...Boa leitura 🥰...
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A expressão do seu irmão era calma e preocupada, apesar dos diversos olhares sobre eles, Adric logo se afasta com um sorriso hesitante.
— Não há necessidade, pode não parecer mas essa bebida está repleta de ervas medicinais, que lhe farão muito bem.
Allen observa a bebida por um momento e volta a olhar para o seu irmão. Logo derrama o líquido deliberadamente sobre a cama.
— Ah... veja só, minhas mãos fraquejaram por um momento, peço mil perdões.
O olhar do outro não vacila, mas ele fica em silêncio por um momento.
— Talvez seja melhor que descanse um pouco, estou realmente preocupado com a sua saúde, antes de cair da escada sua discussão com a nossa mãe foi pesada, as pessoas não deixam de falar sobre como a relação de vocês é conturbada.
Allen não sabia bem como reagir.
Passou toda sua vida desejando ter a atenção dessa mulher, e tudo para que? mas nunca sequer esteve em seu radar, afinal nunca seria o filho favorito.
— Conturbada não é bem a palavra, estamos apenas nos bicando, mas sempre fomos assim então qual a preocupação?
— Então não se importa com os rumores?
— Eu deveria?
— Não... certamente não.
Tinha muitas coisas a fazer agora que voltou, e Adric com certeza não era sua prioridade. Então solta um suspiro.
— Foi apenas uma discussão boba, sou o príncipe herdeiro, por quê devo pensar no que os outros dizem sobre mim? — Allen pergunta, apesar de obviamente ser obcecado pela opinião alheia — Então se criticarem meu cabelo, devo cortá-lo fora?
Adric não estava acostumado com esse tom.
— É claro que não, seu cabelo só diz respeito a você.
— É mesmo?
Ele pega em suas mãos uma das longas mechas escuras de Adric e acaricia suavemente.
— Seria necessário alguém muito experiente com lâminas se quisesse aparar essas pontas.
Seu irmão o observa em completo silêncio, seu olhar impossível de decifrar, os lábios franzidos.
— Isso... foi uma brincadeira?
De repente Allen percebe seu próprio tom e lhe concede um sorriso.
— Não leve tão a sério, apenas percebi que seu rosto parece tenso, então quis brincar um pouco. — Ele diz calmo — É bom saber que você estava preocupado a tal nível comigo, mas precisa cuidar de si mesmo, também me preocupo Adric, suas olheiras chegam a estar escuras.
Os servos deram um suspiro de alívio.
Adric ergue as sobrancelhas, mas finalmente lhe retribui o sorriso, embora o seu fosse bem mais contido, ele ainda tinha o semblante gentil.
— É evidente que sim, então pela minha preocupação espero que entenda que não posso te deixar sair dessa cama até completar o tratamento e ter certeza que está totalmente curado.
O sorriso de Allen diminuiu um pouco.
— Mas não posso ficar aqui enquanto a pessoa que tentou me matar anda livre por esse castelo irmão, temo que você seja o próximo de sua lista. — Allen diz agarrando as mãos de Adric.
— Pessoa que tentou te matar? — Adric indaga.
— Exatamente, ou vocês ainda não investigaram nada sobre isso? Se não fosse pelo envenenamento eu não teria caído daquela altura.
— Isso... talvez você esteja apenas confuso irmão, afinal, acabou de acordar, nós investigamos, não houve tentativa de assassinato.
— Adric, eu falo sério, isso não é algo trivial. — Ele suspira — Finalmente posso entender que não se pode brincar com a vida, muito menos com a morte, preciso me certificar que essa pessoa aprenda uma lição.
Todos alí na sala ficaram em repleto silêncio.
— Você estava desorientado nesse dia pela confusão então pode ter se confundido. Eu só não quero que o nosso pai se perturbe por um assunto como esse, você... pode acabar se ferindo de novo.
Allen ergue a mão e acaricia o rosto pálido de Adric, sua bochecha extremamente macia lhe dava uma aparência fofa.
Seu olhar se tornou instantaneamente frio, ele observou em silêncio Adric, os olhos violeta de Allen carregavam um toque avermelhado e sombrio. Era como se ele tivesse sugado toda a luz, e apenas a escuridão restara.
