não queria vir, mas foram ordens da imperatriz.
Fazia pouco tempo que não via Adric, mas com o sonho pareciam anos, ele não sabia como se sentir a respeito.
— Entendo, está tudo bem, quando ele chegar, diga que estou esperando.
Merliah obviamente julgava silenciosa porém não disse nada, um leve suspiro escapou dela, e após perceber que ele não abriria, se retirou.
Assim que ficou sozinho, Allen correu para o canto do seu quarto para procurar o seu bem mais valioso, assim que abriu a pequena caixa percebeu que sua jóia ainda estava alí. Guardada e intocável, havia tido ela a vida inteira, e nesse ano quando completasse vinte e quatro devia presentear seu maior aliado.
Ele guarda e se afasta rapidamente quando ouve um som vindo da porta.
— Você dormiu por bastante tempo, mamãe está bastante preocupada com a sua condição.
Allen pisca algumas vezes antes de se recuperar da visão de rever Adric novamente.
— Ela está muito ocupada?
— O que? — Adric indaga.
— Sei que ela está ocupada por conta da grande cerimônia, mas pensei que teria tempo para me visitar, afinal eu quase morri.
Adric se mantém em completo silêncio.
— Sua condição está melhor? — Ele diz com um brilho preocupado nos olhos castanhos.
Esse olhar era a única coisa que não havia herdado do seu pai, o único traço que indicava que apesar de possuir o mesmo sangue, Adric não tinha direito ao trono. No fim das contas ele era o único herdeiro legítimo.
— Estou muito melhor agora que o meu irmão veio me visitar — Ele estende os braços para lhe abraçar.
Adric arregala os olhos enquanto o observa em silêncio.
— Qual é o problema?
— Ah, isso...
No entanto Allen sabia bem do que se tratava, ele próprio detestava abraços e sinceramente ainda tinha aversão, mas queria ver sua reação.
— Pensei que odiasse abraços.
Allen permanece com os braços abertos enquanto dava um sorriso suave ao seu irmão, os cabelos negros ameaçando se soltar do rabo de cavalo.
Os servos permaneceram em completo silêncio, era como se eles nem sequer estivessem presentes no quarto. O outro hesita mas envolve seu irmão em um abraço.
— Ah, você está apertando um pouco. — Adric diz com uma voz trêmula.
— A imperatriz... ela tinha aquele assunto no exterior relacionado aos cativos de Waverly, ela voltou de viagem?
Adric franze o cenho.
— Ela planejava ficar mais tempo por lá, mas teve um contratempo e voltou antes, chegou faz alguns dias na verdade.— Ele faz uma pausa, indicando um movimento para o servo — Eu trouxe algo para você.
O servo se aproximou com um pequeno copo de leite fumegante, tinha um cheiro adocicado.
— Isso é...
— Lembra que você amava quando mais novo? Eu costumava te dar quando estava doente, então pensei em repetir a tradição.
— Parece delicioso, mas deve ser difícil conseguir, achei que tinham deixado de produzir.
— E deixaram, mas achei que fosse um desperdício que a bebida favorita do meu irmão desapareça, então cuidei disso.
Um sentimento queimava dentro de si, era intenso e quente, a ansiedade lhe queimava, finalmente Allen entendeu o por quê desses sonhos continuarem voltando.
— É bom te ver de novo Adric, senti sua falta.
— O que você está dizendo? Fala como se fizesse muito tempo que não nos vemos. — Adric diz — Aliás, você costumava ser mais retraído, por quê está tão carinhoso?
— Me pergunto o mesmo, apesar de ter tanto o que dizer, não sei como ou quando começar a fazer isso. — Ele diz acariciando seus ombros.
O outro se encolheu um pouco com seu toque mas disfarçou rapidamente pelo olhar daqueles a sua volta.
Com os braços fortemente agarrados às suas costas, Allen deita o rosto no seu ombro, com os cabelos negros lhe cobrindo o rosto.
Pois somente com a face escondida os outros não poderiam ver o brilho cruel e maligno que se apossou daqueles olhos violetas. Ele sorri silencioso enquanto sussurra:
— Ao invés disso, percebi como venho sendo egoísta, você se esforça tanto em me preparar essa bebida, que me sinto culpado em tomar sozinho, por quê não bebe um pouco?
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Por enquanto conta apenas com alguns capítulos escritos, já tenho a história na cabeça, vou ir escrevendo conforme ter tempo sobrando da faculdade.
Minha primeira história de época e fantasia então espero que gostem🥰
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Atualizado até capítulo 47
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