Capítulo Doze

Eduardo

Não tem sido fácil me manter firme na minha decisão de mudar. Mas eu vou continuar, nem que seja me arrastando. E vou começar pelo meu trabalho.

Cheguei e já fui cuidar do Meu serviço. O médico muito do folgado, chegou quase na hora de sair já pro almoço de novo, e ele assistiu com o tanto de paciente que tinha e ainda teve a pachorra de vim reclamar comigo. E eu disse apenas que o médico era ele e não eu. A bruxa da Cíntia também teve o dela, eu atendi apenas as grávidas, idosos e crianças que é a minha função, e deixei todos os adultos chatos e mal humorados pra ela atender, talvez isso ajude ele a ser mais educada e simpática, ou alguém acabe arrebentando a cara dele de uma vez pra ele parar de ser tão pé no saco.

Agora que mostrei pra esse povo aqui do trabalho que eu não tenho vocação pra escrava Isaura, já me sinto até melhor.

Ainda sinto saudades daquela praga, sinto falta dele como se ele já fizesse parte de mim, mas eu vou esquecer ele, eu sei que vou. Eu já consegui ficar sem tomar coca cola por um ano, esquecer ele não pode ser tão difícil.

Eu me consultei com um nutricionista, quero melhorar a minha alimentação, porque eu ando comendo muita besteira, se eu perder uns quilinhos no precesso vai ser lucro, também marquei consulta com uma psicóloga pra tratar a bulimia e a compulsão, eu não quero ter mais nada me dominando desse jeito, nunca mais.

Quando você pensa mal de si mesmo, por tanto tempo, é difícil acreditar que você tenha valor, quando você mesmo se põe pra baixo a vida toda, fica difícil se olhar no espelho e enxergar alguem que valha a pena. Mas eu vou refazer o caminho de volta, vou comemorar cada pequena conquista, e vou ser o meu maior fã.

No meio dessa história toda, apenas uma coisa boa aconteceu, meu irmão Gustavo me procurou, ele disse que sente muito e quer conversar comigo, senti sinceridade na voz dele, ele disse que estava jogando em um time aqui no Rio, e queria me ver, marquei de encontrar com ele aqui mesmo no morro.

- Oi Gustavo.

- Oi Dudu.

- Credo Gustavo, ninguém me chama mais assim.

- Ué, eu chamo. Como você tá maninho.

- Pela primeiro vez em muito tempo eu tô bem. E você como que tá?

- Bom, bonito, gostoso e cheiroso.

- E mentiroso né Gu, larga de se achar um pouco. Agora me diz, como que tá o pai?

- Tá do mesmo jeito Irmão, do mesmo jeito.

- Entendi. Desculpa ser grosso, mas o que você quer?

- Quero ter meu irmão de volta, eu sei que a gente nunca foi próximo, que eu nunca tentei te entender e nem te proteger do pai, mas hoje eu entendo que eu tava errado, e eu quero concertar as coisas.

- O que fez você abrir os olhos pra isso?

- Meu melhor amigo Sávio, ele é o cara mais ponta firme que eu conheço, gente boa pra Caraí, me ajudou quando eu precise,i e sempre foi um bom amigo.

- Você gosta dele?

- Não cara, lógico que não. Mas ele se assumiu esse ano, e foi uma merda, a galera do time começou a perseguir ele, zoar com ele e sacanear o cara no vestiário, eu defendo ele o tanto que eu pude, mas eu vi o quanto o cara sofreu, ao eu me lembrei de você e das coisas que você passou lá em casa comigo e com o pai. Irmão, eu sinto muito velho, sinto muito mesmo, e agora eu quero arrumar isso.

- Nossa Gustavo, isso foi muito bacana, que bom que seu amigo tem você.

- Agora você também tem, a gente vai começar do zero. Amanhã vai ter pagode num barzinho perto do CT, eu quero que você vem comigo.

- Tá bom, se você quer tanto assim a minha companhia eu vou, vai ser bom ter você de novo na minha vida Gu, obrigada.

- E eu também vou achar um cunhado bem bonitão pra mim.

- Oii?

- Haha, bora lá me leva até a entrada do morro, tenho que vaza de eu chega muito tarde vai dá ruim pro meu lado.

Levei meu irmão até a entrada do morro, e depois voltei pra casa, no dia seguinte ele veio me buscar, ficou me esperando na entrada do morro e eu encontrei ele lá e seguimos pro bendito pagode.

Quando eu cheguei todo mundo me tratou muito bem, principalmente o amigo do Gu, o Sávio, a gente se deu nem logo de cara.

- Ah, como assim você não gosta de esportes Eduardo, sério cara?

- Não gostei de nenhum que tentei..

- Já tentou ciclismo? Cara fora futebol pedalar é o que eu mais gosto de fazer.

- Olha isso eu nunca tentei, nem bike eu tenho.

- Pois então tá decido, amanhã cedo a gente vai pedalar, você usa a bike do Gustavo já que ele só usa pra pendurar roupa mesmo.

- Olha eu vou tentar porque tô na vibe de tentar coisas novas, mas não se anima muito tá, meu histórico com esportes não é dos melhores.

No dia seguinte a gente foi pedalar, e quer saber ? Eu gostei muito, e como a terapia a gente pensa reflete na vida, e ainda vê paisagens muito lindas pelo caminho.

A companhia do Sávio também ajudou muito, ele me faz rir muito com as piadas sem graça que ele faz, ele é um cara bacana.

A gente marcou de pedalar pelo menos três vezes por semana, ele me deu um macacão de ciclismo de presente, e eu agora tô viciado em comprar acessórios pra bike na shopee.

Eu estou simplesmente viciado em pedalar, as vezes eu vou sozinho sabe, pleas dias perto aqui do morro, eu gosto de oeladae sozinho pra poder pensar na minha vida e em como eu posso melhorar a cada dia, nem que seja 1% mas eu quero ser melhor hoje do que fui ontem, e serei amanhã.

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