Podia se lembrar evidentemente da expressão de seu irmão em um dos seus sonhos.
Esse rosto tão inocente.
"Adric, eu tentei explicar, mas nosso pai não quer ouvir, foi tudo uma armação, eu nunca trairia vocês, nosso reino é o que tenho de mais valioso, nunca colocaria nosso povo em perigo, você acredita em mim não é?"
Na cena seus braços doíam pelas correntes e tudo o que podia fazer era estar prostrado de joelhos agarrando as grades enquanto obervava seu irmão com um olhar suplicante.
Ele lhe deu um suspiro profundo e se abaixou a sua altura. Seu rosto estava inexpressivo.
"Eles te prenderam muito forte, deve estar doendo."
Sua mão adentrou na cela indo até a sua bochecha e lhe dando uma carícia suave.
"Você poderia por favor falar com o nosso pai?"
"Só estava me certificando de que realmente é você, sua pele, sua carne e seus ossos, todos no mesmo lugar."
Allen não entendeu bem o seu tom. Seu irmão sempre falava com um tom dócil, mas agora soava tão estranho.
"Como é possível que seu cabelo continue tão brilhante e bonito mesmo preso nesse lugar nojento?" Ele dá um estalo com a língua "Isso não está certo"
Todo seu corpo doía e as palavras de Adric soavam confusas.
"Meu cabelo está bonito?"
"Não apenas seu cabelo, você inteiro, isso é um pouco irritante, mesmo com todo aquele veneno." Ele suspira "Eu vou cuidar disso."
Então em apenas um movimento seu irmão agarrou seu cabelo e cortou fora o enorme rabo de cavalo com uma adaga.
Em Velard um cabelo longo e brilhante era sinal de longevidade, além de mostrar um pouco do prestígio que essa pessoa tinha na realeza.
Cortar seu cabelo era como dizer que ele não tinha qualquer laço com a realeza.
Logo em seguida um enorme corte se formou em seu rosto, lhe desfigurando, ele solta um gemido de dor, quando sente as gotas de sangue escorrerem, a sensação úmida e dolorosa.
"Por quê você?..."
No entanto ao invés de responder seu irmão apenas o observa inexpressivo antes de murmurar sozinho "Assim combina mais com você."
Agora que acordou Allen podia ver melhor o que não enxergava antes.
Todos os servos agora observavam Allen em silêncio, a pele morena contrastavam nas cores violetas e vermelhas do quarto, sua beleza era inegável, mas o que lhes mantinham tão concentrados era o olhar que ele proporcionava ao príncipe Adric.
— Alguém tentou me matar, e isso é um fato Irmão, se você discorda então vou ir por conta própria conversar com o imperador. — Ele diz sério.
Isso faz com que Adric lhe lance um olhar curioso e aqueles no quarto soltassem exclamações baixas.
— Você sabe bem o que acontece quando vai a sala do trono, nunca acaba bem.
Seus olhos normalmente gentis, agora davam ao castanho escuro um brilho preocupado. Eles se encararam por um tempo até Allen soltar um suspiro suave.
— Não me importo de ser castigado novamente, preciso conseguir uma audiência, sei que não é uma boa ideia mas preciso de respostas.
Adric empalideceu um pouco.
— Você pode se machucar, estou apenas dando um conselho, não faça isso.
— Eu agradeço a preocupação mas me decidi. — Após um tempo em silêncio ele decide mudar de assunto — E como anda o seu relacionamento?
Adric arregala os olhos. Era claro que ele não esperava que Allen tocasse nesse assunto.
Antes de ser envenenado e ter caído da escada, Allen se lembrava bem que havia surgido um rumor feroz, pois um dos servos havia flagrado, Lana, a noiva do seu irmão aos beijos com uma mulher. Não houve justificativas após isso, pois a própria Lana se negou a dizer se era verdade ou não.
Então Adric ficou conhecido como o homem que não consegue nem ao menos manter uma mulher.
— Nós terminamos...
Allen o olha em silêncio.
— Você está bem?
O outro fica em completo silêncio apenas o observando com a expressão calma, talvez se perguntava se Allen havia finalmente enlouquecido.
— Alguns relacionamentos não são para acontecer, desde o início, eu não devia ter insistindo em algo que não tinha a mínima chance de avançar.
— Se ela pedisse perdão, você a perdoaria? — Ele indaga calmamente.
— As vezes acho que meu irmão unicamente abre a boca para me provocar.
— Longe de mim, assim como você disse estou doente, como um doente pode fazer isso? Aliás, posso lhe recomendar alguns cremes para deixar seu cabelo mais brilhante, tenho certeza que Lana vai voltar imediatamente implorando para voltar depois de ver seu novo estilo.
— Você... não parece tão doente assim.
— Ah, é mesmo? — Ele indaga com um sorriso malicioso.
Adric dá um forte suspiro.
— Acho melhor eu voltar aos meus afazeres, estou muito ocupado hoje.
— Ora, mas não iria passar o dia inteiro comigo?
— Acabei de lembrar que tenho um assunto urgente que exige minha atenção — Ele gagueja um pouco — quer dizer, é algo de suma importância mas que eu havia esquecido.
Ele sabia que Adric havia estado ali todo esse tempo, pois esse era o último dia que Allen poderia pedir uma audiência particular na sala do trono. Havia uma data limite por conta da cerimônia sagrada.
— Pode aproveitar então e dizer ao imperador por mim que preciso de uma audiência ainda hoje — Ele faz uma pausa se lembrando de algo —, pode ser com a imperatriz também, eu não me importo.
Seu irmão arregala os olhos percebendo o erro que havia cometido, sua pele pálida se torna ainda mais branca.
— Você... não devia... bem, se é o que quer, que assim seja.
Ele morde os próprios lábios.
— Eu sabia que podia contar com você. — Allen diz.
— Certo.
— Não esqueça de dizer ao nossos pais o quanto estou recuperado e ótimo para ir a cerimônia.
— Mais alguma coisa?
— Seu cabelo parece mais curto do que dá última vez, me pergunto se tem caído muito, tem passado por algum estresse ou...
Essa parece ter sido a gota d'água pois ele imediatamente se vira revirando os olhos para ir embora sem responder nada.
Allen ri silencioso tentando conter a gargalhada, era ótimo lhe provocar, mas apenas pensar em ver a imperatriz o fazia querer voltar ao caixão.
Sua mãe provavelmente não esperava que ele fosse se recuperar tão rápido, estava nervoso para ver como a imperatriz reagiria ao lhe ver.
Sempre quis ter seu reconhecimento.
Mas no fim das contas ela por conta própria iria garantir a sua morte.
O que Adric tinha, que Allen não?
Em toda sua vida, nunca chegou um dia em que ela não favorecesse Adric.
Se tivesse que ser sincero, amava Velard, amava o seu reino de todo coração, e nunca deixou de lhe ser leal.
No entanto seu próprio povo, um dia lhe acusaria de traição sem sequer ouvir sua explicação, sabia que havia alguém do reino de Waverly que iria pessoalmente, plantar sementes de discórdia, lhe atraindo tanto ódio a ponto de destruir sua reputação.
Waverly, aquele maldito reino teria seu eterno rancor. Acima de tudo sabia que nunca devia ter compaixão alguma por eles.
Ou por ele.
Não conseguia deixar de pensar na voz daquela canção, certamente era alguém de Velard mas não se lembrava do seu rosto.
Apesar disso, faria as coisas diferentes, sua mãe entenderia que não podia lhe substimar e seu irmão provaria do próprio veneno.
Sozinho em seu quarto Allen dá uma expressão solene.
— Senti falta de todos vocês.
Ele pensa entretanto que se fosse para morrer, de todas as formas, então iria garantir que não houvessem arrependimentos.
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Allen 😍 meu mais novo amor/estresse, sinto pena na mesma quantidade que odeio/amo, pretendo terminar até agosto, mas vamos ver o que a vida nos reserva kkkk afinal eles que mandam em mim e não o contrário.
Ele tem personalidade ruim mas é gostoso, não tenho culpa se gosto dos badboys.
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Atualizado até capítulo 47
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